Bicos artificiais: porque não são recomendados?

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Com a intenção de simplificar a tarefas dos adultas em acalmar os bebês, a oferta de chupeta se popularizou e trouxe conveniência e comodidade aos cuidadores. A falta de informação e de tempo, a busca por facilidades imediatas, a desconexão com os instintos do bebê e outros vários motivos fizeram com que as formas naturais e gentis de lidar com o choro e as demandas do bebê fossem deixadas de lado. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) desencoraja o uso de chupetas em crianças amamentadas e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que o uso da chupeta pode atrapalhar a amamentação e causar outros problemas para os bebês.

O que são bicos artificiais?

Bicos de Silicone. Fonte: https://www.shoppingdagestante.com.br/bicos-de-silicone-para-amanentacao-grande-philips-avent

                                                                                           A mamadeira e a chupeta com qualquer tipo de bico, inclusive os “ortodônticos”, e o bico de silicone para amamentação.

 

 

 

 

 

Como e porque o uso dos bicos artificiais podem ter efeitos negativos para a criança?

A chupeta – O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu bebê – Andréia Stankiewicz
  • Atrapalha a amamentação: a confusão de bicos acontece porque a musculatura da boca é trabalhada de formas diferentes no mamilo materno e no bico artificial. A sucção de um bico artificial faz com que o bebê perca o tônus muscular e altere a posição muscular (principalmente da língua e dos lábios), fazendo com que ele não consiga fazer a pega correta quando sugar no mamilo materno. Além disso, chupar chupeta diminui a produção de leite, porque o bebê pede menos o peito e causa machucados no mamilo devido a pega incorreta.
  • Atrapalha na fala, mastigação, deglutição e respiração da criança. Podem surgir deficiências de dicção, voz rouca e ou anasalada. A mastigação perde sua característica normal bilateral e alternada, tendendo a vertical ou unilateral afetando as estruturas e articulações envolvidas nesses processos, que na infância, estão em desenvolvimento.

    A chupeta – O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu bebê – Andréia Stankiewicz
  • Altera postura e tonicidade dos músculos da boca: lábio superior fica encurtado, lábio inferior flácido e virado para fora, as bochechas podem ficar hiper ou hipotônicas e caídas (depende da forma que a criança adapta a sucção) e a língua perde tonicidade, ficando numa posição baixa e retraída dentro da boca.
  • Os ossos da face crescem de forma desarmônica. As arcadas dentárias e ossos nasais são estreitados e desviados (desvio de septo) prejudicando a deglutição, fala respiração, tornando também obstáculo mecânico para cura de algumas patologias, principalmente rinite, sinusite, amigdalite, bronquite, otite… A mandíbula fica retraída, ou seja, o queixo não cresce prejudicando a estética e a fisiologia. Podem causar também maloclusão, ou seja, “mordida” errada.
  • Não existe bico artificial anatômico que “imite” o mamilo: os bicos de borracha tem textura, forma, elasticidade e capacidade de esticar dentro da boca diferentes do mamilo.
  • O dedo não é melhor que a chupeta! A sucção do dedo se assemelha a do mamilo por fazer parte do corpo, ter calor, odor e consistência mais parecidos, e também pelo fato de ficar quase na mesma posição dentro da cavidade bucal. Entretanto os danos causados pela sucção prolongada do dedo e de chupeta são semelhantes.
  • Uso de bicos artificiais é uma das causas da Síndrome do Respirador Bucal, ou seja, respiração pela boca.
  • Toxicidade e segurança: no processamento da borracha natural e criação da sintética são adicionadas várias substâncias ao látex para oferecer maior elasticidade. Em contato com a saliva, esses produtos são liberados e expostos à criança. Além disso, como qualquer outro objeto que é levado a boca, os bicos podem ser veículos de transmissão de infecções.

Como lidar com o choro e outras demandas dos bebês?

É super importante saber que nem sempre que os bebês choram é porque eles estão sentindo dor! Pode ser o choro de medo, insegurança, de frio, calor, fome ou simplesmente porque o choro é o único meio de comunicação deles.

Os bebês também têm a necessidade da sucção não nutritiva, que nada mais é do que sugar! Sugar funciona como um calmante para o bebê, por isso, a chupeta “funciona”.  

Algumas formas de suprir essas necessidades:

  • Aleitamento materno em livre demanda: não só para suprir a necessidade nutritiva do bebê, como para suprir a necessidade de sucção não nutritiva (sugar)
  • Sling: deixa o bebê apertadinho, bem próximo a mãe possibilitando ouvir sua voz, sentir seu cheiro constantemente.
  • ”Charutinho”, “Pacotinho”: enrolar o bebê bem apertado
  • Ofertar sons de chiado: pode ser som do chuveiro, liquidificador, secador de cabelo, TV chiada, “shhhh” com a boca ou os aplicativos de celular.
  • Balanço: andar de carro, colocar na rede, balançar no colo…

Referências Bibliográficas

A chupeta – O que toda mãe (e pai) deveria saber antes de oferecer uma chupeta para o seu bebê” da Andréia Stankiewicz, 2013. Link https://www.cientistaqueviroumae.com.br/blog/textos/chupeta-o-que-toda-mae-e-pai-deveria-saber-antes-de-oferecer-uma-para-seu-bebe-por-andreia-stankiewicz

Uso de chupeta em crianças amamentadas : prós e contras. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017. Link https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Aleitamento-_Chupeta_em_Criancas_Amamentadas.pdf

Interferência do uso de bicos artificiais nos padrões de sucção e amamentação. Dissertação de Mestrado – Christyann Lima, 2017. Link http://tedebc.ufma.br:8080/jspui/bitstream/tede/1745/2/ChristyannBatista.pdf

Influência do uso de chupetas e mamadeiras na prática do aleitamento materno. Journal of Health and Biological Sciences, 2017. Link http://periodicos.unichristus.edu.br/index.php/jhbs/article/view/1153/429

Teoria da Extero-Gestação The Happiest Baby on The Block, Dr. Harvey Karp, Bantam Dell, 2002. New York. Our Babies, Ourselves: How Biology and Culture Shape the Way We Parent, Meredith F. Small, Anchor Books, 1998. New York. https://docplayer.com.br/10845152-Teoria-da-exterogestacao.html

 

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