Tem muita gente que ainda acha que amamentar é muito simples e que é só dar o peito pro bebê mamar. O que a maioria não sabe é que uma boa experiência no parto e pós-parto imediato propicia um correto início da amamentação.
Nesse post você vai encontrar
O que o parto tem a ver com amamentação?
A verdade é que não é a via de nascimento em si que vai influenciar, mas a condução da equipe de saúde nas intervenções.
Alguns fármacos utilizados para anestesia ou analgesia podem afetar o comportamento do recém-nascido e prejudicar as primeiras mamadas, o que pode favorecer um desmame precoce.
A anestesia peridural, seja na cesárea ou no parto vaginal, pode influenciar no comportamento do recém-nascido por vários dias, aumentando a probabilidade de receber complemento e a chance do desmame acontecer antes dos 6 meses, efeito cascata que é potencializado se houver associação com o uso de ocitocina durante o parto ou prostaglandinas para indução: nesse caso, as chances do desmame acontecer ainda no primeiro mês são maiores.
É importante dizer que a quantidade desses medicamentos que passam pelo leite é desprezível se compararmos com o que o bebê já recebeu pela placenta durante o parto, portanto, a anestesia em si não justifica o atraso do início da amamentação.
Sobre a cesárea: há uma série de estudos que relacionam a cirurgia ao desmame precoce, mas segundo o dr. Carlos Gonzalez, não é devido à baixa produção de leite, mas porque frequentemente a cesariana está associada ao início tardio da amamentação, menor frequência de mamada nos primeiros dias e a um maior consumo de soro glicosado e mamadeiras complementares.
A importância do pós-parto imediato
Surpreendentemente, o bebê nasce com a capacidade de buscar o peito, reconhecê-lo e se aproximar dele. Lembra que na gravidez seus mamilos e aréolas ficaram mais escuros e que o bico do peito fica mais projetado, “mais pra fora”? Isso ajuda o recém-nascido a achar o ponto exato que ele tem que abocanhar – e também o cheiro!
Por isso é tão importante o contato pele a pele no pós parto imediato. Esse primeiro instinto do bebê é muito sensível a intervenções. A separação precoce para procedimentos, por exemplo, pode fazer com que muitos bebês não consigam encontrar o peito ou não mamem na posição correta, bem como contribuem para a prevalência de problemas de sucção. Além disso tudo, separar o bebê da mãe aumenta o risco de hipoglicemia, estresse respiratório e hipotermia. O procedimento da aspiração gástrica também interfere na conduta do recém-nascido de buscar a mama.
Um estudo recente publicado no Journal of Obstetric, Gynecologic & Neonatal Nursing, constatou que o atraso no banho do recém-nascido aumentou os índices de aleitamento materno exclusivo e a principal explicação para esse aumento foi o aumento do contato pele-a-pele com a mãe.
E agora? Como posso ter um parto e um pós-parto respeitosos?
Pode ser que agora você esteja pensando como garantir que essas boas práticas sejam respeitadas com você e com seu bebê. A melhor forma de registrar seus desejos é através de um documento chamado plano de parto, que você pode fazer e protocolar junto à maternidade, inclusive com assinatura do obstetra responsável.
Além disso, é interessante buscar apoio em rodas de conversa, com gestantes, puérperas e profissionais. Essa troca enriquece muito os processos de construção de parto e amamentação.
Vamos juntas!
Referências Bibliográficas
GONZÁLEZ, Carlos. Manual prático de aleitamento materno. 2 ed. São Paulo: Editora Timo, 2018. 304 p.
REVISTA CRESCER. Atrasar o primeiro banho do bebê pode favorecer a amamentação. Disponível em: <http://revistacrescer.globo.com/Bebes/Cuidados-com-o-recem-nascido/noticia/2019/01/atrasar-o-primeiro-banho-do-bebe-pode-favorecer-amamentacao.html>. Acesso em: 28 jan. 2019.