É o quê? Doula. Uma profissional que não precisa ser da área de saúde, mas que é treinada para promover apoio contínuo às mulheres durante o trabalho de parto, o nascimento e o pós-parto, sabe? – Não, nunca ouvi falar! Mas e a tua carreira?
Nesse post você vai encontrar
A carreira dos sonhos
Levanta a mão quem já pensou em mudar de carreira? Pois é, até os 39 anos, eu nunca havia pensado nisso. Desde os 15 anos, quando escolhi prestar vestibular para Relações Públicas, que eu tinha a absoluta certeza de que essa era a carreira da minha vida. E assim foi, entrei na faculdade aos 16, estagiei na área desde o primeiro ano, ingressei no mestrado aos 20, mudei de cidade várias vezes, passei em concurso público, até que fui chamada para trabalhar em uma multinacional, que era referência na área de comunicação. Vamos dizer assim: uma carreira dos sonhos!
Um lugar onde eu era respeitada pelo conhecimento adquirido, mas onde eu aprendia coisas novas todos os dias. Onde as pessoas eram engajadas aos temas de saúde, segurança, meio ambiente e diversidade. Que me levava aos eventos mais badalados da área, e me proporcionava viajar pelos quatro cantos do mundo. Com ótimos benefícios e uma remuneração assim, digamos, que não me deixava reclamar. Foram cerca de 9 anos. Quase o mesmo tempo que passei planejando engravidar. Até que ela aconteceu.
Grávida, e agora?
As únicas convicções que eu tinha, naquele momento, eram: 1) que meu parto seria normal e, 2) que meu bebê iria para uma creche integral, enquanto eu voltaria feliz ao trabalho.
E já que eu estava grávida, resolvi mergulhar de cabeça nesse mundo. Frequentava quinzenalmente as rodas de conversa de apoio ao parto humanizado, participava de congressos on line sobre nascimento, assisti a diversos documentários, troquei de médico quatro vezes até encontrar uma assistência humanizada, contratei uma doula e ouvi várias vezes minha mãe dizer que a dor do parto era uma dor gostosa (ela teve 4 gestações – a última gemelar – todos nascidos de parto normal).
É claro que eu também fiz um book, comprei enxoval temático, fiz chá revelação, chá de bebê e chá de bençãos. Comi por dois (mas me exercitei também) e cai na loucura de reformar a casa para fazer o tal quartinho do bebê. Tudo planejado especialmente para aquele momento do nascimento, até que chegou o dia tão esperado.
Nascimento ou Renascimento?
Foi uma tarde com pródomos e 22 horas de trabalho de parto. Uma noite e um dia inteiro até alcançar os tão desejados 10 cm de dilatação. Por vezes tentei desistir, mas ela estava lá para me confortar e me lembrar das minhas escolhas. Era um alento para o meu corpo e um bálsamo para toda a transição que acontecia naquele momento. Ela me auxiliava com massagens, mas também tranquilizava meu marido que, apesar de já ter tido outros filhos anteriores, nunca havia passado por um trabalho de parto. Ela era aconchego, proteção, refrigério e a confiança que muitas vezes nem eu tinha mais em mim. Ela era a minha doula.
Meu filho nasceu às 17h50 de uma terça feira, e eu renasci naquela mesma data, desnuda de roupas e de todo o conhecimento que eu julgava ter. Me despi de pudores para vestir a pele mais mamífera do meu ser e então lamber a cria.
Tive um puerpério tranquilo, talvez por conta do sucesso com a amamentação. Acordando a cada duas horas durante a madrugada, mas feliz em ter um novo motivo para ver o sol nascer. Chorei quando começaram as cólicas, mas nenhum choro se comparou ao da volta ao trabalho. Eu não estava mais tão convicta de que a creche integral era o melhor plano.
A volta ao começo
No meu primeiro dia de trabalho, após cinco meses de licença maternidade, fui informada que em um mês eu retornaria às frequentes viagens que faziam parte da minha rotina. Aquilo soou como uma bomba e eu fiquei me perguntando que mundo era esse que antes me fazia tão feliz mas que agora me destruía por dentro? Como tudo podia ter mudado em um espaço de tempo tão curto? Eu precisava “produzir” trabalho, em um momento que eu só queria produzir leite materno. Definitivamente aquela não era mais a vida que eu havia sonhado.
Foi quando surgiu o curso de Doula abrindo uma nova perspectiva na minha vida. Não pensem que foi fácil tomar essa decisão. Pausar uma carreira de 20 anos, construída com muito planejamento, havia me transformado em uma mulher independente, que agora se aventurava em um campo sem nenhuma garantia, a espera de servir uma outra mulher que fizesse parte daqueles 15% de gestantes que optam por um parto normal.
Tomada a decisão conjunta com o meu companheiro, organizamos a vida para que eu buscasse mais conhecimento. Vieram cursos com bebê a tira colo e muitas noites de estudos e amamentação. E a cada doulagem fui construindo a minha nova carreira. Uns dias eu dou colo, em outros sou acalentada. Tomando posse de quem eu sou sem rótulos e certa de que se algo não estiver bem, sempre há uma outra saída.
Muito prazer, eu me chamo Fernanda Pacheco, 42 anos, mãe, doula, facilitadora em amamentação e instrutora em preparo mental para o parto na metodologia GentleBirth®.
Você pode ler mais em estudos científicos sobre o assunto.
Essas foram minhas referências:
Pesquisa Carreira dos Sonhos: https://www.carreiradossonhos.com.br/index.php/brasil/
Tristeza materna em puérperas e fatores associados: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-21602017000300002
Pesquisa Nascer no Brasil: https://portal.fiocruz.br/noticia/nascer-no-brasil-pesquisa-revela-numero-excessivo-de-cesarianas
Estudando sobre Doulas: http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/estudando-sobre-doulas.html
Que relato/memorial lindo! As mudanças estão sempre nos transformamos, aceitar e recomeçar e um grande aprendizado.
Desejo prosperidade no seu novo desafio, que é lindo!
Amodoulas.
Nat, obrigada pela atenção desde o primeiro contato. Vocês, enfermeiras obstétricas têm mudado o mundo. Que bom contar com a tua parceria nesse caminho que resolvi trilhar.
Parabéns minha querida está lindo . Adorei !!!
Muito Grata por fazer parte dessa construção, Thais. Eu aprendo muito com cada mulher que atendo e você é uma delas.
Fernanda parabéns pela linda decisão e lindo trabalho.
Ah, Geni, que sorte a minha ter te encontrado nesse caminho. Obrigada pelo carinho.
Parabéns, pela sua nova profissão! Se você se sente feliz e orgulhosa com seu novo trabalho e isso te realiza ótimo! Eu só te desejo muito sucesso nessa nova etapa da sua vida. Beijos
Obrigada, Alice! Principalmente pelo carinho que sempre tiveste nesse tempo com meu bem mais precioso.
Fernanda, parabéns por mais esse passo na direção da sua nova “carreira dos sonhos”. É preciso coragem pra se reinventar e muito mais que isso, é preciso amor pra poder sonhar. Sei o quanto de amor você tem investido e quantas barreiras você já encontrou e já derrubou. Só posso te desejar foco, força e fé! Sucesso é o que nos faz feliz.
Ahhh, Pat, muito obrigada pelo carinho.
Parabéns.Tenho muito orgulho de vc e peço a Deus que sua afilhada siga seu exemplo de vida .Te desejo muito sucesso nessa sua Nova carreira . Deus te abençoe sempre e te faça a mulher mas feliz do mundo ao lado de sua família e escolhas.
Obrigada, Comadre. Deus no comando, sempre!
Fiquei emocionada com o relato. Muito lindo!
Parabéns pela mãe tão dedicada que és, pela coragem em seguir outro rumo na carreira e por estar acompanhando tão lindamente outras mulheres a parir. Só enxergo mais sucesso pela frente. Bjos
Karine, querida, mulheres como tu me motivam a seguir esse caminho! Obrigada pelo apoio.
Um turbilhão de emoções e muito orgulho com teu relato. Te desejo sempre boa sorte e feliz de quem será cuidado por ti !! Bjo no ❤️
Obrigada, Querida! Teu astral é o melhor apoio que existe.