Desde que me entendo por gente tenho o desejo em ser mãe. Quando pequena perguntava a minha mãe como eu poderia ter um bebê já que morria de medo que me cortasse a barriga. Ela me explicava que não doía, que nesse processo tem anestesia. Eu ficava confusa e com medo, pois para mim era como se um dependesse necessariamente do outro: “ter bebê = a cesárea”. O tempo foi passando, eu fui crescendo e descubro que sim, existe outro modo de os bebês virem ao mundo. Ufa, que alívio!
E em minha caminhada de estudos e pesquisas sobre bebês e nascimentos, questionei com a minha mãe sobre o motivo por ter optado pela cesariana. Ela havia me dito que não dilatou em seu parto, e por isso foi cesárea. Investigando melhor, minha mãe nem se quer havia entrado em trabalho de parto. (Este fato conta muito sobre a realidade obstétrica brasileira. Vamos estudar, Annaiza!).
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“Caiu a ficha”
Sou Psicóloga Clínica, Doula, Educadora Perinatal, Reikiana, estudiosa da Ginecologia Natural e Pós Graduanda em Acupuntura. Atuo como Doula desde março de 2017 na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Já estudava nascimentos e partos desde 2013 durante a minha formação na Psicologia. Nesta época foquei nos estudos do Desenvolvimento Humano, fui vendo nestes estudos que as circunstâncias, o contexto social e histórico influenciam as pessoas e o modo como elas interpretam o mundo e suas vivências. Nesta trajetória também fiz cursos sobre a Mente Inconsciente do Bebê e pude perceber o quanto a experiência do nascimento pode influenciar no modo como o ser percebe e se constrói no mundo. Foi aí que me “caiu várias fichas”, e o desejo de atuar e fazer parte das mudanças do atual cenário obstétrico e de auxiliar mulheres que desejam ter o seu parto da forma mais respeitosa e livre me coloca nesta posição de profissional que prepara, orienta, cuida e acolhe mais e mais mulheres em seu gestar e parir.
Doula no SUS
Faço plantões voluntários no Hospital Municipal da minha cidade. Este Projeto de Doulas Voluntárias no SUS visa proporcionar às mulheres e acompanhante um acompanhamento de qualidade, acolhimento e incentivo. Para muitas mulheres aquele cenário do parto é algo desconhecido, não compreendido, e que pode gerar medo e muitas preocupações. Faço presente e sou presença neste momento, levando mais conforto, consciência e tranquilidade para o momento, que é único na vida daquela família.
E Anna, como funciona o seu acompanhamento como Doula e Educadora Perinatal?
O meu trabalho perpassa por:
Encontro informacional, em que trabalhamos a cerca da fisiologia do trabalho de parto, suas fases, as realidades obstétricas da cidade e escolha da equipe, o momento ideal para ir ao hospital (em caso de partos hospitalares), confecção do Plano de Parto;
Encontro vivencial em que apresento os métodos não farmacológicos para o alívio de dor, posições ideais para o momento do trabalho de parto, massagens em pontos específicos, pontos da Acupuntura que auxilia no processo de parto, dentre outros cuidados que possam ser importantes para a mulher;
Além disso, ofereço um cuidado emocional, compreendendo que o que ela sente e pensa está carregado de toda uma história de vida e cultural. O medo de não conseguir, uma ansiedade que se intensifica com a proximidade do parto, traumas vivenciados, são questões importantes para se cuidar e trabalhar antes do parto. É importante ressignificarmos esta história previamente ao parto, assim ela poderá se entregar de fato, com mais segurança e leveza para o processo do nascimento de seu bebê e renascimento de si mesma. Esta preparação também é feita no puerpério/pós parto, uma fase que pode vir acompanhada de um turbilhão de sensações ao mesmo tempo, uma redescoberta como mulher que procura a sua nova identidade, um período desafiante e também mágico que permite à mulher um reencontro consigo mesma.
Aqueço o meu coração acompanhando mulheres em seus vários (re)nascimentos como mãe, mulher, companheira, filha, profissional e tantas outras versões de si, em suas descobertas e potencialidades que a vida te proporciona! Ainda não realizei o meu sonho de ser mãe, e essa (re)descoberta de mim acontecerá tão rica de aprendizados e experiências compartilhadas que já me sinto privilegiada pela vida!
Quer saber mais sobre este trabalho que realizo, entre na minha página @psiannaiza.
Referências:
- Desenvolvimento Humano, Diane E. Papalia. 2006. 8ª Edição – Artmed.
- Práticas da Medicina Tradicional Chinesa para gestação, parto e puerpério – telessaude.sc@saude.sc.gov.br