O pré-natal é importantíssimo para acompanhar o desenvolvimento fetal e a saúde materna. Para isso, são feitas consultas durantes as quais são solicitadas exames, tanto laboratoriais (coleta de sangue, urina e fezes) quanto de imagem (ultrassons).
Aqui você terá conhecimento de quais exames são solicitados como rotina no pré-natal de baixo risco e qual a finalidade de cada um deles.
O esquema de exames a seguir é o recomendado pelo Ministério da Saúde e são os exames solicitados durante o pré-natal feito no Sistema Único de Saúde (SUS):
Nesse post você vai encontrar
1ª consulta ou 1º trimestre de gestação (até 13 semanas):
- Hemograma: serve para diagnosticar infecções e anemias (falta de ferro, talassemia…);
- Tipagem Sanguínea e fator Rh: serve para saber seu tipo sanguíneo. Se você tem Rh negativo e o pai do bebê tem Rh positivo, você terá que tomar a vacina anti-Rh na gestação, e se após o parto o bebe tiver Rh positivo, você terá que tomar a vacina novamente.
- Coombs indireto: é feito todo mês se você já souber seu tipo sanguíneo e se for negativo;
- Glicemia de Jejum: mede a quantidade de açúcar no sangue e serve para rastrear diabetes;
- Urina tipo 1: serve para diagnosticar problemas que afetam o sistema renal e urinário, como por exemplo infecção urinária;
- Urocultura: serve para diagnosticar e identificar o tipo de infecção urinária;
- Sorologias para HIV, Sífilis, Hepatites B, Toxoplasmose: detectam se você tem a doença atualmente ou se têm anticorpos de memória;
- Ultrassom transvaginal: serve para identificar o saco gestacional e calcular a idade gestacional.
Se houver necessidade, podem ser solicitados:
- Citopatológico de colo de útero ou “papanicolau”: para rastreio de câncer de colo do útero
- Parasitológico de fezes: avalia a presença de parasitas, como a lombriga, e a funcionalidade do sistema digestivo.
2º trimestre (14 à 26 semanas):
- Teste de tolerância para glicose (TTG) ou “curva glicêmica” com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco para diabetes gestacional: deve ser feito preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana e serve para diagnosticar diabetes. Gestantes com glicemia acima de 92mg/dL já são consideradas diabéticas portanto, não precisam fazer este exame!;
- Repetir urina 1 e urocultura.
3º trimestre (27 à 42 semanas ou mais): aqui são basicamente os mesmos exames do 1º trimestre com a mesma finalidade:
- Hemograma;
- Glicemia de Jejum;
- Urina tipo 1;
- Urocultura;
- Sorologias para: HIV, Sífilis, Hepatites B e Toxoplasmose;
- Ultrassonografia Obstétrica com Ecodoppler fetal: avalia crescimento e desenvolvimento fetal (peso e medidas), grau da placenta, índice de líquido amniótico (ILA), e também avalia o funcionamento da placenta e vasos para verificar o bem-estar fetal.
Já no sistema privado (particular e convênio), o tipo e a frequência dos exames solicitados dependem do protocolo que o profissional segue. Os exames básicos, como: Hemograma completo, Tipagem sanguínea e Fator Rh, Coombs indireto, Sorologias para HIV, sífilis, toxoplasmose e Hepatite B, Urina tipo 1 e urocultura e ultrassonografias obstétricas geralmente são solicitados. Entretanto, é comum os profissionais solicitarem outros exames, como:
- Ecodoppler Fetal: avalia avalia o funcionamento da placenta e vasos para verificar o bem-estar fetal;
- Sorologias para rubéola e hepatite C: detectam se você tem a doença atualmente ou se têm anticorpos de memória.
- TGO (Transaminase glutamico-oxalacética) e TGP (Transaminase glutamico-piruvica): avaliam o funcionamento do fígado;
- Ureia e Creatinina: avaliam o funcionamento dos rins;
- 25-hidroxivitamina (vitamina D): avaliar a vitamina D – sua deficiência pode causar raquitismo e osteoporose, entre outras doenças;
- Colesterol total e frações/ Triglicérides: rastreia o risco de doenças cardiovasculares;
- Parasitológico de fezes
E os ultrassons?
As Ultrassonografias Obstétricas, os Ultrassons Morfológicos do 1º, 2º e 3º trimestres (avaliam o desenvolvimento dos órgãos fetais, malformações e anomalias genéticas) e o Ecodoppler fetal geralmente são solicitados com maior frequência no sistema particular, tanto por pedido da gestante para saber como o bebê está e/ou para vê-lo, como por conveniência médica. Porém, sabe-se que de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a solicitação desses exames com frequência sem indicação clínica não melhora os resultados maternos e perinatais. É por este motivo que o SUS não libera mais do que 3 ultrassons por gestante (em gestação de baixo risco)!
E o exame do cotonete?
O exame do cotonete ou Cultura para Streptococcus do grupo B avaliava a presença da bactéria Streptococcus na vagina e no ânus e era indicada a coleta de 35 à 37 semanas de gestação, porém em 2017 a área técnica da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo publicou uma Norma Técnica afirmando que não existe evidência científica para a coleta rotineira do exame de rastreamento para streptococcus agalactiae (Estreptococo do Grupo B ou GBS) em todas as gestantes atendidas no pré-natal. Portanto o exame em todas as gestantes não deve ser realizado!
Porque? A análise de revisão da literatura científica não mostra
benefício na redução da mortalidade neonatal com esta rotina.
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Tanto no SUS quanto no sistema particular, outros exames complementares podem ser solicitados, dependendo do seu histórico de saúde geral e obstétrica.
A avaliação de todos os exames e as condutas são de responsabilidade do profissional da saúde!
Referências Bibliográficas
Ministério da Saúde. Caderno de Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco, 2012.