10 Frases de quem não entende NADA de gravidez

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A gravidez é uma realidade e agora você está ouvindo vários conselhos do tipo “grávida pode ou não fazer” – inclusive de quem nem tem filhos! Em meio a tanto falatório, as vezes fica uma pulga atrás da orelha que te faz questionar: Afinal, por que grávida não pode comer sushi?

Alguns conselhos são verdadeiros, outros são verdades distorcidas e tem um monte deles sem fundamentos mesmo.

Hoje vou te falar sobre aqueles comentários que não ajudam em nada! Em uma leitura rápida você verá 10 frases de quem não entende NADA de gravidez e porquê não acreditar nelas.

Além de ter informações de qualidade, você trocará comentários toscos por conteúdos lindinhos e cheios de qualidade. Vamos nessa!

10 Frases de quem não entende NADA de gravidez

1. Grávida não pode agachar / fazer exercícios

Na verdade, praticar exercícios físicos na gravidez é uma das orientações da Organização Mundial de Saúde para uma experiência positiva na gravidez. O que você precisa é: autorização do profissional do pré-natal, uma boa avaliação física com educador físico e um treino especial para você. De cara pense que não se pode fazer um esforço grande, então se você já praticava musculação, por exemplo, não é pra intensificar o treino, mas pode mantê-lo adaptado aos cuidados com a gestação. Se você vai iniciar algo, comece de leve. E não esquece: existem posições e exercícios desaconselhados para gestantes, em especial os que te deixam de barriga para cima.

2. Grávida não pode pintar o cabelo / clarear pelos / fazer progressiva

Ok, quem disse essa não está tão por fora assim da gravidez. O ponto é: A pele absorve os produtos que você usa no corpo, envia pra o sangue e tudo que está no sangue pode passar para o bebê. Isso é verdade. Muitos produtos para esses procedimentos tem substâncias prejudiciais ao desenvolvimento do bebê, em especial no início da gestação. Verdade também. Mas não são todos!

A recomendação do Ministério da Saúde é que sejam evitados produtos com substâncias que fazem mal ao bebê, ou seja, pesquise antes de comprar e de usar. Em especial, fuja de produtos com formol, amônia e metais pesados.

Lembra: não usar nada até o final do terceiro mês de gravidez e, depois desse tempo, use produtos permitidos para grávidas, sem substãncias teratogênicas. Ainda assim, evite o contato do produto com o couro cabeludo e peça sempre pra alguém preparar e aplicar em você.

3. Grávida não pode dirigir

Essa não faz nem sentido. Próximo tópico.

Brincadeira. Não existem estudos que comprovem que uma pessoa grávida não é capacitada ou está em risco ao dirigir em alguma fase gestacional, tampouco existe lei que proíba uma grávida de dirigir. O que é colocado é que, se você estiver passando por alguma situação de saúde que prejudique essa capacidade (tontura e queda de pressão, por exemplo, algo falado pra todas as pessoas), não dirija. Ainda, há obstetras que sugerem que não se dirija no último mês gestacional devido a possibilidade de entrar em trabalho de parto ao volante (imagina uma contração enquanto você está com o carro em movimento?). Mas isso fica a seu critério pessoal, de verdade.

4. Grávida não pode ter gatos de estimação

Tudo isso pelo medo da toxoplasmose, “a doença do gato”! Essa doença poderia ser chamada de “a doença da salada mal lavada” também, porque é uma forma bem provável de contraí-la. Aliás, salada mal lavada, carne crua…

gravidez-felinos-pode
por Pixnio

A toxoplasmose é transmitida, entre outras formas, pelas fezes de gatos contaminados.

Então, vamos as dicas para você se sentir mais segura: deixe outra pessoa responsável pela limpeza da caixa de areia do seu bichano ou sempre que tiver contato lave bem as mãos – como todas as pessoas devem fazer – e evite praticar a jardinagem, visto que outros gatos podem passar por aí e deixar sua marca.

No mais, higiene redobrada com bichinhos e alimentos em geral.

5. Grávida tem que comer por dois!

Grávida tem que comer bem! E isso não significa que é preciso comer muito. Ter uma alimentação equilibrada é o melhor! Também não é o caso de ter uma alimentação restritiva – a menos que seja uma questão de saúde.

6. Grávida não pode comer sushi / comida japonesa

Imagina como sofrem as grávidas japonesas sem comer sushi, né? Não, elas não sofrem! Elas comem sushi normalmente! Muito se fala sobre grávida não poder comer sushi devido ao risco de infecção e contaminação e pelos altos índices de mercúrio presentes no atum e salmão, por exemplo.

Como eu disse, no Japão as grávidas continuam a comer sushi e seguindo a vida, todas bem ( e vale dizer, com as crianças mais inteligentes do mundo). Mas existem alguns cuidados para serem tomados: frequentar lugares fiscalizado pela vigilância sanitária, que tenham uma cozinha limpa e critérios de higiene seguidos, de preferência que o peixe usado tenha sido congelado previamente  e que não tenha histórico de infecção alimentar por clientes.

O risco de infecção por comer peixe cru existe também ao comer alimentos crus em geral: carnes, legumes e verduras. É preciso cuidar da higiene mesmo.

Se você não está segura em comer peixe cru, você pode pedir cozido, frito, maçaricado, até substituir peixe por kani, são tantas opções!

7. Azia?! Bebê cabeludo à vista!

A azia na gravidez é influenciada por uma série de fatores comuns nesse período da vida: hormônios que pesam no processo digestivo e até a própria diminuição do espaço do estômago, favorecendo o refluxo do suco gástrico para o esôfago ( provocando aquela sensação deliciosa de queimação).

Olha o aperto aí dentro

A azia está muito mais associada a diminuição de espaço para o estômago (lembra que todos os órgãos que estavam arrumadinhos no teu corpo estarão apertados durante a gestação, abrindo espaço para o útero crescer com o bebê, placenta e a bolsa d’água?) e a uma alimentação não favorável do que a aspectos capilares do bebê, até porque não há evidências de que essa queimação tem ligação com bebês cabeludos.

 

8. Grávida de alto risco não pode ter parto normal

Existem 6 indicações absolutas para cesárea, ou seja, 6 motivos que se alguém disser “é isso” a resposta será “cesárea, agora”. São elas: Prolapso de cordão sem dilatação total, descolamento de placenta fora do período expulsivo, placenta prévia, bebê atravessado na barriga no trabalho de parto, ruptura de vasa praevia, herpes genital ativa no trabalho de parto. Gravidez de alto risco está aqui? Não! O que significa que só o fato de estar na classificação de alto risco não te impede de viver um parto normal.

Se você deseja exemplos práticos, vamos lá: pressão alta não é indicativo de cesárea. Diabetes gestacional também não. Gravidez gemelar (independente de um bebê estar sentado) igualmente não. Ter uma cesárea anterior, não. Em todos esses exemplos que eu disse agora, não há indicação de ir para uma cirurgia – muito menos agendá-la. Existem indicações de encerrar a gravidez antes das 42 semanas, mas através da indução do parto normal.

9. Grávida não pode amamentar

Grávida pode sim amamentar! Tem até nome pra isso: amamentação tandem. Dizem que a amamentação estimula a contração do útero (verdade), porém não é o suficiente para provocar um aborto.

Não te convenceu? Vou te explicar melhor: a amamentação estimula a produção de ocitocina (o hormônio do amor), e esse hormônio está associado, entre outras coisas, a contração uterina. Isso é verdade. Porém, a ocitocina é estimulada pelo simples fato de se sentir amada: sexo, momentos muito felizes e outras situações na vida. Durante a gravidez, o corpo está protegido e reforçado com outros hormônios que deixam o útero blindado e seguro para o bebê. Ninguém proíbe pessoas grávidas de serem felizes, né? Ou você já ouviu falar de aborto causado por extremo amor? É isso: amamentação não provoca aborto ou faz mal ao bebê no útero. A única restrição é se houver situação de risco de aborto – e ainda assim a suspensão da amamentação é preventiva.

10. Barriga redonda e barriga pontuda: menino ou menina?

Imagina a confusão na gestação de um casal de gêmeos: um lado pontudo e um lado redondo. Que confusão para os bebês!

Essa talvez seja até fácil de dizer que não tem estudos comprovando qualquer relação entre formato da barriga com a definição do sexo do bebê. Não consigo nem trazer unzinho aqui para embasar! Mas vamos lá: O formato da barriga varia de acordo com o corpo da mulher, com a disposição da bolsa d’água e com a posição do bebê. Tanto ela pode ser pontuda em uma fase da gestação e em seguida, redonda, como manter o mesmo formato do início ao fim. Não há regras!

 

Essas foram as 10 frases de quem não entende NADA de gravidez que eu trouxe para você. Alguma pulga atrás da orelha ainda?

Referência Bibliográfica:

Amamentação em Tandem: amamentando filhos de idades diferentes ao mesmo tempo, de Malu Moraes. (leia aqui)

Caderneta da Gestante, de Ministério da Saúde. (leia aqui)

Indicações reais e fictícias de cesariana, de Melânia Amorim. (leia aqui) * Observação: nesse link há três publicações de estudos científicos explicando detalhadamente indicações falsas de cesárea.

Gestação de Alto Risco, de Ministério da Saúde. (leia aqui)

Intervenções para a azia na gravidez, de Phupong V, Hanprasertpong T. (leia aqui)

Recomendações da OMS para sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez, de Organização Mundial da Saúde. (leia aqui)

Toxoplasmose: sintomas, tratamento e como previnir, do Ministério da Saúde. (leia aqui)

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