Vamos conversar sobre a versão cefálica externa (VCE)!
Esse assunto ainda cheio de receios e dúvidas e que muitas mulheres tem enorme medo em se submeter quando descobrem do meio para o fim da gestação que seu bebê não está na posição cefálica ou seja de cabeça para baixo! Ou está sentado, na posição pélvica ou na posição transversa (atravessadinho na barriga… bem descansado mesmo!!!)
Nesse post você vai encontrar
Haaa meu bebê está sentado…. : (
Calma! Não se desespere! : )
A posição pélvica é a segunda forma mais frequente da posição do bebê a termo, ou seja após as 38 semanas, ocorrendo de 3 a 4% das gestações.
Para as mulheres que sonham com o parto vaginal, essa notícia pode ser bastante frustante, quando logo se imagina que terá que se submeter a uma cesária!
Mas existem algumas opções que nós doulas e o médico podemos sugerir a mulher para que esse bebê vire literalmente de cabeça para baixo!
Créditos: Foto de Cristiborda
Pode-se indicar a gestante, exercícios próprios que auxiliam na mudança de posição. O spinning babies é uma ótima tentativa para que o bebê inverta sua posição e muitas vezes funciona bem! Exercícios de yôga e posições adequadas também favorecem essa mudança.
E o parto ainda pode acontecer com o bebê sentado sabia?? Porém a maioria dos profissionais receiam em deixar acontecer o parto pélvico, devido a vários insucessos já ocorridos na literatura médica.
Pois o parto pélvico está associado a maior traumatismo e também a falta de oxigênio para o bebê durante o trabalho de parto. Mas lembrando que o bebê respira pelo cordão umbilical e não pelo nariz, essa associação cai um pouco em desuso, depende muito de como está acorrendo a monitoração do bebê.
Juntando ao fato da mulher não desejar a cesariana eletiva, pois sabemos que esta está condicionada a uma maior taxa da mortalidade e morbidade materno-infantil.
Então como parir, se as técnicas de exercícios não funcionarem? O médico ainda pode tentar a versão cefálica externa (VCE)!
Uma breve historia!
O VCE é um procedimento clássico da obstetrícia, e devido a complicações fetais observadas na década de 1960, esteve prestes a desaparecer. Mas diante do cenário cesarista e o alto índice de mortalidade, ocorreu uma maior motivação de retornar a técnica da versão cefálica externa.
A partir da década de 1980, com a chegada da tecnologia avançada nas ultra-sonografias e com o controle desse método, os riscos da tentativa da versão cefálica tornaram-se claramente reduzido e, por isso, mais possível.
Os índices de sucesso oscilam entre 35% e 86%, uma média de 58%. É um procedimento não invasivo, geralmente realizado próximo das 35/36 semanas. Alguns médicos preferem esperar o termo, 37/38 semanas.
É seguro e com boa taxa de êxito!
E o que preciso saber para realizar o VCE?
Primeiro passo é o desejo de parir ou seja, que o parto natural ocorra! Então é preciso que a mulher dê o seu consentimento ao profissional para que seja realizado o VCE.
Algumas variáveis são observadas como:
- o tipo de apresentação pélvica ou transversa;
- a idade gestacional;
- o número de partos que a mulher já teve;
- a presença de cicatriz uterina anterior;
- a estimativa de peso fetal;
- presença de miomas ou outros tumores pélvicos;
- inserção placentária ( a localização da placenta dentro do útero);
- estimativa do volume de líquido amniótico,
- análise prévia das condições de vitalidade fetal;
- análise da morfologia fetal.
Tudo isso são fatores que influenciam e são observados antes de se realizar um tentativa da VCE.
Para a manipulação externa do bebê recomenda-se a utilização de remédios que inibem as contrações uterinas, caso ocorra falha na primeira tentativa sem esse recurso.
Também para um melhor conforto da gestante, podem ser oferecidos a mulher analgésicos. O número de tentativas sugeridas varia, oscilando de três a cinco.
Todo o procedimento deve ser efetuado sob controle contínuo das condições mãe-bebê por meio da ultra-sonografia e, no final, independente do sucesso ou não, deve-se realizar a cardiotocografia para se certificar da preservação da vitalidade fetal. Pode ser realizado no consultório médico mesmo, caso esteja equipado adequadamente.
As complicações que podem surgir são:
- sangramento vaginal,
- diminuição da frequência cardíaca persistente do bebê,
- descolamento prematuro da placenta ( por isso preconiza-se realizar a versão no termo da gravidez ou próximo, caso seja necessária uma cesária de emergência),
- desacelerações variáveis.
Contudo, essas complicações são consideradas aceitáveis em virtude de serem raras e em face dos benefícios alcançados com a aplicação da VCE.
Já foram observadas que maiores taxas de sucesso são conquistadas nas seguintes situações:
- multiparidade,
- apresentações pélvicas incompletas,
- placenta posterior,
- polidrâmnio (que é maior quantidade de líquido aminótico)
Enfim, trata-se de uma técnica recomendada pelas principais organizações cientificas internacionais e utilizada na maioria dos centros universitários europeus! Além da simplicidade, não depende de grandes recursos financeiros, mas apenas de equipamentos (ultra-sonógrafos e cardiotocógrafos) disponíveis na maioria das instituições hospitalares e clinicas médicas.
Uma dica: Converse com o seu médico, fale do seu desejo de parir e analisem juntos essa possibilidade; pois versão cefálica externa deve ser sempre estimulada quando as expectativas de sucesso são reais!
O que falta então??? Apenas os médicos brasileiros estudarem, se aperfeiçoarem e se habilitarem nessa técnica que mãe e bebê ficam muito mais felizes!!!
Abaixo um vídeo da Equipe Meu Parto em SP, demonstrando o procedimento!
Bibliografia:
- Perspectiva da versão externa cefálica no cenário obstétrico atual -Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.4 São Paulo 2003 – Scielo
- Versão cefálica externa: uma revisão das complicações e taxa de sucesso – Sara Joana Santos Camões (Tese Mestrado Integrado em Medicina 2011/2012) – Faculdade de Medicina Universidade do Porto
Muito bom!
Essa é minha esposa! Que teve 3 partos naturais, sendo o último sem anestesia.
Alia o prazer no que faz, a experiência pessoal.
Bjs.
Muito claro esse artigo. Obrigada e parabéns.
Ótimo esclarecimento!!!
Se toda gestante soubesse o quanto é reconfortante o trabalho de uma doula na hora do parto, só procuraria maternidades que oferecem este serviço.
Parabéns Isabella. Aqui tivemos posição pélvica mas até onde lembro, na época, a opção era apenas cesariana.
Muito bacana e esclarecedora a matéria. Realmente uma linguagem direta.
Onde consigo o contato e ou mais informações sobre essa maternidade em SP?