Quando a hipertensão gestacional pode tornar a gestação de alto risco?

Compartilhe:
foto de Roberta Peronico

Quando pensamos em hipertensão gestacional estamos pensando na maior causa de morte materna no Brasil, e a terceira causa de morte no mundo. Podemos destacar relação direta desse tipo de morte com o nível de desenvolvimento do país, pois nos países pobres essa sempre é a principal causa de morte. Quero mostrar a causa dessa alteração e apresentar informações baseadas em evidências, assim se você estiver passando por isso poderá ter uma luz e ter fonte de pesquisa.

 

 

Minha história

 Não consigo falar desse tema sem entrar um pouco na minha história. 

Apresentei hipertensão arterial em duas das três gestações que passei. Notei com a pesquisa que realizei para este post que a atenção no meu pré natal não foi das melhores. Eu nunca realizei nenhum exame de proteínas hepáticas ou qualquer outro de coagulação para a realização da minha primeira cesárea. Também nunca fui informada de onde vem esta disfunção, e como seria a melhor forma de resolução. As condutas baseadas no medo da morte nortearam as minhas decisões. Quero que este texto possa ser alguma luz para quem está sendo diagnosticada.

Durante o diagnóstico me sentia sempre culpada pois entendia que a culpa era da obesidade, e sem muitas alternativas, pois no país das cesáreas essa sempre é a única solução.

 

Pontos a serem observados

Alguns fatores que podem ser associados a alteração de pressão na gestação, são eles: doença hipertensiva de base, diabetes, gravidez múltipla, longo período entre as gestações, primeira gestação, histórico familiar, obesidade. Mas nenhuma destas características são determinantes.

É de domínio público que inchaço é um dos sinais de alerta do aumento da pressão, mas não, o inchaço é um sintoma comum da gravidez.

Os sinais que precisam de atenta observação são alterações visuais e dores de cabeça, principalmente quando associadas.

 

Causa:

Quero destacar que estão envolvidos mecanismos genéticos, bioquímicos e hormonais. Todos relacionados ao processo de desenvolvimento da placenta que por algum motivo, não completamente desvendado, não se insere no útero de forma adequada e não é oxigenada de forma adequada e gera alterações bioquímicas que induzem hipertensão e efeitos diversos nos rins, fígado, cérebro e coagulação sanguínea.

 

Diagnóstico

É importante destacar que o médico do pré natal é quem realiza o diagnóstico e acompanha os exames, determinando as condutas. Quando aparece a alteração da pressão, não necessariamente existe a doença, cada alteração é classificada para o melhor tratamento da mãe e do bebê. Quando a medida da pressão arterial  é 14×9 a partir das 20 semanas, se acende um sinal de alerta para a investigação do quadro. Serão realizados exames para saber se existem alterações no fígado, rins e sangue. Quando o exame de proteína é realizado e o resultado é positivo, está diagnosticado a pré eclâmpsia, que pode ser leve ou grave. Neste ponto a gestação é de alto risco e a condução do parto é hospitalar. A eclâmpsia é a crise convulsiva decorrente da alteração da pressão e a síndrome de Help é o comprometimento do fígado e das funções do sangue.

 

O bebê:

Como é uma doença relacionada com a placenta, e a placenta é responsável pelo desenvolvimento de bebê, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dele é muito importante, e uma das principais medidas para a condução do parto.

O parto prematuro é um risco já que a doença pode se apresentar a partir das 20 semanas. O ideal é monitorar e proteger o bebê do parto prematuro, em alguns casos recomenda-se o uso de corticoides para o amadurecimento dos pulmões do bebê.

Os bebês de mães com eclâmpsia grave podem apresentar perda de peso intra útero, sofrimento fetal, que pede uma resolução de urgência, sendo que a maior preocupação é o descolamento da placenta que pode levar ao óbito.

 

Via de parto

Vale dizer que se é uma doença decorrente da placenta a cura acontece com a retirada dela, no parto. O parto normal é o mais indicado. Quando é apenas hipertensão gestacional, sem nenhuma complicação, pode esperar o trabalho de parto espontâneo. A partir da pré eclâmpsia leve a orientação é a indução do parto a termo, com internação e acompanhamento da mãe e do bebê. Na evolução para eclâmpsia grave, vale a avaliação do colo e de tempo de parto. Até na eclâmpsia a orientação é aguardar a crise e monitorar o bebê para que a avaliação da via de parto seja realizada.

 

Referencias que usei para escrever este post:

Estudando Hipertensão na Gravidez 1:  http://estudamelania.blogspot.com/2012/10/estudando-hipertensao-na-gravidez-parte.html

Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.36 no.10 Rio de Janeiro Oct. 2014  Epub Oct 03, 2014 /Características clínicas e laboratoriais de gestantes com pré-eclâmpsia versus hipertensão gestacional :http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032014001000461&lang=pt

 Psicol. cienc. prof. vol.34 no.3 Brasília July/Sept. 2014/Adesão ao Tratamento em Gestação de Alto Risco: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932014000300625&lang=pt

Compartilhe:

Uma resposta para “Quando a hipertensão gestacional pode tornar a gestação de alto risco?”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.