Doula é aquela que serve mulheres em todo o processo gravídico-puerperal. São mulheres treinadas para oferecer cuidados contínuos e individuais, bem como informações, apoio físico e emocional para outras mulheres e suas famílias.
Se antigamente o parto e nascimento ocorria no ambiente domiciliar e era marcado pela presença experiente de parteiras e mulheres da família, atualmente esse processo acontece no ambiente hospitalar e é rodeado por especialistas, tendo o médico como figura central. O cuidado deu lugar para a cura e o bem estar emocional da mulher acabou ficando perdido nesse ambiente impessoal dos hospitais.
Neste cenário, a doula tem o papel fundamental de acolher a demanda de emoção e afeto das mulheres e apoiá-las nesse processo de intensa importância e vulnerabilidade, tendo a crença irrestrita nas suas capacidades.
Nesse post você vai encontrar
Minha história se cruza com a de outras mulheres
Foi com O Renascimento do Parto que eu descobri o Movimento de Humanização do Parto e Nascimento no Brasil. Até aquele momento, em 2013, eu acreditava no nosso sistema obstétrico:
- acreditava que bastava querer um parto normal para ele acontecer;
- acreditava que o médico era o melhor profissional para acompanhar a gestação e o parto;
- acreditava que o hospital era o único local seguro para parir.
Daí que percebi que meus conhecimentos, minhas experiências e expectativas em relação ao processo de gestar, parir e nutrir estavam muito distantes da nossa realidade obstétrica brasileira, que é marcada por muita violência obstétrica, epidemia de cesariana e prematuridade iatrogênica.
Mas o documentário me apontou uma outra possibilidade. Mais amorosa, cuidadosa e principalmente mais respeitosa de vivenciar todo esse ciclo. Fiquei profundamente tocada! Se eu queria fugir da experiência fria e cruel que muitos hospitais nos oferecem, queria buscar esse outro caminho para uma experiência mais rica e positiva pra mim e minha família, também queria que essa possibilidade estivesse disponível para todas as mulheres e queria fazer a diferença na vida delas.
Depois disso eu mergulhei no universo da humanização, me tornei ativista pelos direitos das mulheres e crianças e me formei doula. (Leia um pouco mais sobre mim nesta apresentação aqui na Casa!)
A importância da doula
Durante todo esse processo de descobertas, a doula foi a figura central da minha atenção. Uma presença feminina afetuosa no cenário obstétrico, capaz de acolher, apoiar e fortalecer outra mulher em um momento tão significativo da vida.
As evidências científicas apontam que a atuação de uma doula pode trazer diversos benefícios importantes para as mulheres, seus bebês e suas famílias. Os resultados positivos estão associados especialmente com as alterações na percepção do parto, entendendo-o como um evento social, saudável e restituindo esta dimensão que envolve o seu processo. Um importante papel para proporcionar o bem estar da mulher e sua maior satisfação com a experiência do ciclo gestação, parto e puerpério.
O trabalho da doula vem sendo sistematicamente endossado pela literatura científica e recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde (MS) e pelas equipes humanizadas de assistência ao parto e nascimento.
No entanto, para que a doula possa assumir o seu papel, é fundamental que ela seja de livre escolha da mulher, não da equipe de assistência. Só assim ela realmente terá autonomia para servir aos desejos e às necessidades da mulher.
Quem sou eu nessa história?
Atuo em Belo Horizonte/MG e região desde 2013. Primeiro como ativista pelo parto humanizado (tudo “culpa” de O Renascimento do Parto!), quando também comecei a frequentar os encontros do Ishtar (mesmo sem estar grávida. Como isso foi importante pra mim!). E depois como doula, quando me formei na primeira turma do Mulheres Empoderadas – Revelando Doulas (2014).
- Entre 2014 e 2015 vivenciei a experiência de gestar, parir, nutrir e (re)construir minha identidade enquanto mulher, mãe e profissional;
- Em 2015 comecei a coordenar o Ishtar, auxiliando nos encontros de preparação para a gestação e o parto e na elaboração de novos projetos;
- Tive uma experiência fantástica na equipe da exposição Sentidos do Nascer em 2016;
- Neste mesmo ano inauguramos o encontro pós-parto do Ishtar, do qual sou coordenadora;
- Daí por diante fiz alguns cursos sobre parto, amamentação, puerpério e violência contra a mulher;
- E também organizei e ministrei outros cursos;
- Desde 2018 faço parte do time de coautoras da Casa.
Ofereço atendimentos antes e após o parto, acompanhamento durante o trabalho de parto/parto e suporte à amamentação.
*Quer conhecer mais sobre mim e fazer parte de um grupo VIP de discussão? Inscreva-se aqui!
Refererências:
- Estudando sobre doulas – http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/estudando-sobre-doulas.html
- Evidências sobre o suporte durante o trabalho de parto/parto: uma revisão da literatura – http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2005000500003
- Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto – http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001000026&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
- Apoio contínuo para mulheres durante o parto – https://www.cochrane.org/pt/CD003766/apoio-continuo-para-mulheres-durante-o-parto
- Humanização do parto e do nascimento – http://www.redehumanizasus.net/sites/default/files/caderno_humanizasus_v4_humanizacao_parto.pdf
- Nascer no Brasil: Ministério da Saúde e Fiocruz divulgam resultados de pesquisa sobre atenção ao parto e nascimento no país – http://redehumanizasus.net/84530-nascer-no-brasil-ministerio-da-saude-e-fiocruz-divulgam-resultados-de-pesquisa-sobre-atencao-ao-parto-e-nascimento-no-pais/
5 respostas para “Doula: presença fundamental na gestação, no parto e no puerpério”