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O que você sabe sobre a importância da amamentação na primeira hora de vida?
Assim que o bebê nasce, deveria ir direto para o colo da mãe, o contato pele a pele ajuda o recém nascido a regular a temperatura corporal, é bom lembrarmos que ele sai de um ambiente com temperatura de aproximadamente 36 graus e é recebido, na maioria das vezes, em salas de parto com ar condicionado abaixo de 25 graus. O contato ainda ajuda a estabilizar a respiração, os batimentos cardíacos e a glicemia do bebê.
O cheiro do corpo da mãe, o som dos seus batimentos cardíacos e sua voz acalmam e tranquilizam o bebê durante essa transição entre o conhecido e aconchegante útero e o lado de fora, até mesmo o choro diminui quando comparado àqueles bebês que não passaram por essa experiência. Além disso fortalece o vínculo entre mãe e filho.
OMS e UNICEF recomendam
Na publicação da UNICEF chamada “Dez passos para o sucesso do aleitamento materno” o quarto passo é “ajudar as mães a iniciar a amamentação na meia hora após o nascimento, colocar o recém nascido em contato pele a pele sobre a mãe, imediatamente após o parto, por no mínimo uma hora e encorajar as mães a reconhecer quando seus bebês estão prontos para serem amamentados, oferecendo ajuda se necessário”. Com suporte e apoio, mulheres submetidas à cirurgia cesariana podem e devem ter o contato pele a pele e a oportunidade de amamentar enquanto os médicos finalizam o procedimento.
A Organização Mundial de Saúde orienta que o pré natal seja realizado por uma equipe multidisciplinar, não somente com médico obstetra. O acompanhamento pré natal adequado, com aconselhamento, encorajamento e apoio podem contribuir para que a amamentação comece ainda na sala de parto.
O que acontece depois do parto?
O corpo da mãe passa por muitas mudanças logo após o nascimento, inclusive mudanças bioquímicas no cérebro, que aumentam a sua vontade de maternar, de cuidar, de nutrir. O seio materno aumenta de temperatura logo após o parto, justamente para abrigar e aquecer o bebê.
O ato do bebê sugar a mama da mãe libera hormônios que ajudam na conexão entre eles, fazem com que o útero se contraia, com que o sangramento pare, reduzem a ansiedade materna deixando-a mais tranquila e amorosa, estimula a produção e a descida do leite. Para isso é importante que a mama esteja disponível, ao alcance do bebê, para que ele possa mamar assim que estiver pronto.
Nascemos sabendo amamentar?
O ato de amamentar parece simples mas é extremamente complexo, é um processo físico, emocional, psíquico. É uma prática que se adquire com observação, apoio e experiência. A amamentação não é instintiva nem inata, é uma cultura que precisa ser resgatada. Nós mulheres não nascemos sabendo dar o peito, precisamos aprender como é uma boa pega, o posicionamento do bb, como deve ser a sucção e quanto antes iniciarmos maiores serão as chances de obtermos sucesso.
Nas décadas de 70 e 80, com o avanço das indústrias de fórmulas (leite de vaca modificado) e bicos artificiais, nos foi passada uma ideia de que amamentação é para populações de baixa renda e infelizmente esse conceito ainda ronda os dias de hoje, precisamos derrubar muitos mitos.
Colostro, ouro líquido
O colostro, um líquido com aspecto amarelado e viscoso, é tudo o que o seu bebê mais precisa nesse primeiro momento. É altamente calórico, super nutritivo, tem um leve efeito laxante, muito concentrado, por isso não é abundante, ele é produzido na quantidade ideal para o seu bebê. É um alimento probiótico sendo responsável pelo início da colonização do intestino, que no momento do nascimento é totalmente estéril.
Rico em proteínas e anticorpos, é responsável pelo início do sistema imunológico do bebê, possui fatores de crescimento, funciona como uma primeira vacina natural, passada de mãe para filho.
Ele começa a ser produzido muito tempo antes do nascimento, por volta da vigésima semana de gestação, e fica armazenado nos alvéolos (pequenas bolsas na mama) até o parto, geralmente dura entre 3 e 5 dias, quando então começa a ser produzido o leite de transição.
A amamentação na primeira hora aumenta em 50% as chances da mãe conseguir manter a amamentação até os seis meses, protege o recém nascido contra infecções e salva vidas.
Inclua esse desejo em seu plano de parto, converse com sua equipe, você e seu bebê só tem a ganhar.
Referências
Fatores associados à amamentação na primeira hora de vida: revisão sistemática
http://www.scielo.br/pdf/rsp/v48n4/pt_0034-8910-rsp-48-4-0697.pdf
Colostro humano: fonte natural de probióticos?
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572001000400007
Benefícios da amamentação para a saúde da mulher e da criança: um ensaio sobre as evidências
O contato e a amamentação precoces: significados e vivências
http://www.scielo.br/pdf/tce/v23n1/pt_0104-0707-tce-23-01-00109.pdf
Dez passos para o sucesso do aleitamento materno
CARVALHO, M. R; TAMEZ, R.N.Amamentação: Bases Científicas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005