A perda gestacional e o luto perinatal se referem à morte de um filho, durante a gestação, o parto e a primeira semana de vida do bebê.
Cada um de nós tem um tempo de vida e o mais importante nesse processo, é saber que somos únicos e insubstituíveis. Pois a grande certeza que temos é que um dia iremos morrer. Independente da sua crença, a vida humana é finita.
Quando se escuta que uma mulher passou por uma perda gestacional, ou que seu bebê faleceu logo após o parto, poucas pessoas conseguem acolher a dor do luto.
O significado da palavra luto é:
- “Sentimento de profunda tristeza pela morte de alguém”.
- ”Amargura, desgosto”.
Nesse post você vai encontrar
Lidar com a morte, pode ser uma experiência dolorosa, mas é importante humanizar esse momento.
O luto perinatal e o aborto infelizmente são perdas que tendem a ser ignoradas ou silenciadas pelas pessoas ao redor, costumam ser colocado na categoria dos lutos não autorizados. Conhecidos também pelo luto silenciado.
As perdas gestacionais e perinatais acontecem por diversos fatores e, mesmo que não sejam muito faladas, é comum que ocorram principalmente na primeira gestação.
No núcleo familiar existem desafios para quem vive as fases do luto, e é preciso que os profissionais da área da saúde sejam treinados para lidar com esses casos.
Quando um bebê morre ainda dentro do ventre materno, os pais recebem a noticia no momento do ultrassom. Logo em seguida os progenitores são deixados sozinhos e é nesse momento onde mais é preciso apoio e escuta.
Depois que se recebe a notícia de um óbito, na maioria dos casos, a mulher pode escolher sobre a via de nascimento. Pode se aguardar o corpo expelir todo o conteúdo intrauterino (em casos de aborto espontâneo), realizar uma indução de parto normal ou por via cirúrgica (cesárea); em algumas situações especificas é preciso ser feita a curetagem (procedimento realizado em centro cirúrgico, que consiste em retirar todo o material genético do útero)
Uma equipe que respeita o processo irá discutir com essa mulher qual o seu desejo e respeita-la enquanto for seguro para a mãe, seja física ou emocionalmente. Após o nascimento desse bebê é direito à escolha do contato da família com o bebê ou não.
Não existe certo ou errado.
Inclusive é escolha dessa mulher se deseja doar o leite materno que seu corpo irá produzir ou vai optar por tomar alguma medicação para secar seu leite e enfaixar o seu corpo. É preciso principalmente nesses casos, orientar a mulher e assim favorecer a uma escolha consciente.
O desfecho desse processo merece ser tratado com respeito, cercado de amor e apoio. Infelizmente ainda não existe um trabalho de conscientização da sociedade sobre a morte perinatal e a perda gestacional. São tidos como assuntos tabus, muitas vezes a mãe é medicada em excesso com remédios que a impedem de vivenciar o seu luto, retardando o processo. O mais comum é ouvir comentários inadequados, como sugerir que logo acontecerá uma nova gestação, ou que talvez assim tenha sido melhor. Não enxergam que ali resta o colo, para um filho que se despediu precocemente.
Como superar o luto
Não existe o melhor modo de superar o luto, mas têm uma maneira de criar memórias que reúnam coisas da vinda daquele bebê. Como por exemplo, uma caixa de lembranças.
Nela pode conter objetos simbólicos que comprovem o luto e confortem a dor, como uma mecha de cabelo, carimbo feito com as mãos e pés, uma ultrassonografia, a pulseira de identificação, a primeira roupa do bebê e até uma foto. Em alguns casos a família pode preferir não ter contato com essa caixa imediatamente, mas algum familiar ou a doula, podem guardar e entregar após um tempo quando for o desejo dos pais.
Pode ser feita também uma cerimonia de despedida, porque em alguns casos não é possível ser feito o funeral ou o enterro.
Cada um terá o seu tempo para elaborar o luto, respeitar as etapas e se abrir para entrar em contato com as emoções.
Quando existe a presença de uma doula, que acompanhou a trajetória ou após o processo acolheu essa família, o fortalecimento e o suporte nesse período é algo construído e que desconstrói os medos e sentimentos de culpa. Inclusive uma doula poderá te colocar em grupos de apoio, para ter contato com outras mulheres que viveram experiências parecidas e de fato entendem a sua dor.
O luto não precisa e nem deve ser um processo solitário.
Se quiser conversar, eu estou aqui para te ouvir e acolher!
Saiba mais sobre o assunto com os estudos científicos abaixo.
Referências
Aborto e saúde pública no Brasil
https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2007000900001&l
Luto insólito, desmentido e trauma: clínica psicanalítica com mães de bebês
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-47142007000400004&script=sci_arttext