DOULA não é apenas “aquela que serve”

Compartilhe:

Olá.

Eu sou a Nati. Educadora física, técnica em enfermagem e Doula.

Moro em Cascavel/PR. Sou casada com o Christopher, com quem tenho dois filhos, o Leonardo e a Letícia.

Desde que me entendo por gente, sabia que quando tivesse um filho ele nasceria de parto normal.

Quando engravidei, fui atrás de um médico que atendesse parto normal.

Desde a primeira consulta eu dizia ao médico do meu desejo pelo parto normal, e ele sempre respondia “se estiver tudo bem farei seu parto”.

Quando completei 39 semanas de gestação, em uma consulta de rotina, o médico me avaliou. Fez um toque vaginal e disse que eu não iria dilatar para o parto normal e que era pra mim agendar a cesariana pra próxima semana.

Eu fiquei sem reação.

 

Estava em choque. Não falei nada. Apenas sai do consultório com meu marido.

No caminho pra casa chorei muito e disse ao meu marido que não era o que eu queria, e ele me disse, “não vamos marcar cesárea, vamos atrás de outro médico”.

E eu pensei: “com 39 semanas quem vai querer me atender?”

Cheguei em casa e postei tudo o que tinha acontecido em uma página de mães no Facebook. Em poucos minutos já tinha vários comentários no meu post, e quase todos me incentivavam a não desistir do meu tão sonhado parto normal.

Algumas mães me passaram o contato de um enfermeira obstétrica aqui de Cascavel.

Já era noite e eu liguei pra ela. Marcamos de conversar no outro dia. Também, no mesmo post, uma Doula entrou em contato comigo e também marcamos de conversar.

Conversei muito com as meninas, e por coincidência, na semana seguinte teria uma palestra do GESTA CASCAVEL sobre parto domiciliar.

Eu e meu marido fomos e lá tiramos todas as nossas dúvidas, e então, decidimos pelo parto domiciliar.

A enfermeira obstétrica tinha um médico obstetra muito amigo, que aceitou ser o médico backup.

E eu nunca mais voltei no médico que quis me enganar.

Com 41+6 semanas, o Leonardo nasceu em um maravilhoso parto domiciliar planejado, amparado pelas mãos de seu pai.

Parto do Leonardo. Foto: Michelli Crestani

Nove meses depois eu estava grávida de novo

 

E tinha a certeza que o parto seria domiciliar novamente. A gestação passou super tranquila. Já tinha Doula e equipe de enfermeiras obstétricas contratadas.

Mas nem tudo acontece como planejamos. Com 36+3 semanas, enquanto dormia, minha bolsa rompeu. Acordei assustada e fui para o banheiro, achando que havia feito xixi.

Mas não, era a bolsa que tinha rompido.

Acordei meu marido e liguei para a enfermeira obstétrica, porque sabia que era prematura e tinha medo do parto não poder ser em casa.

E a enfermeira  disse o que eu mais temia: “o parto teria que ser hospitalar devido a idade gestacional“.

Ela me avisou que quando a fase ativa iniciasse era pra ir pro hospital.

Minha doula não estava na cidade. Então, uma amiga que também é doula, disse que me acompanharia, mas que não ficaria até o nascimento porque tinha um bebê de 6 meses.

Fomos para o hospital pela manhã, onde fui avaliada pelo plantonista.

Já estava com 6 cm de dilatação.

Fui para o quarto e duas horas depois ele me avaliou novamente.

Disse que estava de 9 pra 10 centímetros de dilatação, mas ainda tinha um rebordo de colo. Ele disse que logo voltaria.

Não chamem ninguém.

 

Minha amiga doula já tinha ido embora. Então, no quarto estávamos eu, meu marido e a fotógrafa. Eu olhei pra eles e disse: “Não chamem ninguém. Não quero ir pra sala de parto. Ela vai nascer aqui!”.

Mais duas contrações e a Letícia nasceu.

Foi amparada pelas mãos de seu pai.

Parto da Letícia. Foto: Michelli Crestani

Logo após o nascimento, devido ao meu grito na hora do expulsivo, olho para a porta e o médico estava entrando.

Minha filha nasceu super bem e não precisou de nenhuma intervenção.

Até ai eu sempre achei incrível o trabalho das Doulas, mas nunca quis ser uma.

Até que…

 

Uma amiga grávida me convidou para almoçar na casa dela.

Chegando lá, percebi que ela estava com algumas contrações irregulares, e ela me disse que eram contrações de treinamento.

Na hora do almoço ela não conseguiu fazer o almoço de tão intensas que estavam as contrações. Então decidimos pedir marmita.

Após almoçarmos, as contrações começaram a ficar mais intensas e decidi chamar a doula dela.

A doula chegou e mesmo as contrações não estando ritmadas ela decidiu chamar uma das enfermeiras obstétricas, já que o parto seria domiciliar.

A enfermeira chegou e avaliou ela, que já estava com 5 cm de dilatação.

Durante a fase ativa do trabalho de parto, entre uma contração e outra, eu perguntei se ela queria que eu ficasse ou fosse embora, e ela me disse que eu poderia ficar. E eu fiquei, rs.

Acompanhei todo o processo do parto, as assistências da doula e da enfermeira obstétrica.

Vi aquela mulher se transformando durante o parto.

Vi a guerreira em que ela se tornou para trazer sua filha ao mundo e no fim da tarde uma princesa nasceu.

Foi tão incrível estar ali, ver todo aquele processo acontecer.

Depois do nascimento do bebê, a placenta ainda precisava nascer.

Após alguns minutos de conversa a sós, eu ajudei a tranquilizar aquela mulher, que conseguiu parir sua placenta de forma natural.

Saí daquela casa envolvida no mais puro amor de uma mãe para um filho.

Poder ver aquele parto mudou minha vida. Naquele momento, decidi que queria ser DOULA.

Queria poder ajudar outras mães a viverem esse momento tão incrível e único que é o parto.

Fui a procura de um curso de doula e descobri que seis meses depois haveria um curso na minha cidade. Fiz minha inscrição dias depois daquele parto.

Me formei doula no curso do GAMA, em julho de 2017.

Finalmente Doula. Arquivo pessoal.

Desde então aprendi que DOULA não é apenas “aquela que serve”.

Aprendi que doula é muito mais.

  • É aquela que passa muita informação.
  • É aquela que sabe ser firme e dizer a verdade quando precisa.
Acompanhando parto da Camila. Foto: Duplica
  • É aquela que tem uma palavra de apoio na hora certa.
  • É aquela que tem uma abraço apertado para encorajar.
Acompanhando parto da Daniela. Foto: Michelli Crestani
  • É aquela que tem um olhar amigo que diz que você vai conseguir.
  • É aquela que sempre tem um sorriso pra te fazer lembra que apesar da dor, o parto é um momento de felicidade.
Acompanhando parto da Milena. Arquivo pessoal.

E em cada parto que vou, me entrego de corpo e alma.

Vou disposta a dar o meu melhor para aquela mulher.

Meu objetivo é ajudá-la a passar pelo trabalho de parto de uma forma tranquila, leve e gratificante.

E a melhor recompensa é o sorriso delas depois do nascimento do filho.

 

Links de apoio

– Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas
no trabalho de parto e no parto.

http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n10/26.pdf

– Preparo da gestante para o parto.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671973000200108

Compartilhe:

6 respostas para “DOULA não é apenas “aquela que serve””

  1. Que lindo, Nati! Sou eternamente grata por todo seu cuidado comigo e minha família. Você acreditou em mim e me deu força para seguir. Tens morada em meu coração. ?

  2. Foi por um engano que te conheci, mas desde o primeiro momento tive certeza que Deus haviado enviado você para me auxiliar no mento mais maravilhoso da minha vida. Sempre presente, atenciosa, doce e serena, me passando todo seu conhecimento e me dando a força que tanto precisei em muitos momentos. Por tudo, obrigada!

    1. Lari
      Foi maravilhoso estar com você, foi uma benção pra mim Deus ter te colocado na minha vida. Obrigada 🙂

  3. Olá meu nome é Camila e estou com 21 semanas, gostaria mto de ter uma doula para o momento do parto, mas não conheço nenhuma, onde posso encontrar?
    Obrigada!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.