Cíclica

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Minha trajetória profissional tem sido tudo menos linear. Natural de Jundiaí, a vida me levou à enfermagem a partir do curso de auxiliar e técnico. Com 22 anos, na minha primeira entrevista de emprego, alguém já notou minha paixão pela obstetrícia, e eu ainda não tinha conhecimento disso. Enquanto trabalhava no centro obstétrico, num modelo que já havia enfermeiras obstétricas atuando, ingressei na graduação em Enfermagem na Faculdade de Medicina de Jundiaí em 2008.

Graduação FMJ

O Movimento pela Humanização do Parto

Formada em 2011, me vi querendo mudar a realidade obstétrica na cidade. Conheci mulheres e doulas que já introduziam o movimento pela humanização do parto na cidade, e juntas queríamos revolucionar. Dentro do Hospital Universitário de Jundiaí, onde trabalhava como enfermeira do Alojamento Conjunto, plantava sementes da humanização quando organizava a visita do grupo de gestantes, quando compus a equipe da Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Mas teria que ter muita paciência para começar a colher os frutos.

Em 2013, passei em 2ª chamada no curso de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher da UNIFESP, e mesmo sabendo que não estaria me preparando diretamente para atuar na assistência ao parto, vislumbrei uma oportunidade de explorar novos horizontes. Mudei de cidade, fechei ciclos, tive muita saudade, pensei em desistir. Tinha 27 anos, era o retorno de saturno. Então, como uma boa virginiana, com muito esforço e planejamento vi que era possível ao mesmo tempo cursar a pós-graduação em obstetrícia, e me matriculei no curso quinzenal do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Passei o ano de 2014 cursando duas pós-graduações e escrevendo dois TCC. Nem preciso mencionar que para mim isso foi um ato heróico e certamente muito ambicioso. Precisava aproveitar a minha permanência temporária em São Paulo. 

Primeira assistência ao parto – arquivo pessoal
Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher UNIFESP  

 

 

 

 

 

Era hora de enfrentar o mercado de trabalho

Concluídos os cursos, o que já não foi difícil o bastante, enfrentar o mercado de trabalho como recém-formada foi ainda mais desafiador. Fiz toda minha mudança de volta para Jundiaí porque ainda não havia nenhuma oportunidade, mas depois de um mês, fui chamada num hospital da rede privada em São Paulo. Organizei novamente toda a minha mudança, e dessa vez iria morar sozinha. Mais um grande desafio quando percebi que não era nada do que eu imaginava. O índice de cesariana daquele hospital era em torno de 90%, e para mim seria muito difícil trabalhar nesse modelo. Após 45 dias, saí daquela instituição e com sorte, fui chamada para compor a equipe de um hospital que seria inaugurado, o Hospital Municipal da Vila Santa Catarina, uma organização social do Hospital Israelita Albert Einstein, para atuar diretamente na assistência ao parto. Foi um período de muitas oportunidades, pois pouco tempo depois fui chamada para assumir um cargo público num concurso que prestei em Paulínia, interior de São Paulo.

Enfermeira HMVSC
Enfermeira APH

 

 

 

 

 

 

Mais uma vez, cometi a loucura de fazer duas coisas ao mesmo tempo. Como a carga horária era de 30 horas, me pareceu possível permanecer nos dois lugares, onde em um estaria trabalhando naquilo que era minha paixão, e no outro o desafio enorme de trabalhar com Assistência Pré-Hospitalar (APH). Em um ano me mantive nas duas funções.

Ser enfermeira obstétrica

Casa Angela

Assim, no ano de 2017, resolvi que me dedicaria totalmente à função de ser enfermeira obstétrica. Fiz outra pós-graduação (Antroposofia em Saúde-UNIFESP) e diversos cursos e dentre eles, o curso de imersão da Casa Angela, aquele lugar encantador que por muitas vezes havia enviado o meu currículo. E assim, no final do ano eu finalmente fui convidada a compor a equipe de parteiras. O sonho que nutria desde a graduação tornou-se realidade, num modelo de assistência ao parto que sempre acreditei. Deixei o hospital logo depois que entrei na Casa, pois passou a fazer outro sentido, apesar de ser imensamente grata a todo aprendizado pelos dois anos e meio que lá permaneci.

Acompanhamento de TP em domicílio – arquivo pessoal

Neste ano de 2018, além da Casa Angela, passei a atuar num modelo de parteria autônoma, com assistência hospitalar particular e domiciliar, além de educação perinatal. Considero-me em constante aprendizado e transmitir meu saber e meus cuidados são meus objetivos profissionais.

 

Fruto do Ventre – Parteira Natália

Referências

  • Atuação do enfermeiro obstetra:  https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05162016_41989.html
  • Movimento pela Humanização do Parto: https://partonaturaljundiai.blogspot.com/p/na-midia.html
  • Índice de cesariana na rede particular em São Paulo: https://www.maesdepeito.com.br/confira-lista-com-a-taxa-de-parto-normal-das-principais-maternidades-de-sp/

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2 respostas para “Cíclica”

  1. Eu conheci você como Aux. De enfermagem, vi como era dedicada e apaixonada pelo que fazia. Hoje vendo você onde está fico super feliz e orgulhosa pela sua dedicação e amor a sua profissão. Parabéns, conquiste todos os seu objetivo e que venha muitos sucesso. Beijos da sua enfermeira que foi um dia e hoje você é a enfermeira ???

    1. Que prazer imenso ter trabalhado com você e ter um dia me inspirado na sua atuação! Muito obrigada Cris! Grande beijo

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