GESTAÇÃO
Falar sobre a Gestação é algo particularmente assustador. Já estive gestante três vezes, cada gestação foi de uma forma, vivendo uma realidade e tendo um conhecimento diferente. Já acompanhei a gestação de diversas gestantes, algumas até virtualmente. Por isso tenho consciência, que dentre tantos temas, assuntos, medos, mitos e dúvidas, fica difícil eleger um que tenha mais ou menos importância, já que esta importância, depende da realidade de cada gestante e das pessoas que a acompanham nessa jornada, para imaginar o que ela precisa buscar de informações além.
PESQUISAS SOBRE AMAMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO
Decidi escolher o tema pensando na minha última gestação, no momento que soube estar grávida e nas dúvidas que senti, por ter uma filha de 02 anos recém completados que ainda mamava livremente em meus seios.
Lembro exatamente deste momento há 3 anos e meio atrás e das dificuldades em achar informações que me permitissem enfrentar com certezas e uma segurança mínima ao menos, a família e os profissionais que me atendiam no pré-natal. Dá para imaginar que a resistência era grande por aqui. Esse era o tema que mais aparecia nos meus históricos do Google e que menos dava resultados válidos, eram poucos textos com consistência e relevância que eu encontrava.
Não encontrar muito material, na verdade até me dava um certo alívio, porque se fosse algo realmente perigoso, amamentar estando gestante, ou até proibido de ser feito na gestação, na certa teriam textos e artigos aos montes, como acontece quando você procura por bebidas e gestação, drogas e gestação, etc.
MINHAS DESCOBERTAS
Bom para quem busca saber se é possível amamentar um filho enquanto gera outro bebê, eu digo SIM, é completamente possível, saudável e natural. Dá certo sim, nenhuma das 3 pessoas terá problemas nutricionais por isso e não faltará amor também, pelo contrário. Falo aqui por experiencia própria, então não estou especulando ou apenas achando que rola na prática. Rolou comigo e com tantas outras mães por aí que foram atrás de informações ou até que nem se preocuparam em ter informações e seguiram apenas seus instintos.
Mas não podemos só contar histórias devemos comprovar os fatos, então lá vai um pouco de dados que andei pesquisando para dividir com vocês:
Segundo orientações presentes na página 69, do Cadernos de Atenção Básica nº 23 – SAÚDE DA CRIANÇA Aleitamento Materno e Alimentação Complementar do Ministério da Saúde:
10.1 Nova gravidez: É possível manter a amamentação em uma nova gravidez se for o desejo da mulher e se não houver intercorrências na gravidez. Contudo, não é raro as crianças interromperem a amamentação espontaneamente quando a mãe engravida. O desmame pode ocorrer pela diminuição da produção de leite, alteração no gosto do leite (mais salgado, por maior conteúdo de sódio e menor concentração de lactose), perda do espaço destinado ao colo com o avanço da gravidez ou aumento da sensibilidade dos mamilos durante a gravidez e fadiga materna, pelas alterações hormonais que costumam causar sonolência principalmente no início da gestação. Na ameaça de parto prematuro é indicado interromper a lactação. Se a mãe optar por continuar amamentando o filho mais velho após o nascimento do bebê, é importante orientá-la que ela deve dar prioridade à criança mais nova no que diz respeito à amamentação.
MINHAS REFLEXÕES SOBRE O TEMA
Percebemos que não é só questão de achismo e sim de recomendações claras do Ministério de Saúde, de que há todas as possibilidades possíveis de se manter uma gestação saudável amamentando outro bebê. Até agora falávamos de gestação de baixo risco, mas devemos lembrar que existem gestações de alto risco.
Fica difícil aqui elencarmos tipos de riscos, pois se realizarmos qualquer busca na internet, percebemos que os itens avaliados para essa classificação, muitas vezes mudam de estado para estado ou de município para município. Por tanto realizar as consultas e exames do pré-natal é de suma importância para ser avaliada a cada etapa adequadamente, e assim saber se em algum momento sua gestação passa a ser considerada de risco alto ou ao menos é exigido um repouso ou outras condições especiais
Fica claro, também na resolução citada no texto, que a atenção deverá ser redobrada, se ocorrer uma eminencia de parto prematuro, mas perceba que não foi proibido o aleitamento, apenas foi indicado essa interrupção. Uma dica para saber quando seu médico está usando essa informação adequadamente, é quando ele também orienta que a prática de sexo, deverá ser suspensa pela probabilidade de um parto prematuro. Isso pode ocorrer porque nesses casos a gestante além de manter-se em repouso absoluto, deve evitar tudo que possa provocar uma contração uterina, fora do momento adequado, agravando qualquer problema já existente na gestação. Caso a recomendação médica seja específica para suspensão da amamentação, sem suspensão de sexo ou recomendação de repouso absoluto, sugiro que se busque uma segunda opinião.
Falo tudo isso, pois foi o que precisei fazer e que fez com que eu descobrisse que realmente não havia qualquer contraindicação real na minha decisão de continuar com a amamentação.
POSSIBILIDADES NA GESTAÇÃO DE BAIXO RISCO
Voltando a falar das gestações de baixo risco e do momento que essa gestante se descobre grávida e vive o dilema, continuar ou não amamentando o outro bebê; podemos dizer que não existem evidências cientificas que desaprovem essa conduta.
É fato que amamentar libera oxitocina, mas o sexo e o beijo também liberam e não são contraindicados, já que essa oxitocina liberada não afeta a gravidez durante as primeiras semanas porque não chega ao útero, então não há nenhum risco de aborto prematuro por causa da amamentação. Em geral durante as primeiras 38 semanas de gestação, o útero tem poucas células/receptores que detectam a presença da oxitocina provocando contrações, então, para essa gestante que manteve a amamentação durante a gravidez toda, na reta final também não terá qualquer impeditivo, já que seu corpo, sua mente já está familiarizada a estes estímulos. Só quando o trabalho de parto iniciar que essa amamentação, ou estimulação dos mamilos, poderá intensificar as contrações e acelerar tal processo.
EXPERIÊNCIA REAL
Eu inclusive amamentei minha filha até minutos antes de seguir para maternidade e 3 horas depois recebia nos braços minha caçula sem ter tido qualquer problema na gestação ou no parto, nem provocado parto prematuro, visto que ela nasceu as vésperas de completar 40 semanas de gestação.
Outra coisa que muitos me perguntavam, era se eu não estaria preocupada com a possibilidade de não ter colostro para a bebê que ia nascer. Com meus estudos, eu soube que o colostro chegaria depois do parto e que ele então alimentaria as duas por um tempo, até a “real decida do leite de transição”.
Confesso sim, que tinha minhas dúvidas de como seria isso, mas a natureza é sábia e logo após o parto, meu colostro marcou presença, fazendo a alegria não só da minha caçula, como de quem me acompanhava no quarto naquele momento.
FATOS IMPORTANTES
Nas minhas buscas sobre amamentação, desde o primeiro parto, eu descobri um Grupo, da época do saudoso ORKUT, que orientava a todos sobre as boas práticas na amamentação e a necessidade de um apoio para as mulheres que desejam amamentar. O Grupo Virtual de Amamentação, ou GVA. Hoje, com página e Grupo no Face e um Blog recheado de informações importantes, eles são uma de minhas fontes confiáveis do tema Amamentação.
Reproduzo aqui, alguns fatos a serem considerados na prática da amamentação durante a gestação, segundo o GVA:
- Precisar de descanso extra é normal na gravidez. Amamentar durante a gravidez pode ajudá-la a obter descanso extra, especialmente se você amamentar o seu bebê deitada,
- Algumas mães ficam com os mamilos sensíveis durante a gravidez. Uma atenção especial para a posição/pega do seu filho pode ajudar. Técnicas de respiração usadas para o parto podem ajudá-la a lidar com o aumento da sensibilidade. As técnicas de respiração também podem ajudar se você ficar angustiada enquanto amamenta seu bebê. Se o seu filho tiver idade suficiente, você pode pedir-lhe para mamar mais suavemente ou por períodos mais curtos de tempo. Isso ajuda em ambos os problemas: os mamilos sensíveis e seus sentimentos de inquietação,
- As mulheres que amamentam durante a gravidez muitas vezes se deparam com uma redução na produção de leite por volta do quarto ou quinto mês. Se o seu bebê em amamentação tiver menos de um ano de idade, observe o seu ganho de peso para ter certeza de que ele está recebendo nutrição suficiente. Também não é raro que o sabor do seu leite mude. Essas alterações podem levar algumas crianças maiores a mamar com menos frequência ou até a desmamar completamente.
IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO
Eu busquei essas informações para me auxiliar com minha decisão. Me senti empoderada o suficiente para buscar segundas e terceiras opiniões, quando foi necessário e por isso sei que obtive sucesso em meu propósito. Fui atenta também ao que meu corpo e minha mente me diziam, não deixei de amamentar, mas quando estava cansada ou com seios sensíveis demais, tentava conversar com minha filha e propor uma atividade diferente naquele momento ou apenas deitar abraçadinha vendo um desenho. Sei que tive sucesso pois tinha um companheiro que me apoiava nessa minha escolha e digo com toda certeza ter algum apoio nessa jornada é essencial, seja sua mãe, sogra, companheiro, um ombro amigo ou um profissional de saúde que entenda realmente o que você está passando.
Todas as mulheres que desejem amamentar durante a gestação merecem ser amparadas e apoiadas, mas mesmo as que após saberem de todas estas possibilidades, decidirem por desmamar seus filhos, para se dedicarem apenas a gestação do novo bebê merecem esse amparo, este apoio. O que quero dizer é que toda mulher, mãe de um, de dois ou mais, merece ser amparada e respeitada em suas escolhas. A Maternidade é cheia de descobertas e mistérios, a gestação é só o início de todo esse processo.
Poderá ser um período cheio de dúvidas e incertezas, ou cheio de alegrias e certezas, só depende da rede de apoio que temos e que construímos ao longo da nossa maternidade.
EXISTEM OUTRAS MULHERES REAIS QUE PASSARAM POR ISSO
Na dúvida, se só eu tive sucesso com a amamentação ao longo da gestação, ou se conheço apenas casos de relatos e exemplos contados por aí, digo que já conheci muitas mulheres ao longo desses três anos que vivenciaram essa experiência e tive o prazer de ouvir seus relatos.
No momento ando maravilhada pela experiência de ter contato próximo, com duas gestantes, que estão na reta final da gravidez e amamentam seus caçulas. Inclusive elas também, ilustram esse meu artigo/post e continuam firmes na jornada da amamentação, felizes por saberem que podem nutrir seus bebês fora da barriga com o leite materno e dentro da barriga seus bebês através de sua placenta e de tudo de bom que é transportado por ela.
Em breve, elas poderão vivenciar uma nova e linda experiência da maternidade, com a prática da Amamentação em Tandem.
Mas isso será assunto para um futuro post! Até breve!!!
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Ah, não deixe de escrever um comentário abaixo, se quiser conversar um pouco mais.
E aqui você pode verificar na integra os links pesquisados para escrever este texto e ler muitas coisas que não consegui colocar aqui, mas que podem te dar ainda mais respostas e informações sobre esse assunto:
Manual Técnico da Gestação de Alto Risco http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdfhttp://www.aleitamento.com/amamentacao/conteudo.asp?cod=2272
Gestantes podem amamentar http://maepop.com.br/gravida-pode-continuar-amamentando/