Nesse post você vai encontrar
O que é o plano de parto?
O plano de parto é um documento que pode ser feito em forma de lista ou carta onde a mulher gestante especifica por escrito seus desejos e preferências para o trabalho de parto e recepção do recém-nascido. Ou seja, é onde você diz o que gostaria ou não gostaria que acontecesse durante o seu trabalho de parto e pós parto.
Por que fazer um plano de parto?
Ainda nos dias de hoje muitos médicos e profissionais de saúde seguem sustentando práticas obstétricas desatualizadas e sem respaldo científico, o plano de parto pode impedir que condutas desnecessárias sejam praticadas no atendimento a parturiente já que ele tem a função de deixar bem claras para a equipe que irá acompanhar o parto quais são as preferências da mulher.
O plano de parto é uma ferramenta que leva a mulher a conhecer os procedimentos presentes no parto e a refletir sobre os acontecimentos possíveis na hora do parto, fazendo com que participe de forma ainda mais ativa daquele momento.
Onde utilizar?
Ele pode e deve ser feito tanto para casos de partos hospitalares e em casas de parto, esclarecendo suas preferências do atendimento desde a sua chegada até alta médica; como também em caso de partos domiciliares.
Quando fazer?
Pode ser feito durante toda a gestação. Feito e refeito conforme você estuda e se inteira mais do parto. Conversa com sua doula, médico, parceiro. Busque informações para que o seu plano consiga refletir suas vontades. É bom que esteja pronto até o 7º mês de gestação.
Como elaborar um plano de parto?
Você pode criar seu próprio plano de parto, mas também existem modelos prontos na internet que você pode se inspirar ou usar o jeito que está.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo em parceria com a Artemis, ONG comprometida com a promoção da autonomia feminina e prevenção e erradicação de todas as formas de violência contra as mulheres um modelo de plano de parto em lista que você pode baixar aqui.
Vamos usá-lo como exemplo explicando item a item das possibilidades no atendimento ao parto.
Esse plano de parto separa as condutas e procedimentos em fases:
- Durante o Trabalho de parto
- Parto (hora do nascimento)
- Após o parto
- Caso a cirurgia cesariana seja necessária
- Cuidados com o bebê
Nesse post vamos abordar as duas primeiras fases, Durante o trabalho de parto e Parto (hora do nascimento).
Durante o Trabalho de parto
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1. Presença de um acompanhante de minha preferência, conforme a Lei 11.108/2005
| Temos o direito! O parto é um momento muito importante para a mulher e não deve ser vivido sozinho. O direito ao acompanhante é lei e regulamentada pela portaria do Ministério da Saúde.
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2. Uso contínuo de soro e ocitocina sintética
| Infusão intravenosa dificulta a mobilidade da parturiente, e assim o relaxamento. O uso contínuo de ocitocina sintética aumentam as taxas de cesarianas, uso de analgesia peridural e febre materna intraparto. Além de que as contrações induzidas por ocitocina sintética são mais doloridas e cansativas do que as contrações naturais, tanto para mulher quanto para o bebê.
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3. Liberdade para beber água e sucos enquanto seja tolerado
| As técnicas de respiração pela boca deixam a boca seca e da sede.
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4. Liberdade para caminhar e mudar de posição
| Manter-se ativa durante o trabalho de parto ajuda a lidar com a dor e facilita a descida do bebê na pélvis.
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5. Monitoramento fetal: apenas se for essencial, e não contínuo
| O aparelho de monitoramento restringe a movimentação da parturiente além de ser totalmente desconfortável pois a mulher é instruída a ficar deitada com abarriga pra cima. Indica-se o monitoramento intermitente em gestações de baixo risco, e a ausculta por enfeira capacitada. |
6. Raspagem dos pelos pubianos
| Não é obrigatório. Não diminui a incidência de infecções.
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7. Analgesia somente quando eu pedir
| Analgesia pode interferir no trabalho de parto e na movimentação da mulher, ela não deve ser feita sem a autorização ou pedido da mulher. Como já dissemos aqui é considerada uma intervenção invasiva mas também pode ser um grande coringa para encarar o parto.
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Parto (hora do nascimento)
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8. Liberdade para escolher a posição que me sentir melhor
| De cócoras, em pé, deitada, de lado, na banqueta de parto…a posição para o nascimento do bebê deve ser a que a mulher estiver mais confortável. O que é bom pra uma nem sempre é bom pra outra. A posição de litotomia, onde você se deita de costas e coloca os pés nos estribos, muito comum nos hospitais, faz com que o parto seja um esforço contra a gravidade e é desencorajada pela OMS. Nesse post você vê mais sobre posições verticalizadas de parto. |
9. Episiotomia (corte na vagina) – somente se necessário com justificativa
| É uma incisão feita na região do períneo, entre vagina e ânus, para ampliar o canal do parto. Geralmente realizada com anestesia local. Qualquer conduta médica no parto deve ser discutida com a parturiente. Não há nenhum benefício comprovado cientificamente do uso desse procedimento. Se existe Melania Amorim, UMA médica que tem 15 anos de assistência ao parto e NUNCA realizou uma epsiotomia sequer, vale a pena estudar sobre isso.
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10. Manobra de Kristeller (profissional de saúde faz pressão no fundo do útero para empurrar o bebê para fora)
| A manobra é uma violência obstétrica não tem qualquer indicação. Não é recomendada pela OMS por trazer riscos à segurança da mulher e bebê.
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11. Ruptura artificial de bolsa, por rotina
| Por que romper a bolsa artificialmente se ela se rompe sozinha durante o trabalho de parto? Não há nenhuma justificativa baseada em evidências científicas. Em alguns casos a ruptura é indicada para correção de distocias, mas NUNCA deve ser realizada com apresentação alta e móvel do bebê pelo risco prolapso de cordão.
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12. Amarração dos braços e das pernas durante o parto
| Não faz o menor sentido durante o parto normal, mas é bom deixar claro que sua movimentação é importante para o trabalho de parto.
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13. Bebê imediatamente colocado no colo para o contato pele a pele
| Acalma o bebê, fortalece o vínculo mãe-bebê e libera os hormônios do amor.
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Ufa! Quanta informação! No próximo post falaremos sobre o restante dos itens:
- Após o parto
- Caso a cirurgia cesariana seja necessária
- Cuidados com o bebê
Até breve!
REFERÊNCIAS
- Episiotomia
http://estudamelania.blogspot.com/2012/08/estudando-episiotomia.html
- Manobra de Kristeller
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf
https://www.elpartoesnuestro.es/informacion/parto/maniobra-kristeller-0
- Plano de parto
https://www.amigasdoparto.com.br/plano3.html
https://www.vix.com/pt/bdm/bebe/8238/plano-de-parto-o-que-e-e-como-fazer-um
- Rompimento da Bolsa das Águas
3 respostas para “Decifrando o Plano de Parto”