O Vaginismo na Gestação

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Foto Ellen Brito

O vaginismo é uma disfunção sexual e acomete de 1 a 6% da população sexualmente ativa feminina.

Definição

O vaginismo pode ser definido como um espasmo da musculatura do terço externo da vagina que impede a penetração vaginal, assim como a realização de  um exame ginecológico, ou mesmo colocar um absorvente interno.
Pode estar associado a algum trauma sexual, educação sexual rígida, relações sexuais dolorosas, abuso sexual ou simesmente não ter nenhuma associação.
Não se sabe se a mulher realmente possui um espasmo crônico da vagina e por isso não consegue a penetração ou se ela contrai a vagina e o períneo devido ao medo da penetração, somente na hora em que essa ameaça aparece.

Grávida e agora ?

Se você está lendo esse artigo pode estar se perguntando como uma mulher com vaginismo pode engravidar . A verdade é que embora essa mulher não consiga ter penetração , isso não a torna assexuada, ou seja ela pode ter diferentes formas de relação sexual que permitem ela engravidar ou mesmo uma relação com penetração parcial.

Se você tem vaginismo se descobriu grávida, saiba que você não esta sozinha, e que é possível ter uma gravidez tranquila . Seu principal medo nessa altura deve ser os inúmeros exames de toque ao longo da gestação e principalmente durante o trabalho de parto.
A verdade é que muitos profissionais desconhecem o vaginismo, e existe ainda muito tabo envolvido. Estudos mostram que uma grande parte das mulheres demoram para buscar tratamento, sentem vergonha de falar sobre o assunto e acabam indo ao ginecologista somente quando engravidam.

Então para você que está grávida ou que planeja ser mãe e tem vaginismo a primeira dica é procurar um obstetra que entenda do assunto. Ele saberá conduzir a gestação e o parto sem exames de toques desnecessários e respeitando o corpo da mulher. O exame de toque forçado pode piorar o trauma dessa mulher portanto deve ser evitado.

O segundo passo que você precisa saber é que o vaginismo tem tratamento. O tratamento deve
contemplar tanto a parte física, como a psicológica e a sexual.

Se você não buscou nenhum tratamento antes, aproveite esse momento da gestação para se conectar com seu corpo, esse corpo que agora abriga um novo ser, uma nova história.

Tratamentos

A psicoterapia cognitivo comportamental vai identificar os gatilhos que levam a dor e a contração, os medos as angústias relacionadas ao sexo.

A fisioterapia tem vários recursos que vão ajudar a relaxar a musculatura do períneo , e ajudar a melhorar percepção corporal dessa mulher:
• Técnicas de respiração
• Mobilização e alongamento da pelve
• Biofeedback
• Tens
• Massageadores perineais (peridell)
• Dilatadores

Conjunto de dilatadores vaginais

O parto

Muitos mulheres acabam optando pela cesárea, sendo o motivo principal o medo do parto e o medo das intervenções durante esse processo. Porém o parto vaginal é sim possível e deve ser incentivado e estimulado.

Nenhuma contração vaginal é capaz de impedir a passagem do bebe. A descida do bebe pelo canal vaginal deve ser lenta, o corpo está sobre uma orquestra incrível de hormônios que ajudam o alongamento progressivo do assoalho pélvico conforme o bebê passa pelo canal vaginal.

Todas as técnicas abaixo devem ser encorajadas para todas as gestantes , especialmente para as que tem  vaginismo , por terem um assoalho mais  hipertônico

  • Buscar posições para parir alternativas á posição de litotomia, pode ser de lado ou de quatro apoios.
  • Evitar os puxos dirigidos e a manobra de Valsava.
  • Técnicas de respiração, mindfulness, hipnose.
  • Realizar o mínimo de toques para tensionar o assoalho pélvico no momento do expulsivo.

Mulheres  com vaginismo devem receber orientações e  informações adequadas de todos os profissionais que lidam com a gestação e parto. Devem ser encorajadas á buscar terapia com psicólogo, sexólogo e fisioterapia pélvica antes e durante a gestação . Assim como qualquer gestantes nesse período, elas merecem  uma gestação tranquila e um parto humanizado E não  não devem ser rotuladas  vagínica !

Se você tem vaginismo e já passou por uma, gestação ou esta grávida  deixe seu relato aqui nos comentários !

Referências Bibliográficas

Comparing the effectiveness of functional electrical stimulation via sexual cognitive/behavioral therapy of pelvic floor muscles versus local injection of botulinum toxin on the sexual functioning of patients with primary vaginismus: a randomized clinical trial

https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00192-018-3836-7

Outcome of Medical and Psychosexual Interventions for Vaginismus: A Systematic Review and Meta-Analysis.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/30446469/?i=5&from=vaginismus

Vaginismus and pregnancy: epidemiological profile and management difficulties.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/30881157/?i=2&from=

Vaginismus as an independent risk 

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/m/pubmed/19701866/

Managing Pregnancy and Delivery in Women with Sexual Pain Disordersjsm_2811 1726..1735

://enbaum.com/sites/default/files/j.1743-6109.2012.02811.x.pdf

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3 respostas para “O Vaginismo na Gestação”

  1. Boa noite
    Tenho vaginismo , sou casada há 4 anos.
    Tive uma criação rígida que me trouxe esse trauma na fase adulta.
    Meus pais transformaram o sexo em tabu e fui criada sem ouvir sobre ele.
    Só podia namorar quando maior de idade e se namorasse antes engravidaria ou ficaria falada na concepção deles.
    Fizeram eu crescer pra casar na igreja católica e virgem. (Igual minha mãe)
    Casei após 6anos de namoro e não conseguimos de nenhum jeito.
    Hoje estou com 5 semanas, e consegui fazer o transvaginal tinha muito medo e não tinha coragem de fazer.
    Estou com 5 semanas de gestação, achei que nunca fosse engravidar devo o vaginismo. E Deus nos enviou nosso pacotinho de amor.

  2. Eu tive vaginismo e fui muito maltratado por médicos que queriam inclusive forçar cesária porque eu tinha vaginismo.
    O parto não foi humanizado. Teve vários exames desnecessários. Eu não tinha muita dor nas construções e a enfermeira ficou me assustando até me convencer de tomar a anestesia.
    Me deram muita anestesia. Eu não conseguia me mexer. Me deixaram deitada na posição que eu mais tinha medo.
    Usaram fórceps desnecessariamente. Alteraram meu prontuário para colocar que eu tive uma laceração de primeiro grau sendo que tinha um corte em tudo. Inclusive ficou uma cicatriz que doía por meses. Não conseguia nem levar o carrinho de bebê quando o bebê já tínha uns 5 meses.
    Comprei um carrinho importado super bom e tinha dor no períneo para empurrar o carrinho e minha médica dizia que eu podia ter dor até um ano depois da bebê nascer que estava normal.
    Eu não conseguia sentar sem uma almofada quando minha bebê já tinha 9 meses.
    Me deram remédio errado e por isso detraíram meu fígado. Eu não conseguia comer quase nada sem ter dor. Eu tinha mais dores na barriga por meses depois do parto do que quando eu estava em trabalho de parto.
    Mentiram para mim várias vezes e continuam mentindo.
    Eu tive febre, provavelmente em decorrência dos inúmeros erros médicos até minha bebê ter quase 8 meses.
    A bebê sofreu diversas consequência no seu desenvolvimento porque eu não conseguia cuidar direito. Ela teve o desenvolvimento todo atrasado e comprometimento.
    Isso tudo aconteceu em Luxemburgo. Eles tem preconceito contra brasileiras.

    Obrigada

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