A famosa bolsa rota – quando a bolsa estoura.

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É comum acharmos que o trabalho de parto se inicia quando a bolsa estoura, numa cena mais ou menos assim: mulher tá vivendo a vida, a bolsa rompe, começa jorrar rios de líquido aminiótico e todo mundo tem que sair correndo, se esbarrando na porta e perdendo a chave do carro pra ir pra maternidade, numa cena à lá Adam Sandler na sessão da tarde.

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Tá, não é bem assim.

A maior parte das bolsas vai romper (e se romper) apenas após o início do trabalho de parto. Existem casos, ainda que raros, que o bebê nasce com a bolsa íntegra. Chamamos de “bebê empelicado”.
Sabe aquela história de “minha bolsa estourou e não tive dilatação”?. Então, na verdade a bolsa rompeu e o trabalho de parto ainda não tinha se iniciado, que é quando ocorre a dilatação.

Às vezes, a membrana externa da bolsa se rompe e a mulher sente escapes de líquido. Outras vezes a bolsa pode romper de uma vez mesmo, com barulho e tudo, e uma quantidade maior de líquido é perdida.
Mas sem desespero, já que esse líquido todo se regenera. É importante que a mulher ajude, fazendo ingestão de água. Não tem essa de “parto seco”.

Da bolsa estourar até o trabalho de parto acontecer

Então o bebê vai nascer? Bom, vai.. mas não necessariamente agora, agora. Pode ser que a bolsa tenha rompido e você ainda não esteja em trabalho de parto.
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Pois é. A bolsa pode romper sem que a mulher tenha entrado em trabalho de parto ainda. Mas, em geral, o trabalho de parto se inicia em algumas horas.
Um estudo de grande porte indicou que mais de 70% das mulheres entram em trabalho de parto, espontaneamente, após a ruptura da bolsa, em até 24horas. Do total, 90% entraram em até 48 horas.

Nada de sair subindo e descendo escadas como se tivesse em uma maratona pra ver se desencadeia o trabalho de parto. Você vai precisar de energia nas próximas horas, então, tente se alimentar e descansar. Podemos tentar estimular usando algumas técnicas sem que a mulher fique cansada antes mesmo do trabalho de parto começar; a acupuntura pode ser grande aliada nesse momento.

Podemos esperar, deboas, então?

Alguns pontos devem ser observados, indicando as melhores condutas. Temos que observar a cor e odor do líquido,  além de perceber a movimentação da bebê e dos sinais da própria mãe, como a temperatura.  Estando tudo dentro da normalidade, podemos aguardar o início do trabalho de parto, a depender do que foi acertado com a sua assistência e de como você se sente segura quanto à necessidade de indução.

Qualquer alteração em um desses fatores é necessário o monitoramento do bebê. Ah, claro, a conduta também deve ser individualizada com bebês que ainda não estejam a termo, ou seja, antes das 37 semanas, visando os benefícios e possibilidade de prolongar a gestação.

Os protocolos hospitalares recomendam iniciar uso de antibiótico após 18h de bolsa rota, assim como exame positivo pra estreptococcus.

Então, se a sua assistência não for individualizada, possivelmente seja essa a janela de tempo. Se for, é possível que após 48h de bolsa rota te solicitem exames complementares para aguardar a espontaneidade do trabalho de parto.

Os riscos de infecção são maiores com a bolsa rota, já que não existe mais a proteção dessa membrana. Por isso é desaconselhável manter relações sexuais, que até então eram estimuladas pra auxiliar a desencadear um trabalho de parto, assim como exames de toques rotineiros (a ‘necessidade’ desse aí a gente deixa pra outra postagem).

Uma doula pode te auxiliar tanto na busca por informações de qualidade a respeito da gestação e parto quanto no apoio físico e emocional que envolvem essa espera, que pode mexer bastante com a nossa ansiedade. Pra ter informações sobre meu acompanhamento e como posso ajudar no processo de gestar e parir, só me gritar por aqui.

Referências

Is it better for the baby to be born immediately or wait for labour to start if the waters break without contractions before 37 weeks of pregnancy? Disponível em https://www.cochrane.org/CD004735/PREG_it-better-baby-be-born-immediately-or-wait-labour-start-if-waters-break-without-contractions-37

Pintucci et al. Premature rupture of membranes at term in low risk women: how long should we wait in the “latent phase”?. Journal of Prinatal Medicine. 2013.

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