“É feita de dois organismos diferentes e incompatíveis, mas funciona como um único órgão, em completa harmonia.”
Este é um assunto que mexe comigo! Sou louca por placentas (risos)! Há mais ou menos um ano comprei um livro que falava sobre a placenta e mergulhei nos estudos sobre este órgão tão poderoso e pouco valorizado na nossa sociedade.
Lembro que assim que pari e minha placenta foi expulsa, a GO que me acompanhava, com ela na mão, perguntou-me: “Queres levar tua placenta?” No vídeo do meu parto é nítida a careta que fiz olhando para meu marido, com olhos de interrogação – ??? – e ao mesmo tempo um certo nojo, do tipo: ‘e o que vamos fazer com isto?’ Imediatamente respondi que não ficaríamos com ela. Lamentável. Hoje sinto tanto não ter tido acesso naquela época a essas informações em relação a ela 🙁 , minha placenta… <3
Pois bem, atualmente, munida de leituras e da curiosidade que me é peculiar, nos meus atendimentos de doulagem sempre falo sobre A PLACENTA!
A verdade é que pouquíssimas mulheres sabem sobre ela. Então este post é pra atiçar a tua curiosidade também e te colocar mais empoderada ainda em relação ao teu corpo!
Minha placenta: que órgão é este?
A placenta é um anexo embrionário presente somente nos mamíferos. É um órgão vascularizado, de extrema importância para o desenvolvimento do embrião, cuja função é realizar o intercâmbio de substâncias (nutrientes, gases e secreções) entre a circulação materna e a circulação do feto, atuando temporariamente como: pulmão, intestino, rim, fígado e adrenal.
Está ligada ao bebê através do cordão umbilical, através do qual as trocas de substâncias são mediadas. O cordão está entre o embrião e a placenta, e é constituído internamente por duas artérias (artérias umbilicais) e uma veia (veia umbilical), que funcionam da seguinte forma:
– As ARTÉRIAS circulam pelo cordão conduzindo o sangue venoso com baixa concentração em oxigênio, do embrião para a placenta;
– A VEIA conduz o sangue arterial com alta concentração em oxigênio, da placenta para o embrião.
Durante o desenvolvimento embrionário não há penetração de vasos sangüíneos comunicantes da mãe em direção ao feto, e muito menos do feto em direção à mãe. Os vasos sanguíneos da mãe e do bebê permanecem separados ao longo de toda a gravidez como forma de prevenir a passagem de substâncias nocivas. Transmite ao bebê os anticorpos da mãe, garantindo a sua proteção nos meses após o nascimento.
Contudo, a placenta é um filtro que protege o bebê de bactérias, mas não de vírus, como por exemplo o da rubéola ou o da toxoplasmose, e as drogas em circulação no sangue da mãe, como o álcool e a nicotina, conseguem atravessar a placenta. Barra a entrada de alguns medicamentos e toxinas, mas não consegue impedir a passagem de nicotina, álcool e drogas.
Como se forma a Placenta?
Pouco depois da concepção, e da fertilização do óvulo pelo espermatozóide, inicia-se a divisão celular. Este conjunto de células dá origem ao embrião e à placenta. Sim, a placenta tem a mesma origem celular que o bebê! Assim que o ovo fertilizado é implementado na parede uterina, a placenta começa a formar-se neste exato ponto de ligação.
O minúsculo blastocisto é constituído por duas camadas. Peraí, o que é um blastocisto??? Um blastocisto é um embrião com 5 ou 6 dias de vida (em alguns casos, 7 dias) e é composto por aproximadamente 200 células.
Ah, tá! E o que tem ele?
Então, retomando… as duas camadas do blastocisto são: uma massa celular interna, que dará origem ao EMBRIÃO e uma camada externa de células, que formará a FACE FETAL da placenta.
Com a implementação do ovo, as células da camada externa iniciam a formação de pequenas saliências que ligam os vasos sanguíneos da placenta à parede do útero, e será esse o canal através do qual se farão as trocas entre a mãe e o bebê. Deu pra entender até aqui?!?
Geralmente, a placenta inicia o seu desenvolvimento uma semana após a concepção. E por volta do final do primeiro trimestre da gestação, a placenta está completamente formada e ligada à parede uterina. Nos próximos seis meses assume por completo a função de fornecer tudo aquilo que o bebê necessita para se desenvolver e preparar para a vida fora da proteção do útero.
Ufa! 😀
Uma particularidade bacana de ressaltar aqui é que, no caso de gêmeos idênticos (univitelinos), a placenta é partilhada pelos irmãos, mas cada um se desenvolve dentro do seu próprio saco amniótico. Já os gêmeos não idênticos (bivitelinos) terão cada um a sua própria placenta.
Morfologia da Placenta – forma, aspecto e peso:
A placenta é formada por duas partes: tem um lado materno, que está conectado com a parede do útero (endométrio) e, assim, ligado ao organismo da mãe; e um lado fetal, constituída pelo córion, do qual sai o cordão umbilical que a liga ao bebê.
O lado uterino, ou materno, convexo, gruda na parede uterina e tem uma superfície “mais grossa”, parecendo com um pedaço de carne mesmo. O lado fetal tem contato com a cavidade ovular, é coberto pela membrana amniótica e tem uma cor azulado, ficando nítidos os vasos do cordão umbilical, visualmente lembrando a figura de uma árvore! A árvore da vida!
A placenta a termo – a partir da 39ª semana de gestação – se apresenta com uma formação carnuda, de aspecto esponjoso, redonda ou oval (isto varia de mulher para mulher), com largura máxima de 15 a 20cm. Normalmente, apresenta-se com uma formação única, mas raramente pode ser formada por dois ou mais lóbulos. Raras vezes, pode ser constituída de uma formação central, com vários lóbulos. Seu peso varia entre 500 a 600 gramas, representando em média 1/6 do peso do feto.
Funções específicas da Placenta:
Como já falamos, a placenta é um órgão completo e multifuncional. Gerado na gravidez, ela relaciona a mãe com o feto, realizando as trocas fisiológicas básicas de nutrição, respiração e proteção ao embrião, que se iniciam de 5 a 6 semanas depois da concepção. Faz todas as funções de um corpo humano.
“É o pulmão, fornecendo à criança o oxigênio e todas as trocas gasosas; é o coração, ajudando-a a movimentar a massa sanguínea e mantendo a circulação entre ela e a mãe; é o rim, depurando e regulando os líquidos em seu corpo; é o aparelho digestivo, procurando e fornecendo comida; é a glândula endócrina, produzindo todos os hormônios necessários à manutenção da gravidez e ao crescimento da criança; é o cérebro, guiando com inteligência o sistema informativo entre mãe e bebê, e elaborando todos os dados; é o sistema imunológico, fornecendo à criança anticorpos, linfócitos e macrófagos, as grandes células que podem destruir ou construir o tecido; é também a fonte do líquido amniótico e o renova a cada duas horas completamente.” – Medicina com a Placenta – A Árvore da Vida – Bebês Ecológicos
1. NUTRIÇÃO E PROTEÇÃO
A placenta tem a função de alimentar o feto e garantir as trocas metabólicas entre ele e a mãe durante a gravidez: representa o fígado, os intestinos e os rins do bebê até o momento do nascimento. Os nutrientes, anticorpos e oxigênio passam da corrente sanguínea da mãe para a do bebê e fluem para dentro do corpo dele através da veia umbilical.
2. GARANTIA DAS TROCAS METABÓLICAS
Os produtos de eliminação e o sangue sem oxigênio são removidos através das artérias umbilicais. Estes produtos de eliminação passam para a corrente sanguínea da mãe e são eliminados através dos rins.
3. MANUTENÇÃO DA GESTAÇÃO
A placenta também realiza importante atividade endócrina, colaborando diretamente com o metabolismo gestacional, produzindo os seguintes hormônios: progesterona, estrógeno, gonadotrofina coriônica, hormônio lactogênio e prostaglandinas (para a manutenção da gravidez e indução do parto).
Além disso, produz uma certa quantidade de hormônios que impedem a formação de novos óvulos nos ovários, estimulam o crescimento do útero e, numa fase mais avançada da gestação, estimulam a produção de leite nas glândulas mamárias.
Dequitação: quando ela é expulsa
A placenta é o único órgão humano que é expelido depois de ter cumprido as suas funções dentro do corpo materno.
Na terceira e última fase do trabalho de parto – e aqui estamos falando do parto vaginal ou natural – que se inicia logo após o nascimento do bebê (quase sempre no intervalo médio de uns 30 minutos após), o útero volta a contrair-se fazendo com que a placenta se desprenda da parede uterina e seja expelida do corpo da mãe. Com uma contração única, o útero expele a placenta, a pele do saco amniótico e o cordão umbilical. Esta etapa chama-se DEQUITAÇÃO, trazendo a queda brusca do estrogênio e a liberação e aumento da produção da prolactina, e com ela conclui-se então o parto.
Felizmente, continuam a existir muitos benefícios quando a placenta está fora do corpo da mãe! Ao usufruir deles, o equilíbrio mãe-placenta-bebê continua a existir depois do parto. No momento do nascimento, a placenta continua desenvolvendo todas suas funções, ajudando a criança a regular seu metabolismo e seu organismo até o ponto de equilíbrio; a partir daí ela pode seguir autonomamente.
“Quando a criança não precisa mais da placenta, não somente interrompe a comunicação, e, portanto a circulação, mas faz destacar a placenta do corpo materno e a faz expelir. Somente então é o momento para cortar o cordão umbilical.” (* texto extraído do livro: “Venire al mondo e dare alla luce. Percorsi di vita attraverso la nascita” de Verena Schmid Milano, Ed. Urra, 2005, pp. 194-5. Traduzido por Adriana Tanese Nogueira)
E depois… o que posso fazer com minha placenta?
Já vimos que a placenta possui muitíssimas virtudes terapêuticas, infelizmente pouco exploradas pela ciência e por nós, mulheres. É considerada um forte reconstituinte, anti-hemorrágico, antidepressivo, além de excelente estimulador da produção de leite! Portanto, perfeita para os cuidados da mulher durante o puerpério, e também usada nas curas de diversas doenças da criança. Poderá ser um remédio para o bebê durante toda a sua vida, e usado também pela mãe, para se restabelecer fisiológica, emocional e mentalmente após o parto.
Mas este será um papo que teremos em outro post, recheado de informações de qualidade e receitas super poderosas! Aguarde!!! 😉
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*Para conhecer um pouquinho mais da minha história e saber como vim parar aqui clique aqui e leia meu post de estreia na Casa da Doula!
Doula Andrea Gabech – Remãenascer
Referências:
1 – Enning, Cornelia. Placenta: o mais feminino de todos os remédios. Ed.LuzAzul, 1ª ed., Rio de Janeiro:2016.
2 – Pesquisa por: fisiologia da placenta. Site – www.dacelulaaosistema.uff.br/?p=702 – Cap. 6 – Placenta e membranas fetais/da célula ao sistema
3 – Pesquisa por: placenta. Site www.placentasagrada.wordpress.com
4 – Pesquisa por: placenta. Placenta Mundo Educação – mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/placenta.htm
5 – Pesquisa por: fisiologia da placenta. Site www.misodor.com/PLACENTA.html/Morfologenese e Morfologia da Placenta.
6 – Pesquisa por: placenta face mãe. Site http://www.geocities.ws/amorhumanno/aplacenta.html .
7 – Pesquisa por: placenta mãe. Site https://www.maemequer.pt/estou-gravida/como-cresce-o-bebe/dentro-do-ventre/placenta/
8 – Pesquisa por: a estrutura da placenta. Site https://www.colegioweb.com.br/anexos-embrionarios/a-estrutura-da-placenta.html.
9 – Pesquisa por: fisiologia da placenta. Site https://moradadafloresta.eco.br/blog/ecologia-feminina/medicina-com-a-placenta/
10 – Pesquisa por: medicina com a placenta. Site https://bebesecologicos.eco.br/medicina-com-a-placenta-a-arvore-da-vida/placenta