Parto normal e ativo? Por que?

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Parece que hoje em dia está na moda falar e defender o parto normal, não é?! Onde já se viu, mulher levando plano de parto na maternidade e discutindo com médico sobre a posição de parir? Quem disse que ela pode fazer isso? Mas quem disse que não pode? E porque ela exige tanto parir na posição que deseja? Foi pra responder algumas dessas perguntas que eu escrevi esse texto.

Qual a diferença entre parto ativo e parto passivo?

 

A imagem de parto normal mais difundida na sociedade é aquela em que a mulher está deitada, em posição ginecológica, rodeada por profissionais de saúde, gritando desesperada e fazendo uma força descomunal. Com a evolução da obstetrícia vemos cada vez mais o protagonismo do médico que “faz o parto”, dessa forma distanciando cada vez mais as mulheres dos seus instintos e da sua capacidade de parir.

É como se de uma hora pra outra a mulher não soubesse mais fazer a criança nascer, apesar de sabermos que desde que o mundo é mundo mulheres dão à luz a seus bebês de forma instintiva e natural, sem necessidade de qualquer condução da equipe médica.

Segundo Janet Balaskas, autora do livro Parto Ativo (Editora Ground) “ um parto ativo é instintivo, isto significa que você dá à luz de modo natural e espontâneo por meio de sua própria vontade e determinação, tendo a completa liberdade de usar o seu corpo como bem entender e seguir suas solicitações. (…) Não é meramente algo extraído ou descarregado pela vagina, onde os atendentes controlam a situação e você aguarda passivamente. O parto ativo é mais confortável, seguro e eficaz do que um parto passivo, isso é confirmado por vários estudos científicos comparando mulheres ativas durante o trabalho de parto com aquelas que se deitam passivamente.”

 

A escolha na posição de parir

 

Quando a mulher tem liberdade na hora de dar à luz, é normal que ela queira se movimentar durante a primeira parte do trabalho de parto (dilatação do colo), podendo escolher ficar em posições confortáveis e encontrar maneiras de descansar entre uma contração e outra.

Foto: Evelyn Angel Fotografia

Na fase do expulsivo, quando já se aproxima a hora do bebê nascer, a mulher pode se beneficiar das posições verticais (ajoelhada ou de cócoras), ou encontrar conforto na posição de quatro apoios. Existem até relatos de mulheres que se sentem confortáveis para fazer força na hora do nascimento quando estão recostadas na maca. O importante é que a mulher tenha o direito a escolha, sempre e em qualquer lugar. Quando passamos o protagonismo do parto para a parturiente, de forma instintiva ela vai escolher a sua posição para parir mais confortavelmente.

Benefícios das posições verticalizadas

 

É muito comum que as mulheres se sintam mais confortáveis em posições verticalizadas na hora do parto, mas além do desejo da parturiente existem alguns benefícios ao escolher parir dessa forma:

– O parto é um movimento vertical, então escolher posições na vertical, seja em pé, sentada ou ajoelhada, usando a gravidade a seu favor, vai facilitar bastante no processo.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

– Mais espaço na pélvis, já que os ossos da sínfise púbica, cóccix e sacro ficam livres para se movimentar, aumentando o espaço para a passagem do bebê.

– Na posição vertical as contrações uterinas ficam mais eficientes, com uma maior produção de ocitocina natural e diminuindo a necessidade do uso do hormônio sintético.

– As posições verticalizadas permitem uma dilatação uniforme e espontânea do períneo, reduzindo a ocorrência de lacerações.

– Trabalho de parto mais curto, mais fácil e menos dolorido.

 

O mais importante é sempre seguir os seus instintos e respeitar os desejos do seu corpo. Caminhe, descanse, vá para o chuveiro, se ajoelhe, escolha a posição de parir. Esteja ativa durante o seu parto. Esse é o seu momento, e é direito seu ficar da maneira que se sentir mais confortável.

 

Com carinho

Camila

 

Referências

Percepções de Puérperas sobre a vivência de parir na posição vertical e horizontal

https://www.redalyc.org/html/2814/281421907003/

 

Parto Ativo, de Janet Balaskas

Editora Ground – 3ª edição

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