A medicalização e o movimento tecnocrata levou a mulher a perder seu lugar de fala em um evento que é puramente dela, o parto. Aceitamos que os médicos façam procedimentos e intervenções sem nosso consentimento e ainda acreditamos plenamente que receber essa atenção é nossa escolha mais segura. Com isso, perdemos a nosso protagonismo, desacreditamos a função de nossos corpos, nossos instintos. Felizmente, na contramão desse movimento começaram a aparecer grupos de gestantes com objetivo de compartilhar informações atualizadas a respeito do ciclo gravídico puerperal e é sobre o porquê você deve frequentar esses espaços que a gente vai falar agora!
Nesse post você vai encontrar
O Sistema obstétrico
O sistema obstétrico atual está diretamente atrelado às práticas que restringem a autonomia das mulheres no processo de parto e nascimento. Os princípios básicos desse modelo:
- Práticas autoritárias de assistência à saúde, ou seja, a posição de autoridade assumida pelo profissional sobre a pessoa cuidada, neste caso, a mulher desapropriada do controle do próprio corpo.
- A relação assimétrica entre profissional e paciente, o que se torna visível no momento do parto, pois, mesmo quando a mulher participa, é para colaborar com o trabalho do profissional e não para garantir o exercício de sua autonomia.
- Não lhe é permitido expor seus sentimentos ou opinar sobre seu parto. Seu corpo não lhe pertence; mesmo que falem, as mulheres parecem não serem escutadas.
A Gravidez traz grandes mudanças…
A gravidez é considerada um momento de grandes mudanças. Para o casal, mudanças sociais e emocionais. Para a mulher além dessas, as corporais. É um período de adaptação que mobiliza muitas emoções: medos, angústias e insegurança.
A informação atua para tornar mais familiar uma situação desconhecida, amenizar esses medos e inseguranças, diminuindo a ansiedade durante a gestação e trazendo tranquilidade no processo de gestar e parir. E onde podemos encontrar informação de qualidade? Se respondeu na internet, tudo bem, tem sim muita coisa boa por aqui, mas nada melhor do que encontrar pessoas com os mesmos objetivos e mesmas dúvidas que você, não é verdade?
Grupos de Apoio
Os grupos de apoio tendem a reunir em torno de um objetivo específico um conjunto de pessoas que estejam passando pela mesma fase, período de adaptação e mudança.
Os grupos de gestante surgem para trocar informações e experiências de pessoas que estejam nessa fase da vida. Além de diminuir os
sentimentos de ansiedade e medos, os grupos possibilitam formação de vínculos sociais. Casais, gestantes, tentantes, pais que frequentam esses espaços de acolhimento sentem-se pertencentes de uma comunidade. Há uma troca muito rica entre as famílias, a formação de um vínculo de amizade que pode perdurar pela vida. É nesse contexto que rodas de conversas de gestação e parto podem ser extremamente benéficas para resgatar o
protagonismo feminino no parto. A informação como ferramenta essencial para a mulher ter autonomia nas escolhas e começa a contestar atitudes e comportamentos.
Com a crescente do movimento da humanização esses grupos estão aparecendo e se consolidando cada vez mais. Em Recife já temos vários e você pode saber onde eles acontecem nesse link.
Como forma de apoio e troca de informação, a Rede Koru (Coletivo de Doulas que coordeno com mais três parceiras) também oferece rodas de conversa para empoderar e acolher famílias que procuram conhecimento sobre gestação e parto, transmitindo informações atualizadas e com bases em evidências científicas. Elas acontecem no Espaço Açucena, que fica na região central da cidade! Então se você está buscando compartilhar vivências e conhecimentos sobre gravidez, parto e pós-parto, vem com a gente! A próxima já é dia 15 de fevereiro, este sábado! As 9h! Para se inscrever preenche o formulário AQUI!
Referências
Autonomia feminina no processo de parto e nascimento: revisão integrativa da literatura – http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v38n1/0102-6933-rgenf-1983-144720170164677.pdf
Em torno da ansiedade: subjetividade, mudança e gravidez –https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/intersecoes/article/view/8557/6442