05 coisas que você precisa saber sobre o pós-parto mas quase ninguém vai te falar

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Talvez você saiba o que é pós-parto, pois é um termo bastante óbvio. Mas já ouviu falar de puerpério? Bom, é a mesma coisa. Ou quase.

Puerpério é aquele período que começa quando termina o parto. É bem óbvio que isso é o período de pós-parto. Mas quanto tempo ele vai durar, o que acontece nessas semanas e meses que estão por vir, isso tudo é meio nebuloso. Ninguém sabe ao certo o que vai acontecer nesse período. É bem provável que você saia dele muito diferente do que entrou!

Eu costumo dizer que o puerpério é um pedaço do labirinto no qual entramos na gestação. A gente entra, começa a tentar se achar naquele corpo diferente, com aqueles enjôos, o cansaço que não era comum. Aí vem o parto, um grande terremoto que chacoalha tudo e deixa o labirinto com um novo nível de dificuldade: espelhos! Você se olha, sabe que é você ali, mas não se enxerga, não se encontra…

Dia 1
E agora?
E agora?
E agora?
fonte: Babyblues.com

Se você ainda está gestando, preste atenção: estude sobre parto, claro. Mas estude também sobre amamentação e puerpério. A lista a seguir pode te ajudar a evitar alguns problemas, digo isso do fundo do coração. Se você já está lambendo a cria, ainda é tempo de refletir e se preparar para algumas coisas que não aconteceram ainda, propor mudanças em situações já existentes e talvez nada confortáveis.

 

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1. Bebês recém-nascidos mamam muito, quase o tempo todo. E querem colo na mesma medida.

Quem nunca disse que bebês recém-nascidos dormem o tempo todo? Mas olha, além de dormir bastante (quase sempre), eles mamam muito. O tempo todo. Ficam pendurados na teta, mesmo. E é normal, por vários motivos.

Primeiro, o estômago deles é super pequeno e o leite materno é digerido bastante rápido. Assim, eles mamam um bocado, chegam a regurgitar de tanto leite ingerido, mas logo querem mamar novamente.


Comparativo da capacidade gástrica de um bebê – fonte: Tua Saúde

Acontece que peito não é só para alimentar. É ali, no colo da mãe, com o peito na boca, que ele tem todos os seus sentidos plenamente atendidos. Ele escuta o coração e a voz da mãe (audição); sente o cheiro da mãe (olfato); enxerga o rosto da mãe (visão – ainda de uma forma imperfeita, mas é o rosto da mãe que está dentro da distância que ele alcança); sente o calor da pele da mãe (tato); e se alimenta com aquele leitinho delícia (paladar). Como não ficar confortável?

O que fazer? Deixe garrafa de água, frutas, petiscos como castanhas e frutas secas, tudo ao seu alcance. Assim, quando o bebê estiver grudadinho, você ainda assim conseguirá se alimentar e hidratar. E isso é um ponto importante para sua saúde, física e mental.

“Mas, Rina, como que vou preparar tudo isso com o bebê agarrado em mim 24h/dia?”. Isso me leva ao próximo ponto.

2. Tenha uma rede de apoio – e a use bem

Mãe, pai, avós, tios, primos, sobrinhos, amigos, companheiro/a, vizinhos, babá, faxineira. Seja lá qual for a sua escolha: estabeleça uma rede de apoio para te ajudar, em especial nas primeiras semanas, até o final do terceiro mês (que é geralmente quando a vida começa a tomar um ritmo menos insano). É com essas pessoas que você poderá contar para fazer comida para você, dar aquela arrumada básica na casa pra você não surtar, deixar tudo em ordem para que você possa se preocupar com o bebê e consigo mesma.

Você não precisa deixar a vida pra lá (mas pode, tá liberado). Nem significa que você nunca mais terá as rédeas da sua vida e que seu/sua companheiro/a será deixado/a de lado. É um período, lembre-se. Com o passar das semanas a nova vida fica mais leve, você se acostuma até mesmo com a privação de sono (quando ela é dentro de uma normalidade “vida com recém-nascido”).

Eu não gosto de usar o “vai passar” a torto e a direito, acho que virou uma desculpa banalizada e muitas vezes as famílias se encontram numa situação complicada, que exige atenção, mas fica todo mundo no “vai passar, é assim mesmo”. Porém, sobre recém-nascidos: vai passar. As coisas voltarão a ter um lugar (mas, se não passar, se estiver demorando demais, procure ajuda – sua doula pode ser um ótimo apoio para te orientar nisso).

Vai passar, amiga

Importante destacar: a rede de apoio é importante durante todo o puerpério e além dele. Fortaleça a que você já tem. Crie uma nova. Saia da toca, conheça novas mães, ganhe novas amizades.

3. Amor de mãe não nasce num passe de mágica

Sabe aquela amiga sua que ficou apaixonada pelo bebê ainda na barriga? Ou a outra mãe que disse que ao ver o bebê, ali todo sujo ainda, na sala de parto, foi arrebatada por um amor gigantesco? Então, isso pode não acontecer com você. E TÁ TUDO BEM. É seu/sua filho/a, nasceu de você, você desejou muito. Mas pode ser que você não tenha aquele amor louco que a gente tanto ouve falar. Permita-se conhecer a criança. Desenvolver um relacionamento com ela. Esteja aberta para o amor que vier, mas não se cobre de que isso seja automático. Às vezes não é. Pode demorar um tempo, menor ou maior. E não é nenhum demérito, não é nenhuma vergonha.

Vou contar o caso de ~uma amiga minha~. A bebê nasceu. Foi uma gestação planejada, um parto lindo, amamentação rolando solta, tudo ótimo. Mas aquele amor arrebatador demorou a vir. Ela amava, sim. Cuidava, muito. Amava, de verdade. Mas era um amor construído aos poucos, lentamente. O arrebatamento veio perto do aniversário de 1 ano da bebê. E olha, hoje, 1 ano e 9 meses depois, é uma coisa de doido. (percebeu que sou eu?)

Tudo a seu tempo. Até o desabrochar do amor de vocês. Mesmo que seja um amor “esquisitão”, como disse a Mãe Solo:

Honestidade: trabalhamos.Ser mãe não é auto-magicamente se tornar um ser de luz, iluminado, compreensivo, completo,…

Posted by Mãe Solo on Tuesday, 9 February 2016

4. Puerpério não dura só 40 dias

Muita gente acredita – inclusive muitos médicos afirmam isso – que o puerpério se resume ao período de resguardo, os 40 dias, se alongando por até 6 ou 8 semanas após o parto. Mas é bastante superficial se prender a isso; é preciso entender que o puerpério pode ir muito além desse curto período.

“Mas eu já li que puerpério acaba nos 3 meses após o parto”
“Mas quando eu voltar a trabalhar, o puerpério acaba”
“São só os 40 dias de resguardo”

Todas essas frases estão certas e igualmente erradas. Realmente, cada uma delas fala de um período do pós-parto. Mas isso não quer dizer que acaba ali. O puerpério pode durar muito tempo e, geralmente, dura, sim.

Depois do resguardo geralmente a mulher já está mais confiante para sair com o bebê pequeno. Com três meses de puerpério, muitas já estão muito bem resolvidas na nova rotina, a produção de leite dá uma boa ajustada, algumas até mesmo arriscam algumas saídas não tão longas, sem o bebê.

E voltar ao trabalho, ah, que liberdade! Poder fazer uma refeição quente, com as duas mãos, sem roupa com leite vazado! Ao mesmo tempo, a correria para trabalhar, fazer as entregas, voltar para casa e cheirar a cria. Como é delicioso, como é difícil… mesmo aquelas que realmente querem retornar ao trabalho, deixar um bebê tão pequeno, por tantas horas, é cruel. E aí, a puérpera que estava super de bem com tudo, volta a ter crises. Normal, viu? Respira, vamos lá.

Viva seu puerpério. Quando você achar que ele está acabando, comemore! Mas tenha a consciência que pode não ser – ele talvez esteja só dando uma pausa antes da próxima fase. E isso não é ruim, por favor!

5. Seu corpo não vai “voltar ao que era antes”, nem você.

Talvez você perca todo o peso ganho na gravidez, talvez até mais que isso. Ou, pode ser que você não tenha engordado durante a gestação. Não importam os números da balança, o fato é que seu corpo não voltará a ser o mesmo. E eu não estou falando só de barriguinha pochete ou estrias.

Durante 9 meses, intensas modificações aconteceram no seu corpo. Seus quadris ficarão diferentes. Seus seios. A textura da pele. Tudo. No vídeo abaixo você tem uma visão “interna” da mudança. Você acha mesmo que, depois de tanta movimentação, seu corpo voltará “igual a antes”?

Em especial, você estará diferente. A mulher que renasce com o parto é outra, agora ela também é mãe. Esse novo papel social traz uma carga enorme em si, mas traz, também, uma configuração mental diferente. Passar pelo puerpério meio que é a consolidação de toda essa nova configuração. Algumas coisas (e pessoas) ficam para trás após a gestação exatamente porque quem somos, depois de todo esse processo, não quer, aceita ou busca as mesmas coisas. Observe-se, permita-se, aceite-se e envolva-se nessa sua nova versão!

Eu poderia falar várias outras coisas sobre puerpério e seus tantos “segredos”. É, a sensação é exatamente essa: o pós-parto é um segredo que, muitas vezes, nem mesmo as que estão ou já passaram por ele descobrem.

Eu espero, de coração, que você se permita viver o seu puerpério. Mesmo com toda a dor que ele traz, no corpo, na mente, no peito, no coração, é um período tão rico! E, por vezes, igualmente devastador. Mas respeite e honre quem você foi e quem você está se tornando. Quando a mulher se permite vivenciar o puerpério da forma como ele merece ser vivido, sai desse labirinto transformada tal qual uma borboleta depois de ser pupa.

E lembre-se: depressão pós-parto é real e afeta 25% das mulheres. Cuide-se. Se perceber algo diferente, converse com seu obstetra, o pediatra do seu filho, um psicólogo. Converse até mesmo com sua doula, ela poderá te orientar sobre onde procurar ajuda.

Se quiser conversar, estou à disposição.

Um beijo,

Rina Noronha – colomaterno.com

Informe-se!

Nos links abaixo você encontra mais informações sobre puerpério, amamentação, rede de apoio e outros assuntos abordados aqui. Estude à vontade!

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4 respostas para “05 coisas que você precisa saber sobre o pós-parto mas quase ninguém vai te falar”

    1. Gabriella, quanto mais a gente falar, menos as puérperas se sentirão ETs ou esconderão seus sentimentos, né? Por um puerpério em que seja permitido realmente sentir! <3

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