Muito se fala sobre gravidez, parto, amamentação, puerpério. Mas, existe uma parcela da sociedade que se interessa por toda essa temática, consome assuntos relacionados a gravidez, mas ainda não é mãe. Hoje vamos abrir um espaço para as chamadas “tentantes” e falar sobre a temida infertilidade.
Estima-se que cerca de 60 a 80 milhões de pessoas no mundo (dados da OMS) tem dificuldade para engravidar. O fato de desejar ter um filho e não conseguir, pode gerar uma montanha russa de emoções (medo, angústia, tristeza, frustração, fracasso,raiva) manifestando quadros de estresse, ansiedade e até mesmo depressão.
A infertilidade traz consigo a instabilidade emocional causando efeitos devastadores na vida pessoal e conjugal, desestabilizando também o convívio social.
O desejo de ser mãe pode despertar “de uma hora pra outra” (ou já te acompanhar há anos) e te arrebatar de uma maneira incontrolável.
Aí começa a corrida em busca da sonhada maternidade. Socialmente dizendo, o curso da vida é crescer, encontrar um companheiro, se casar e então construir uma família juntos. Leia-se ter filhos! Haja paciência porque a cobrança não tem fim!
O caminho geralmente é: quero engravidar – vou ao médico – saio com uma guia de exames e com as palavras do médico na cabeça : se até em um ano você não engravidar naturalmente, procure um especialista em reprodução.
WHAAATTTTT?????
Fato é que muitas vezes isso é tempo demais pra ficar “parada” sem investigar nada. Sendo que, nas investigações encontrará a causa (salvo a ISCA -Infertilidade sem causa aparente- quando toda a investigação de exames do casal é feita e não se encontra o motivo da infertilidade) poderá tratá-la e assim – em muitos casos- engravidar naturalmente.
Nos casos em que há algo que impeça a gravidez de forma natural, há a possibilidade de recorrer à reprodução assistida (coito programado, Inseminação Artificial, FIV).
O fato é que até chegar ao ponto de se considerar a reprodução assistida o sofrimento já está instaurado. A busca pelo “por que” da infertilidade já se faz árdua. A investigação e o processo de “resolução do problema” também leva tempo, o que pode ser crucial para a mullher, já que aos 35 anos a redução da fertilidade é aumentada.
Nesse post você vai encontrar
MULHER CONTEMPORÂNEA
O espaço que as mulheres conquistaram no mundo (crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho) também implica em muitas responsabilidades e afazeres (temos jornada dupla, tripla!) e muitas vezes o sonho de ser mãe foi adiado pelo desejo de concluir a faculdade, fazer mestrado, doutorado, esperar aquela promoção da empresa não é mesmo?!
E com isso o tempo passa. E muitas vezes quando se dão conta elas já estão com 35 anos ou mais e via de regra, é nessa idade que começa a tão temida redução da fertilidade. Não quer dizer que com essa idade suas chances acabaram, ok? Só estou deixando claro que o declínio da capacidade de concepção acontece de forma mais acentuada após os 35 anos.
EMPODERE-SE E INVESTIGUE TUDO
Nessa busca por motivos que expliquem a infertilidade do casal, há uma outra busca que também é incessante e exaustiva: a busca por um médico que tope investigar tudo com você e que não te ofereça FIV direto. Que te vire do avesso, que não fale apenas que “é normal” e que “quando você relaxar, vai engravidar”
Se fosse assim, a solução era ir para um spa e voltar grávida, não é mesmo? Santa insensibilidade!
Busque um médico que esteja alinhado com você nessa caminhada, atualizado, que te escute e te respeite. É importante que ele te passe uma bateria de exames pra investigar todos os possíveis motivos e que, a partir dos resultados, também te passe uma suplementação individualizada para que tudo entre nos eixos.
O fato é que você tem que tomar as rédeas da sua vida! Pesquisar, não acreditar em tudo que dizem, ser protagonista dessa busca e se empoderar. Mudança de hábitos podem ajudar e muito na melhora da fertilidade. Portanto, tenha hábitos saudáveis e pratique exercício físico.
E tenha certeza de que diagnóstico não é destino!
Referência
CAETANO,Laíse Conceição; NETTO,Luciana ; MANDUCA, Juliana Natália de Lima. Gravidez depois dos 35 anos: uma revisão sistemática da literatura. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/73. Acessos em 04 fev. 2019.
LEITE, Renata Ramalho Queiroz; FROTA, Ana Maria Monte Coelho. O desejo de ser mãe e a barreira da infertilidade: uma compreensão fenomenologica. Rev. abordagem gestalt., Goiânia , v. 20, n. 2, p. 151-160, dez. 2014 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672014000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 04 fev. 2019.
MARCONDES, Farinati, Débora, dos Santos Rigoni, Maisa, Campio Müller, Marisa, Infertilidade: um novo campo da Psicologia da saúde. Estudos de Psicologia [en linea] 2006, 23 (Octubre-Diciembre) : [Fecha de consulta: 4 de febrero de 2019] Disponible en:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=395336256011> ISSN 0103-166X . Acessos em 04 fev. 2019.
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SAMPAIO, Larissa .Estilo de vida pode provocar infertilidade. Disponível em: https://sbra.com.br/noticias/estilo-de-vida-pode-provocar-infertilidade/. Acessos em 04 fev. 2019.
Fantástico seu texto, precisamos mesmo que alguém nos entenda, respeite, a dor de ser uma tentante onde todo mundo fica grávida menos você!! E dolorido, e as vezes estamos cheias de vontade de tentar, correr atrás, outras vezes cansamos de insistir… Só queremos chorar e apagar o desejo da nossa mente!! Esquecer que quer muito ser mãe… Isso de relaxar e fácil na teoria, na prática é muito difícil… ainda mais pra alguém como eu que teve 2 abortos!! A espera se torna longa demais!!
Gratidão pelo comentário. Sinto muito por suas perdas, Carol! Receba meu abraço apertado. Essa caminhada é árdua e cansativa mesmo. Ainda falta empatia e acolhimento. Quando a vontade de chorar chegar com tudo, deixe as lágrimas caírem, se acolha e tente transmutar esse sentimento; e se reerga ainda mais forte para continuar seu caminho. Eu sei o quanto é difícil! Tem dias que, como você disse, só queremos que esse desejo saia do nosso coração. Mas, eu acredito numa força maior que nos sustenta. 🙂 Se apegue a sua fé para continuar, se é esse o seu desejo. E investigue tuuuudo o que puder. Estamos cada vez mais perto! Um grande abraço pra você!
Nossa Kenia, seu texto me trouxe conforto! Me vi nele, nas situações em que dependemos de profissionais nada sensíveis com o nosso momento. Aos 35 estou tentando há 3 ciclos e já me vejo numa batalha com meu coração e minha mente. Ao mesmo tempo que confio me pego pesquisando sobre o assunto e analisando as possibilidades que prometem milagres… Não é fácil ver que existem tentantes que estão há anos esperando pelo Positivo. Meu coração chega a gelar com isso, pois além de ter que esperar os seis meses de tentativas que o médico indicou, tenho medo de conseguir e por algum motivo ou outro a gestação não ir pra frente e daí ter que esperar mais tempo. E tempo é uma coisa que não tenho. Por essa e outras questões é que eu como tentante vejo essa fase como algo muito importante a ser cuidado. O emocional está baqueado, mas “a esperança é a última que morre”. Obrigada Kenia pelo seu texto e desculpe por desabafar aqui com o meu.
Obrigada pelas palavras, Edilaine! E não tem que se desculpar. Aqui é uma rede de apoio e acolhimento mesmo. Quando uma vence, todas vencemos! A vida de tentante não é nada fácil. Ao contrário do que dizem por aí, pra engravidar não basta somente querer, não é mesmo?! Siga sua luta, querida! Mas, tenha certeza que não tá sozinha. Muitas de nós ainda continuamos na caminhada, passamos pelo deserto tendo a certeza que lá é lugar de passagem e não de morada. Façam todos os exames necessários (você e seu marido), busque a melhor assistência médica que puder, porque é isso que você merece e precisa. Não se deixe abater por profissionais insensíveis que passem pelo seu caminho. Fica firme! Há um blog que tem muita informação de qualidade e um grupo de wathsapp também. Onde você se sentirá acolhida e ainda aprenderá muito sobre fertilidade, aceitação e esperança. Caso se interesse, pesquise por blog “Projetando um bebê”. Fica firme, querida! Cuide de você! Estamos juntas! Um abraço bem apertado!