Plano de parto: fazer ou não?

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gestante lendo
Fonte: Daria Shevtsova from Pexels

Eu amo a ideia do plano de parto! Sempre aconselho que seja feito, indico que se faça junto com o acompanhante e me disponibilizo a auxiliar na construção.
Nesse processo, percebi que existem algumas perguntas que se mostram muito recorrentes: “Vale a pena fazer? Eles lêem mesmo?”, “Minha/meu médica/o é humanizada/o, eu preciso fazer?” e “Mas não é o médico que sabe o que precisa?”.
Então pensei: vamos falar um pouco do plano de parto?

Vamos lá! Antes de tudo, o plano de parto é um documento onde você aponta suas escolhas e posicionamentos sobre o parto, os procedimentos, o ambiente e os cuidados com o bebê. Você pode ler um pouco mais sobre nesse post!

“Vale a pena fazer? Eles lêem mesmo?”

Mas aí tá, você se dedica, pesquisa, pensa e elabora o plano de parto, protocola no hospital e fica naquela: “Eles vão ler?”.  Escuto muito essa pergunta e imagino que na cabeça das gestantes e acompanhantes deve passar “fora tudo que tenho que me preocupar e organizar, ainda tenho que gastar tempo com isso que talvez eles nem leiam?”. Minha resposta pra isso é sempre essa: antes de tudo, o plano de parto é pra você!

Lembro de um caso, por exemplo, em que estava num encontro auxiliando na elaboração do plano de parto com um casal e quando perguntei “e caso uma cesárea seja necessária, como você imagina essa experiência?”. Nesse momento a expressão dela mudou e ela disse “Nossa! Nunca tinha parado pra pensar sobre isso!”. Coincidentemente essa mesma gestante precisou de uma cesárea de emergência e, tendo pensado e elaborado o plano de parto, ela (bem como o seu acompanhante) sabia exatamente como queria passar por aquilo e foi uma cesárea bem indicada e uma chegada acolhedora dentro do que era possível: com luz baixa, ar condicionado desligado, campo baixado, contato pele a pele e doula, fotógrafa e acompanhante no centro cirúrgico (tudo que estava descrito em seu plano de parto).

Para elaborar o plano de parto os pais pesquisam, estudam, tiram dúvidas, consultam e consequentemente, se tornam, em geral, muito mais preparados e decididos pela experiência que buscam ter tanto como parturiente como acompanhante. Isso faz reivindiccom que, mesmo que ninguém da equipe leia, ainda assim a família poderá estar mais preparada e atenta pra buscar o que planejou. O fato é: existem chances da equipe não ler o seu plano, especialmente num plantão, mas existe muito valor em você elaborar o plano e organizar as ideias sobre o que você espera da experiência, como gostaria que fosse, o que precisa ser feito para que você alcance o que espera e outras questões. Além disso, o plano de parto assinado e entregue ao hospital não deixa de ser um documento e uma garantia para futuras reivindicações, se necessário.

Dica: Se a sua equipe será contratada e não plantonista sugiro que você proponha aos profissionais que se discuta o plano de parto em uma das consultas afim de ouvir sugestões e observar o posicionamento destes diante do seu planejamento e da experiência que deseja ter!

enfermeira orientando
Fonte: pixnio.com

“Minha/meu médica/o é humanizada/o, eu preciso fazer?”

Outra pergunta comum é “Minha/meu médica/o é humanizada/o, ela/e já faz tudo direitinho, eu preciso mesmo fazer?”. Na verdade você não precisa fazer nada (especialmente pelo fato que nada desse processo deve ser um peso), mas elaborar um plano de parto pode trazer grandes benefícios pra sua experiência e é aqui que está a chave: a sua experiência! Humanização não é receita de bolo que “basta fazer assim que tá ótimo”, inclusive um dos princípios da humanização é justamente a autonomia da mulher! O seu médico pode trabalhar muito bem, mas certamente ainda não tem o poder de adivinhar o que todas as suas pacientes esperam da sua experiência de parto. O seu plano vai dizer o que você espera da sua experiência e vai ajudar a sua equipe a auxiliá-la da melhor forma.

“Mas não é o médico que sabe o que precisa?”

E aí outra questão que também já ouvi: “Mas não é a/o médica/o que sabe o que precisa? Se eu faço isso, não tô tirando a responsabilidade dela/e e trazendo pra mim?”. Em primeiro lugar: você sempre vai estar assumindo uma responsabilidade, seja por delegar as decisões exclusivamente à equipe ou por decidir fazer parte de todo o processo, cabe a você escolher que responsabilidade vale mais a pena abraçar. Elaborar um plano de parto, expressar o que você espera do seu parto, buscar participar das decisões  e estar ciente dos procedimentos, nada disso diminui a capacidade da equipe ou a isenta de responsabilidade, apenas faz de você e das suas escolhas o centro do seu parto.

Fazer ou não fazer? FAZER!

Por fim, o que posso dizer é que acredito mesmo que vale a pena a elaboração do plano de parto! A construção desse documento é muito interessante pra que a equipe possa compreender mais da gestante e das suas expectativas para o parto, para a/o acompanhante estar informada/o das escolhas da mulher servindo de auxílio na garantia de seus direitos e desejos no momento do parto, para a mulher que irá buscar informações para essa construção e irá elaborar melhor as suas expectativas para o parto e por fim, para que a mulher possa ter um parto ativo.

gestante
Fonte: pxhere.com

 

IMPORTANTE: É válido lembrar que durante a elaboração do plano de parto não é possível prever tudo que acontecerá e possíveis intercorrências, por isso a importância de se traçar os planos A, B e até C e de buscar estar pronta pra receber e lidar com as circunstancias que se apresentarem no momento.

Gostou do post? Tem considerações? Passou por alguma experiência nesse sentido? Conta aqui nos comentários! ?

REFERÊNCIAS

A Humanização – Braulio Zorzela)

Parto Ativo – Janet Balaskas (BALASKAS, J.Parto Ativo: guia prático para o parto normal. 2. ed. São Paulo: Ed. Ground, 1991.)

Plano de Parto, pra que serve? (Erika Sato)

 

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3 respostas para “Plano de parto: fazer ou não?”

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