Os estudos mais atualizados mencionam que existe um certo padrão para o trabalho de parto, com a contração durando X, com intervalo Y e intensidade Z. Mas a verdade é que parto é uma caixinha de surpresas, já vi mulher parindo em 3h e outras que levaram até dias… Simmm é possível!! Este é um processo muito único e individual de cada mulher, estando tudo bem com a mãe e bebê, tudo bem aguardar quanto tempo for necessário e não precisamos apressar nada.
A dor pode ser algo muito subjetiva. Eu como doula, acredito que o parto é muito mais que um evento fisiológico e não envolve “apenas” a dor da contração expulsando um bebê.
“É rito de passagem,
É deixar de ser apenas a filha,
Para ser tornar mãe também,
Ruptura,
Potência,
Descontrole.”
Nesse post você vai encontrar
Ser Mulher
Você já parou pra pensar até onde reverberou esta ideia que parto normal é ruim? Parir dói, isso é fato, mas não é sofrimento. A mídia nos vende uma verdade absoluta de que cesárea é mais segura por acontecer num ambiente estéril, com hora marcada, você consegue organizar as coisas no trabalho para sair de licença, tudo planejado nos mínimos detalhes.
Mas a verdade é que o parto é um momento único para olhar para dentro de si e enxergar a potência que nós mulheres somos. (E tudo bem se mesmo assim você decidir optar pela cesárea, isso não é um julgamento; se sua escolha foi pautada numa escolha consciente tá tudo bem).
Não há nada que se compare, não é igual a dor de dente, cólica renal ou 1000 ossos se quebrando como muita gente acha. E que tal parar de olhar para a dor em si e refletir sobre o que ela nos traze? A dor da contração vem para nos ensinar a primeira lição da maternidade: nós não temos controle de absolutamente nada nessa vida! A maré sobe, as ondas ficam intensas e nos colocam num lugar de total entrega. É um processo primitivo, instintivo, doloroso, mas também é uma oportunidade única, já que nenhum parto é igual ao outro. Quem consegue enxergar esta beleza, privilegiada é.
Mas se mesmo assim você disser que “Mari não quero sentir dor” ok, existe a analgesia de parto (que tem prós e contras), mas pode ser uma boa ferramenta para a mulher relaxar e mergulhar profundo. E eu vou puxar sardinha pras doulas (eu eu eu)
Uma doula pode te ajudar e muito com alguns métodos não-farmacológicos para alívio da dor e não precisar recorrer a medicação (assunto pra outro post).
#DicaDaDoula
Vou listar aqui algumas dicas para as gestantes, para que possam se preparar melhor para este momento.
- Aceitar a dor e não lutar contra: ela não é inimiga, pelo contrário, é um abraço que seu útero está dando no bebê para despedir-se dele. E pense sempre – é uma contração a menos e estou mais perto de conhecer meu filho.
- Lembre-se sempre de respirar antes, durante e após as contrações.
- Se informe de todas as maneiras possíveis sobre os processos fisiológicos do parto e aspectos emocionais: a grande maioria das mulheres tem a mentalidade de “querer um parto normal”, mas muitas vezes “o querer” não basta; é preciso lutar com unhas e dentes. Leia artigos científicos, participe de grupos de Facebook de WhatsApp (por exemplo) de apoio ao parto normal, frequente as rodas de gestante, leia livros sobre o assunto, assista documentários (O Renascimento do Parto é um divisor de águas). No quesito emocional uma doula pode ajudar e muito.
- Toda informação e conhecimento que você absorveu no item 3, repasse ao seu acompanhante de parto. Ele precisa estar ciente de todas as suas escolhas para que possa ser uma ponte com a equipe durante o trabalho de parto. Não é um momento para você racionalizar, desliga o cérebro pensante e se conecta com seu corpo!
- Se informe sobre a realidade obstétrica local da região: as rodas de gestante e a doula pode auxiliar muito nessa questão.
- Prepare seu corpo: movimente-se da forma que lhe for mais prazerosa, seja uma caminhada, aula de dança, natação, etc.
- A estática é a pior coisa para um trabalho de parto: posições verticalizadas ajuda na descida e encaixe do bebê na pelve. A doula pode lhe auxiliar com alguns exercícios, mas seu corpo também pode assumir posições instintivamente.
- Dance, é uma delícia!
- Esteja acompanhada: existe a lei do acompanhante, que regulamenta a presença de alguém junto da mulher desde a internação no hospital até sua alta. Caso o hospital desrespeite essa lei, está passível de punição e é uma violência obstétrica.
- Coma e beba água: uma mulher em trabalho de parto precisa de energia e hidratação. Opte por alimentos leves, nutritivos e beba bastante água. Nada de dieta líquida!
- Se o parceiro estiver presente e for da sua vontade, conecte-se junto a ele: a doula pode te ajudar muito a suportar as dores, dar apoio físico, informativo e emocional. Maaaas, somente o parceiro pode beijar, abraçar, acariciar, tocar… OCITOCINA NATURAL, minha gente! Não conheço nenhum casal que passou ileso pelo trabalho de parto, todos se uniram de tal forma que fortaleceu o relacionamento. <3
- E por último e não menos importante: TENHA UMA DOULA!
Leia mais em:
Novas recomendações da OMS para o parto
O Renascimento do Parto – Netflix