Buscar um parto normal humanizado pode ser bem solitário. Parece que um evento natural é motivo de estranhamento para muitas pessoas – inclusive pra parceria ao lado nessa jornada do gestar. É uma eterna sensação de estar só, à deriva, desejando com algo que parece irreal. Por isso, espaços de troca são tão importantes. Mas existe esse lugar? Sim, ele existe! Aliás, existe aos montes! São as rodas de conversa para grávidas!

O que são rodas de conversa?

As rodas de conversa são espaços ricos de diálogo sobre temas específicos e que contam com pessoas mediando o momento. Nesse sentido, as rodas para pessoas grávidas, acompanhantes e familiares têm como foco assuntos relacionados à gestação, parto, amamentações e cuidados pós-parto.

É comum se deparar com rodas de tema livre, ou seja, aquelas que só divulga o encontro, mas a temática se desenrola na hora. Também é possível ir para rodas de conversa com temas divulgados previamente, por exemplo, falando sobre as mudanças físicas e emocionais na gestação.

As rodas de conversa funcionam com frequência (semanal, quinzenal, mensal), com horários e locais pré-estabelecidos e com inscrição prévia. Além disso, alguns grupos viabilizam encontros gratuitos ou pagos.

clique e confira o textoAo frequentar as rodas de conversa, você pode se deparar com temas como as fases do trabalho de parto, o momento de ir ao serviço de saúde, técnicas de alívio da dor, como acompanhante pode ajudar no processo, os direitos da pessoa gestante, parturiente e do recém-nascido, amamentação, mudanças emocionais e físicas na gestação e vários outros!

5 Motivos para ir à rodas de conversa

Se você ainda está na dúvida sobre tirar um tempinho do seu dia corrido para ir a um desses encontros, aqui vão cinco motivos para mudar de ideia:

1. Conhecer o cenário obstétrico da sua região. Através dos diálogos é possível conhecer melhor as práticas das instituições e profissionais da região. Assim, você decide de forma mais consciente onde investir (ou evitar investir) dinheiro, tempo e saúde mental.
2. Ouvir relatos de parto reais, com a chance de tirar dúvidas na hora. Escutar alguém que acredita no mesmo que você contando a própria experiência é um sopro de força. Além disso, permite uma familiaridade maior sobre práticas, intervenções, sensações, naturalização a respeito do trabalho de parto em si. Ajuda também na preparação da pessoa acompanhante.
3. Aprender a filtrar informações. Nem todo mundo vive uma história feliz na assistência e ainda assim acha belíssimo o seu parto. Num país com mais de 50% de cesáreas no SUS e mais de 80% nos planos de saúde, não dá pra acreditar que todas as cirurgias foram necessárias e as intervenções no parto normal são todas bem vindas. Por isso é essencial saber filtrar as informações que chegam e fazer sua própria avaliação.
4. Estar entre iguais. Criar laços, sentir que não é a única pessoa a acreditar num nascimento respeitoso, acolhedor e seguro pra si e para sua cria. Estar entre pessoas que buscam o mesmo traz uma sensação de pertencimento, diminui a ansiedade  e aumenta o círculo de amizade.
5. Ter acesso à informação de qualidade. Especialmente nas rodas mediadas por profissionais humanizadas como doulas, educadoras perinatais, grupos de parteiras e obstetras, há um compromisso com as evidências científicas (um dos pilares da humanização). As rodas de conversa ajudam no acesso à informação de forma simples e clara.

 

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Onde encontrar rodas de conversa

Para encontrar rodas de conversa não tem mistério: é só pesquisar na internet por “roda de conversa para grávidas [nome da cidade]”. Outra opção é perguntar à profissionais de referência na sua região sobre esses encontros: doulas normalmente tem ou sabem onde tem rodas. Não encontrou nenhuma roda pertinho? Experimente as rodas de conversa on-line!

Falando do meu querido país Pernambuco (piada interna regional), em Recife, temos algumas rodas de conversa. Vou deixar aqui três especiais:

Com história para contar,  a Coletiva Boa Hora oferece encontros quinzenais e presenciais nas terças-feiras, às 18h30. A participação é mediante inscrição disponível nas redes da coletiva.

O grupo Ishtar Recife também realiza duas rodas no mês. Os grupos se reúnem presencialmente nas quintas-feiras, às 19h. Para participar, é necessário fazer inscrição prévia pelo link disponibilizado no instagram.

A Rede Koru , coletivo de doulas, oferece rodas de conversa semanais para famílias grávidas, alternando entre momentos presencial e on-line. Toda quarta-feira, às 19h, os encontros temáticos são mediados pelas doulas Ana Luísa Fonseca, Laís Torres e Malu Moraes (eu!). As famílias que desejam participar devem fazer a inscrição através do link disponibilizado na biografia do instagram.

Além dessas, existem inúmeras rodas de conversa oferecidos por planos de saúde, grupos de parto em casa, equipes de parto humanizado (e outras que vale apena estar com aquele filtro ativado).

Na sua região tem rodas de conversa?

Compartilha nos comentários o estado, o grupo que media os encontros e o contato. Assim, cada vez mais pessoas se conectarão em prol de um nascer com respeito, positivo e acolhedor.