Estar em constante busca e transformação me trouxe até o mundo da humanização do parto. Confesso que esse termo me incomoda um pouco, qual o sentido? Tem lógica? Já somos humanos! A necessidade de trazer um outro termo surgiu, pois o PARTO NORMAL, por muito tempo (e hoje ainda!) não tinha/tem quase nada de normal, muitas intervenções causando ainda mais dor a um processo já bem doloroso. Mas não foi nesse navio que entrei de gaiato, nesse entrei com pé direito e pisando firme!
Você já sentiu que não se encaixa, enquadra, enturma?
Vou contextualizar a minha história até me tornar Doula! Desde a mais nova lembrança que tenho, eu não sentia que pertencia a este mundo.
Características como observadora, cuidadora, multipotencial e questionadora, sempre me acompanharam… Sou Mãe, Doula, Fotógrafa, Reikiana e empresária. Já ouviu falar de pessoas índigo? Não nos ajustamos muito bem aos padrões e queremos mudar o mundo! Quando passei a me conhecer melhor e entender que não preciso atingir padrões e seguir crenças impostas e o quanto isso nos limita, foi libertador!
Já rodei o mundo…
Aos 17 anos, quando “TEMOS“ que escolher uma formação universitária, eu não tinha menor ideia do que queria fazer e embora a fotografia sempre tenha sido uma grande paixão, na época por uma série de motivos eu não poderia sair da cidade onde vivi toda a vida, como gostaria, então fiz o que mais próximo disso havia, publicidade! Depois de formada, com uma
câmera na mão e alguns cursos de fotografia e sem segurança para empreender, busquei um emprego como fotógrafa. ENCONTREI! Entrei de gaiato no navio literalmente e rodei alguns países por um ano. E lá encontrei um parceiro de vida! Aos curiosos, costumo sempre dizer que foi muuuito bom, uma experiência indescritível, a parte boa é incrível, mas a parte “dura” é bem tensa. Bem tipo: “Rapadura é doce, mas não é mole não.” ?
Gestação
Ano de 2015, fraturo o pé e sou surpreendida por uma TVP – Trombose venosa Profunda e o médico me informa que NUNCA mais eu poderia tomar contraceptivos hormonais e nem engravidar por pelo menos 6 meses #ficaadica! Pouco tempo depois do início do tratamento, saímos de viagem por mais de 30 dias, uma espécie de Lua de mel! Gostaram do spoiler? Cheguei de viagem exatamente no dia do meu aniversário. Resultado? Beta HCG: POSITIVO.
Passado o susto e alegria ao mesmo tempo, outro diagnóstico, trombofilia!
Nunca tive dúvida alguma de que a via de nascimento que gostaria de trazer meu filho ao mundo era a natural, só não imaginava na época, que conseguir isso seria tão difícil. Estudei e busquei muito, mas os profissionais da assistência ao parto, da forma como eu (não só queria) me informei que era o melhor, tanto para mim, quanto para meu bebê, não encontrei em minha cidade. E quando eu digo informação, são artigos científicos tanto sobre parto, quanto sobre a trombolifia englobando a melhor via de nascimento nesse caso. Entrei em contato com a Enfermeira Obstétrica Honielly, da cidade vizinha, que me indicou um GO.
Com 38 semanas, participo, como única gestante a termo e quase que por acaso, de um chá de bençãos, pelo qual me apaixono profundamente e hoje guio esse momento de magia e relaxamento! Nesse dia maravilhoso, duas mulheres incríveis se ofereceram para me doular, mas por não querer decidir entre uma ou outra, acabei sem uma doula pra chamar de minha. Disso me arrependo.
Relato de Parto – 06/07/2015
Cinco e algo da manhã, bolsa rompe e fico tranquila, estou com 39 semanas e 4 dias, sei que não preciso sair correndo, que em algum momento as contrações irão começar. Arrumo algumas coisas que faltavam, vou mantendo contato com a EO que me aconselha a dormir (já são 16 horas) e assim faço. Ao acordar, por volta de 18:30 sinto as primeiras e leves contrações, estou em fase latente, 19:30 estou em fase ativa, mas seguimos com o plano de passar na casa dos compadres, antes de ir para o hospital na cidade vizinha, para saborear uma sopa preparada especialmente para o momento. 20:30, percebendo a intensidade e rapidez com que aconteciam as contrações, meu amigo Gustavo, que estava presente, resolveu marcar, menos de 4 minutos de intervalo e 40 km para percorrer.
Um anjo sussurrou no ouvido de minha comadre Andréa, que me preparou uma bolsa de água quente para viagem, que junto com a playlist montada no mesmo dia tocando no carro, fez com que apesar da tensão, a adrenalina não sobressaísse a ocitocina. Outra amiga e fotógrafa, Elisa, nos acompanhou e foi marcando as contrações. Antes de chegarmos ao hospital, já estava sentindo puxos (a vontade de fazer força, na verdade é espontânea e salvo exceções não é necessário forçar). No primeiro e único toque feito, dilatação total. Gael nasceu 22:32, eu estava em pé, apoiando as mãos na coxa do Vini, que estava sentado na escadinha da cama e o amparou nos braços e me entregou.
Eu, Doula?!
SIM!!! A vontade de ajudar as mulheres na busca e vivência de um parto respeitoso e o acolhimento com amor a chegada de um novo ser ao mundo, desde a gestação, ficou martelando em minha mente e pulsando no coração. A rede de apoio formada pelos grupo de gestante, ao qual participei na gestação e ajudo a conduzir, junto ao trabalho da doula fazendo parte de uma equipe transdisciplinar é essencial para isso.
Como doula, me sinto finalmente pertencente. A mudança começa por dentro de cada um de nós e por isso seguimos lutando! E como fotógrafa, trago o velho e sábio clichê: “Uma imagem vale mais que mil palavras.” Confúcio
Agradeço a todos vocês das fotos abaixo, por compartilhar comigo esse momento transformador!
Ah Luluca querida, que delícia conhecer mais da sua história! Você é uma pessoa muito especial dessas que marcam a gente pra sempre. Parabéns pelo blog!!!
Você faz parte dela! Agradeço muito!
Adorei!!
Que seu caminho seja iluminado!
Ahhh Obrigada! Luz no caminho de todos nós!
Luluca!! !
Me emocionei com tua história e estou com o coração em festa por saber de uma alma linda aqui pertinho (atuo como Doula em Cascavel e participei do 1o ciclo de produções aqui da Casa!)!
Que nossos caminhos possam se cruzar! Bju! ❤