Ao longo da gestação, nosso corpo nos envia mensagens importantes. Como escutá-lo? Como atender ao que o corpo pede, nessa vida cheia de compromissos e atividades?
A gestação é uma rica oportunidade para nos conectarmos com nosso corpo e sentirmos através das sensações, emoções – e porque não, das dores! – o que precisamos para caminhar para o parto e a maternidade.
Primeiro trimestre: o sono, o cansaço, a azia, os incômodos iniciais. Na maioria das vezes, estas sensações estão relacionadas com as alterações hormonais e com o aumento da circulação sanguínea no corpo.
Se olharmos com amorosidade para este processo, podemos aprender com ele, acreditando que é o caminho para nos conectarmos com o bebê.
Nesse post você vai encontrar
O Autocuidado
Se a vida social, profissional, familiar, acadêmica nos cobra tanto, é na gestação que podemos aprender sobre priorização.
Quanto espaço dou a mim mesma?
Quanto me cuido e quanto me permito ser cuidada?
Um escalda-pés no final do dia, com óleo essencial de lavanda ou chá de camomila podem colaborar para uma noite mais tranquila, assim como uma sessão de massagem para relaxar e aliviar a ansiedade, acupuntura para aliviar a dor lombar ou simplesmente um chá quentinho para aquecer. A premissa para qualquer uma destas possibilidades é pausar para se conectar.
Conectar-se com o corpo, senti-lo, cuida-lo. Perceber onde está tenso, de que forma é possível relaxar. Respirar profundamente, oxigenar. Mentalizar o bebê no útero, conversar com ele.
No último trimestre, as dores podem ficar mais intensas e chegamos a ouvir estalos, sentir fisgadas ou pontadas na região pélvica. Estes desconfortos estão relacionados à acomodação do bebê e significa que ele está fazendo seu caminho para vir ao mundo. Neste momento, relaxar com uma bolsa térmica na região lombar ou pélvica pode ajudar bastante. Dançar, usar a bola de pilates para sentar e rebolar à vontade, ou seja: soltar a franga!
A consciência de relaxamento e soltura de toda a região pélvica pode colaborar muito para o momento do parto, quando será ainda mais necessário se entregar e se abrir para a chegada do bebê.
Caminhando para o parto
À medida em que o parto se aproxima, vamos nos preparando para o grande momento. Novamente, a conexão é fundamental. Se prestarmos atenção ao que o corpo nos fala, percebemos que ele quer interiorizar: ficamos mais distraídas, torna-se mais difícil fazer planos, seguir roteiros, cumprir muitos compromissos. A impressão é que nosso cérebro já não funciona como antes!
Por isso, o melhor a se fazer – na medida do possível – é diminuir o ritmo, cancelar compromissos, delegar tarefas do dia-a-dia e encontrar mais tempo para olhar para dentro: cuidar melhor da alimentação, hidratar-se bem, descansar, fazer caminhadas leves, meditar… e namorar! A ocitocina, hormônio responsável pelas contrações do trabalho de parto, é também chamada de hormônio do amor, pois é liberada pelo organismo quando estamos perto de pessoas amadas, quando sentimos prazer e bem estar físico e emocional.
Algumas mulheres ficam incomodadas, tentam dar conta de tudo e seguir no mesmo ritmo de antes, sem perceberem que esta condição é uma importante preparação para o trabalho de parto, quando precisaremos efetivamente abrir mão do controle, da razão, da racionalização, para nos entregarmos aos sentidos, às emoções, ao amor e literalmente ao que o corpo pede.
E o corpo pede movimento!
O conceito do Parto Ativo, criado por Janet Balaskas, considera que a mulher fique ativa durante seu parto, que possa movimentar-se e buscar as posições que desejar, além de ter suas escolhas respeitadas. Quando tem liberdade, a parturiente costuma procurar posições verticalizadas, tende a caminhar, alongar-se, vocalizar e interiorizar-se mais profundamente à medida em que o,trabalho de parto avança para a fase expulsiva.
“No Parto Ativo, a mulher segue seus instintos para encontrar as melhores posições. Ela trabalha a favor da força da gravidade, em vez de ir contra ela. Esta conduta ajuda a descida do bebê, o trabalho do útero e os esforços da mulher. Quando a mãe está relaxada ou se movimentando em posições verticais, seu corpo está em harmonia com a força da gravidade, e seu trabalho de parto é menos doloroso, há mais espaço na pelve para acomodar o bebê e o suprimento de oxigênio para ele é otimizado.”
Janet Balaskas
Ao longo do trabalho de parto, muitas são as práticas corporais para proporcionar alívio das dores, entre elas exercícios respiratórios, utilização de bolsas térmicas, movimentos pélvicos, uso de chuveiro e banheira, mudança de posição, deambulação, bola, massagem, técnicas de relaxamento, aromaterapia e musicoterapia.
A doula tem conhecimento e experiência sobre estas técnicas e as aplica de acordo com o contexto específico de cada parto e cada mulher. Por isso, estudos científicos comprovam que a presença desta profissional pode fazer toda a diferença!
Aproveite esta incrível oportunidade que a maternidade oferece para se entregar, se soltar e dizer SIM aos processos do corpo, da mente e da alma.
Bom mergulho!
Aqui estão listadas algumas referências para aprofundar a leitura nos temas que abordei:
- O desenvolvimento de um grupo de gestantes com a utilização da abordagem corporal http://www.redalyc.org/service/redalyc/downloadPdf/714/71414207/
- Produção científica nacional sobre práticas integrativas não farmacológicas no trabalho de parto: Uma revisão integrativa da literatura http://www.enfo.com.br/ojs/index.php/EnfObst/article/view/7
- O uso da acupuntura antes, durante e após a gestação: Uma revisão integrativa http://bell.unochapeco.edu.br/revistas/index.php/fisisenectus/article/view/3725/2496
- Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n10/26.pdf