A gestação é um período de muitas mudanças e decisões na vida das mulheres, isso sem falarmos da enxurrada de informações que recebemos antes e depois de cada uma dessas decisões. Por isso, é muito comum que não pensemos muito sobre um órgão que além de ser responsável por permitir que essa jornada aconteça, protege, alimenta e é geneticamente idêntico aos nossos bebes, ou seja, poderíamos considera-lo um irmão gêmeo de menor prestigio.
Então venho te perguntar: você já separou um tempinho para realmente pensar na sua placenta!?
Aqui mesmo no blog, você pode encontrar textos maravilhosos sobre como e quando a placenta se forma, quais suas funções, o que pode dar certo ou errado durante a gestação e trabalho de parto por conta dela, mas nesse texto não vou focar na fisiologia, nos benefícios do pós-parto, em rituais ou ainda no que você pode ou não fazer com ela após o alumbramento*.
Gostaria somente de te reapresentar esse órgão tão especial, com uma nova perspectiva de oportunidades.
Vamos?
Nesse post você vai encontrar
Sobre como aprendemos a pensar o nosso corpo.
Como placenteira, comumente ao perguntar sobre o que uma gestante pensa ou deseja fazer com a placenta a primeira reação que percebo é de, no mínimo, um estranhamento por precisar pensar nisso!
Quase um “isso não é resto?” , em cada expressão.
Por que será que reagimos assim quase instintivamente?
Acredito que as respostas para esse questionamento passem por uma análise individual das nossas próprias experiencias e ficaria muito feliz se compartilhassem comigo, suas opiniões, nos comentários.
Contundo, na minha percepção, esse é mais um exemplo da construção social sobre a saúde e o corpo da mulher pautado no mesmo conceito que nos leva a ter vergonha da menstruação e dos nossos odores naturais, que dita como devemos nos comportar ao parir, que padroniza quais partes do corpo devemos ou não ter pelos ou ainda quais formatos de silhueta são mais saudáveis e desejáveis.
Prazer, sou sua Placenta!
Fonte: Instagram – featherandfawnbirth
Gostaria de coroar essa reapresentação com o vídeo acima pois é um lindo exemplo de como o seu parto pode ser um momento único de conexão e aprendizado definitivo sobre a importância desse órgão e nós já sabemos que conhecimento nos empodera, nos liberta.
Nesse vídeo, a parteira apresenta e explica com cuidado o que é cada pedacinho do órgão que a gestante acabou de parir, logo após seu bebe.
Mostra ao vivo qual lado fica preso ao corpo da mãe colada na parede do útero, formado pelos cotilédones. Para quem tem interesse nas capsulas de placenta para ingestão, é dessa parte – cotilédones – que elas são feitas em sua maioria.
Ela explica o que é a famosa “bolsa d’agua” formada pelo âmnio e córion, preenchida pelo líquido amniótico e como o bebe fica seguro ali dentro.
Chama de “a primeira casa do bebe”.
Percebam a emoção na voz da mulher e o ambiente de tranquilidade e segurança.
Na primeira foto podemos ver a separação manual do âmnio e córion enquanto na segunda vemos um pedaço do cotilédone.
Reconheça e Agradeça.
Mesmo que você não tenha interesse nos benefícios emocionais e fisiológicos que o consumo da placenta nos pós-parto podem trazer, mesmo que você não tenha interesse em realizar nenhum ritual de despedida ou separação em relação a esse órgão, o alumbramento é o fim efetivo de um ciclo, é o último momento do seu trabalho de parto.
Portanto esse texto é um convite para que você possa pensar um pouco mais sobre a sua placenta, sobre como todos nós nascemos porque ela esteve com a gente desde o primeiro momento.
Não deixe de aproveitar essa oportunidade única para agradecer e relembrar a potência que o corpo da mulher representa em cada detalhe da sua existência.
Você pode entrar em contato comigo pelo e-mail contato@carolrodrigues.com.br , ou Whatsapp 21 99155-0328
*Também chamada de dequitadura, é a fase correspondente ao descolamento da placenta e consequente expulsão, juntamente com as membranas que envolviam o feto.
Referencias:
Saúde e beleza do corpo feminino – algumas representações no Brasil do Século XX – https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/viewFile/2665/1298
O corpo em transe: A moral Sexual sobre o corpo feminino no Brasil no final do século XIX e inicio do seculo XX – http://www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/EL13-Art8.pdf
La placenta humana: Revisión – https://www.medigraphic.com/pdfs/inper/ip-2008/ip083g.pdf
A barreira placentária e sua função de transferência nutricional – https://cbra.websiteseguro.com/pages/publicacoes/rbra/v34n4/p222-232.pdf