O trio da mudança

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Sou Débora Villanova, psicóloga e mãe da Sofia, Beatriz e Felipe. Doula a 2 anos. Tive minha vida revolucionada pela maternidade, pelo encontro com o feminino e pelo amor partilhado entre as mulheres.

Gestação e parto, algo que me atropelou

gestação 2

Minha história pode ser escrita a partir da inocência que vivi na primeira gestação. Quando pensei que para se ter parto normal bastava estar grávida. Acabei em uma cessaria em um pico hipertensivo. Que é um dos maiores causadores de morte materna no Brasil, principalmente por ser um pouco negligenciada durante o Pré Natal.
Quando engravidei da minha segunda filha, Beatriz, não estava disposta a passar por tudo que uma cesariana de emergência nos dá, com plantonista e sem grande orientação. Agendei uma cessaria e minha segunda menina nasceu. Acredito que toda mulher deveria ter como direito principal informação de qualidade e apoio para decidir seus passos.
Quando soube que estava gravida do terceiro filho, que estava sempre nos nossos planos, comecei a ler e me informar, até ai já tinha 2 cesárias na conta que não fechava. Fui até as rodas de gestantes, busquei uma equipe, doula, me empoderei e planejei meu parto domiciliar. Mas foi tudo por água abaixo quando novamente a pressão subiu, gestando um bebê de 4,500 gramas. Sem muitas opções fui para a terceira cirurgia.

Sobre hipertensão

Estudos mostram que a hipertensão é a terceira causa de morte materna no mundo, e a primeira causa de morte materna no Brasil. Pode se se apresentar como pré-eclâmpsia (ou, nos casos mais graves, eclampsia), hipertensão crônica, hipertensão crônica com pré- eclampsia superposta e hipertensão gestacional. Complica cerca de 10% de todas as gestações no mundo.

A Mudança

Decidi que esse desfecho não desejado, não me pararia. Comecei a frequentar rodas de pós parto, e lá minha vida se transformou. Fui acolhida, amada e orientada, minha vida aos poucos tomava outro rumo, meio sem jeito, com calma. Lá conheci uma Doula e obstetriz incrível, que ficou gravida. E Logo que me contou sobre sua gestação já me chamou para ser assistir esse parto. Eu aceitei, afinal parto para mim parto era lenda. Durante a gestação dela construímos um laço forte, um cuidado e depois de comemorar meu aniversário, tomei banho e fui acionada. Aquele ano com certeza seria muito diferente de todos da minha vida.
Chegando lá encontrei uma mulher incrível, dona do próprio corpo e do seu processo de colocar seu bebê no mundo. Me senti grata por estar ali, com aquela família e aquelas pessoas incríveis. Nasceu Thomas olhando para mim…. e a partir daquele momento tudo mudou. Alguns dias depois uma conhecida me ligou em trabalho de parto, e eu fui ficar com ela, e lá ficamos por 12h aproximadamente, e fomos para o hospital e ela teve seu bebê de forma natural e respeitosa. No dia seguinte comecei meu curso de formação de doula, em um projeto incrível de pague quanto puder.


No Multiplicando Doulas encontrei mais uma porção de mulheres maravilhosas e incríveis, elas mudaram mais um pouco meu jeito de ver a vida e as coisas. Então comecei a conhecer gestantes, amigas começaram a engravidar e eu fui participando de cada história, de tantas chegadas.

Vivendo a Mudança

Quero compartilhar uma das historias lindas que acompanhei, essa mão linda aqui ao lado, conheci ela com 38 semanas de seu segunda gestação, a primeira havia acabado em cesária contra a vontade, ela chegou com a ideia de ter uma doula para ficar o máximo de tempo possível em casa para depois ir ao hospital ter com o plantonista, conversamos e expliquei que durante o trabalho de parto ativo ela precisava de alguém para monitorar a bebê, ela então conversou com a obstetriz e decidiu por um domiciliar. Achávamos que teríamos pelo menos mais 2 semanas, afinal seu primeiro bebê nasceu de 41, mas 3 dias depois a bolsa rompeu, logo entrou em TP e seu parto foi incrível, estávamos apenas entre mulheres e tudo era força e poder, Martina nasceu ao amanhecer, reescrevendo a historia de todas as mulheres que estavam ali, sua mãe conheceu não só seu poder de parir mas também de nutrir, elas seguem juntas se nutrindo até quando estiver bom para as duas.

Hoje a cada novo casal, em cada nova historia me reconheço quanto mulher, acolho e informo como foi feito comigo. Em cada parto, em cada chegada experimento um sentimento de alegria e gratidão por ter a permissão de estar ali. Em cada roda mediada quero que as mulheres experimentem amor, acolhimento e mudança de perspectiva. Atendo como doula em São Paulo, e faço mediação de rodas de acolhimento ao pós parto na Vila Mariana @encontrodasmamaes. também desenvolvo um projeto Nossa Roda que acolhe, grávidas, puérperas e suas famílias, uma vez por mês no parque do Piqueri (tatuapé-zona leste) as informações estão em @deboravillanovadoula.

Bibliografia: http://estudamelania.blogspot.com/2012/10/estudando-hipertensao-na-gravidez-parte.html?m=1

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2 respostas para “O trio da mudança”

  1. Parabéns Débora pelo seu trabalho pelo seu amor e pela dedicação e cuidado. Por descuido e medo não tive o privilégio de ter você como doula e como me fez falta… mas seu apoio e carinho…toda atenção pós parto e início de amamentação foram extremamente especiais na minha vida.Texto emocionante.

  2. Que Bom! o mundo está precisando de coisas boas como essas. Tive meu filho de parto normal, foi tudo muito bom!.. acho excelente esse incentivo. Principalmente para as mães de primeira viagem terem orientações e o apoio de alguém experiente. Parabéns!.. Deus abençoe!..

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