Declaração da OMS
“Toda mulher tem direito ao melhor padrão atingível de saúde, o qual inclui o direito a um cuidado de saúde digno e respeitoso”.
No mundo inteiro, muitas mulheres sofrem abusos, desrespeito e maus-tratos durante o parto nas instituições de saúde. Essa experiência ruim é chamada de violência obstétrica.
Nesse post você vai encontrar
Mas o que seria violência obstétrica?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a expressão como o conjunto de atos desrespeitosos, abusivos, de maus-tratos e de negligência contra a mulher e o bebê, antes, durante e depois do parto, que equivalem a uma violação dos direitos humanos fundamentais.
Existem muitos tipos de violência obstétrica, e alguns são bem fáceis de identificar.
“Geralmente, eles ocorrem quando o médico ou algum membro da equipe faz uso de palavras maldosas ou tem atitudes desrespeitosas como:
*Comentários agressivos – *Xingamentos – *Ameaças – *Discriminação racial
“Na hora que você estava fazendo, você não estava gritando desse jeito, né?”. |
“Não chora não, porque ano que vem você tá aqui de novo.” |
“Se você continuar com essa frescura, eu não vou te atender.” |
“Na hora de fazer, você gostou, né?” |
“Cala a boca! Fica quieta!.” |
Outros tipos de violência obstétrica, e que geralmente são difíceis de identificar, quase sempre consistem em procedimentos e intervenções desnecessários, como:
- Toques excessivos, desrespeitosos ou inadequados no seu corpo;
- Desrespeito ao tempo natural tanto da mãe quanto do bebê;
- Limitar que a mulher caminhe;
- Não permitir o acompanhante da escolha da mulher no momento do parto;
- Não prezar por um ambiente tranquilo no parto;
- Insistir para que a mulher opte por cesárea e desista do parto normal;
- Fazer uma cesariana sem a autorização da mãe, alegando uma “emergência” ou “necessidade de última hora” sem explicar o real motivo e nem se quer ouvir a mulher.
- Não fornecer informações corretas que sejam do interesse da parturiente;
- Realizar qualquer tipo de procedimento sem a informação e o consentimento da mulher.
Como identificar a violência obstétrica?
Os procedimentos desnecessários mais comuns no momento do parto.
- Lavagem intestinal: é desagradável e desnecessária, já que durante o trabalho de parto você esvaziará seu intestino naturalmente;
- Raspagem dos pelos íntimos: não é preciso fazer nem em casa, nem quando chegar à maternidade. Seus pelos são uma proteção natural para a vagina e não há necessidade alguma de removê-los no momento do parto normal ou da cesariana;
- Romper a bolsa: rompimento artificial da bolsa aumenta os riscos de infecção e problemas com o cordão umbilical do bebê;
- Administração de soro com ocitocina: torna as contrações mais incômodas e dificulta sua movimentação;
- Episiotomia: é uma incisão feita na vagina para ampliar o canal do parto, que raramente ela é necessária. Pior: pode causar dor e desconforto após o parto e até aumentar os riscos de infecção. Recuse-a!
Como se prevenir de um parto violento?
Antes de tudo é conhecer mais sobre a humanização e entender que o parto humanizado não é um “tipo de parto” onde os detalhes externos o definem, como: o uso da água, a posição, luz baixa, musicas, presença do acompanhante etc…
HUMANIZAR o parto é levar em conta as decisões da mulher, deixar que ela tenha autonomia e liberdade de escolha e conduzir o seu momento. Que muitas vezes isso não acontece nos partos convencionais.
Deixar a natureza fazer o seu trabalho, realizar um mínimo de intervenções médicas e apenas as autorizadas pela gestante – sempre levando em consideração a segurança e saúde dela e do bebê. Em um parto humanizado, a ação é toda da mulher que segue o processo fisiológico do parto. O médico fica ali apenas como um expectador e só interfere se ocorrer algum problema”
Na pratica:
- Busque informações consistentes, grupos de apoio ao parto e nascimento, participe de curso e workshop preparatórios para o parto.
- Esteja consciente de que toda parturiente tem direito assegurado por lei de ter consigo um acompanhante de parto sua escolha, isso é válido para todo o território nacional. Lei Federal 11.108, a Lei do Acompanhante. Seu acompanhante será sua voz, não abra mão dele.
- Visite a maternidade em que deseja ter seu bebê.
- Tenha a presença de uma doula. Infelizmente ainda não temos uma lei federal que assegure o direito a presença das doulas em todo território nacional. Mas muitos estados já possuem essa lei certifique-se desse direito em sua cidade.
- Faça seu plano de parto. Ele é um documento garantido por lei e é tão importante que a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda o uso do plano de parto desde o ano de 1986. Use essa ferramenta para te ajudar a fazer escolhas conscientes no parto, comunicar a equipe e garantir uma melhor experiência.
- Você tem o pleno direito de escolher aonde parir seu bebê, o local mais indicado é aquele em que sinta segura, desde que não tenha nenhum fator de risco aumentado.
A prevenção vem através da informação, não aceite te colocarem nesse palco de violências obstétricas onde a porta de entrada é a medicalização.
Feche essa porta e seja a protagonista do seu parto.
Referencias:
Violência obstétrica: https://www.artemis.org.br/violencia-obstetrica
Ameaçada e sem voz, como num campo de concentração: a medicalização do parto como porta e palco para a violência obstétrica: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/172548
Violência obstétrica no Brasil e o ciberativismo de mulheres mães: relato de duas experiências: https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1414-32832017000100209&script=sci_arttext&tlng=pt
Lei do Acompanhante: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm
Estudando Episiotomia: http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/estudando-episiotomia.html
Gostaria de fazer o curso de doula