O ano novo mal começou, os partos estão bombando e já recebi muitas notícias de bebês novos que virão. O tempo passa, a vida se renova e o bombardeio de propagandas, informações e novidades pode fazer com que você se esqueça do principal: preparar-se para o nascimento do seu filho e todas as consequências desse grande evento (amamentação, puerpério, relacionamentos, autoestima, são tantas áreas!).
Eu sempre gosto de perguntar pras mulheres que eu acompanho como elas pensam o parto delas, e faço pra você essas perguntas: Como você pensa o seu parto? Onde você quer que seu bebê nasça? Quem estará com você? Como você pretende aliviar a dor? O que faz sentido pra você e o que você não gostaria de jeito nenhum? Como você quer receber seu filho no mundo?
Meu conselho, se é que posso dar algum, é anotar tudo isso em um papel e aí você terá um esboço maravilhoso do seu plano de parto, que pode ser muito mais do que uma lista de preferências, mas um verdadeiro guia de estudos e uma ferramenta de autonomia.
Nesse post você vai encontrar
Plano de Parto – o que é:
O plano de parto é um documento escrito, com caráter legal, no qual a gestante aponta as suas preferências para o trabalho de parto, nascimento e cuidados com o bebê, considerando todas as informações recebidas, valores, desejos e necessidades pessoais. É aquela máxima do combinado que não sai caro, por isso a importância de discutir com a sua assistência, desde o pré-natal na atenção básica até na maternidade, aquilo que é importante e faz sentido para você.
O direito ao plano de parto é lei em muitos lugares e recomendação do Ministério da Saúde, que diz nas Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal (2017) que “se a mulher tem um plano de parto escrito, ler e discutir com ela, levando-se em consideração as condições para a sua implementação” e que “Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às informações baseadas em evidências e serem incluídas na tomada de decisões. Para isso, os profissionais que as atendem deverão estabelecer uma relação de confiança com as mesmas, perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas.”.
É o Ministério da Saúde que está dizendo, não sou eu. Atender às especificações do seu plano de parto não é um favor que os profissionais da assistência te fazem, mas um direito seu!
Evidências Científicas
Você sabia que têm estudos que falam sobre a repercussão da utilização do plano de parto no processo de parturição? Além de promover a autonomia e o protagonismo no parto, poder optar por se movimentar, se alimentar e beber água e recusar procedimentos sabidamente danosos, promove segurança e reduz a ansiedade. Quanto mais a mulher tem seus desejos atendidos e a fisiologia do seu corpo respeitada, mais satisfatória é a sua experiência do parto.
Os estudos também apontaram uma melhora nos desfechos obstétricos e neonatais: diminuição das taxas de cesariana, recém-nascidos com melhores resultados de APGAR, mais contato pele-a-pele e clampeamento tardio do cordão, bem como redução das internações em UTI neonatal.
A elaboração do plano de parto é, também, uma ótima forma de estudo e, por isso, as mulheres que buscam construir seu plano de parto ao longo da gestação tendem a procurar atendimento mais qualificado e humanizado no parto e pós-parto.
Enfim… Poderia ficar muito mais tempo aqui falando dessa ferramenta maravilhosa que eu amo e que só tem benefícios, mas vou parar por aqui. Aqui mesmo no blog tem vários textos ensinando a elaborar um plano de parto, mas vou deixar aqui um modelo ótimo que achei no Portal de Boas Práticas da Fiocruz. Lá no meu instagram tem um destaque falando só de plano de parto. Tô sempre respondendo vocês nas caixinhas de perguntas! Dá uma passada lá! Um beijo!
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] /Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
MEDEIROS, Renata Marien Knupp et al . Repercussões da utilização do plano de parto no processo de parturição. Acesso em 02 jan. 2020.
MOUTA, Ricardo José Oliveira et al . Plano de Parto como estratégia de empoderamento feminino. Acesso em 02 jan. 2020.
NARCHI, Nádia Zanon et al . O plano individual de parto como estratégia de ensino-aprendizagem das boas práticas de atenção obstétrica. Acesso em 02 jan. 2020.