Mito da Perereca Frouxa

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Vira e mexe a gente escuta por aí que a cesárea é melhor porque senão a perereca vai ficar frouxa. Isso é um GRANDE mito.

O tamanho médio da vagina é de 7,5 a 10 cm, mas quando ela está excitada, pode aumentar até 200%. Assim como imediatamente depois do nascimento a vagina se fecha. Algumas vezes ela fica inchada e ai basta fazer apenas uma compressa gelada.

A musculatura do períneo deve ser trabalhada sempre. Os exercícios de Kegel são recomendados para as grávidas, não grávidas e principalmente as mais velhas. Como os outros músculos do corpo a vagina perde tônus quando não trabalhada. Por isso:

-Mulheres que fazem cesárea podem ficar “largas”

-Mulheres que nunca tiveram filhos podem ficar “largas”

-Mulheres virgens podem ser “largas”

Outro dia estava pensando que esse mito da perereca frouxa pode também ter um outro viés. Depois de acompanhar um lindo parto domiciliar a mãe teve uma laceração de primeiro grau mas em MUITOS locais, a enfermeira ficou mais de hora suturando. Fiquei pensando que antigamente as lacerações mais importantes não eram suturadas e acredito que algumas vaginas ficavam esteticamente e fisiologicamente comprometidas. Por isso ao escolher por seu parto natural esteja ciente de estar acompanhado de pessoas capacidades em conhecer a fisiologia e reconstituir com sutura (pontos) a vagina. Enfermeiras Obstetras, Obstetrizes e médicos obstetras são capacitados para isso. Parteiras Tradicionais não.

A boa assistência durante o Parto, opções verticalizadas ou que a mulher sentir liberdade, não fazer kristeller, não ter puxo dirigido e para isso de preferencia não estar anestesiada, não receber o corte vagina (episiotomia) é essencial para que o parto normal não seja o vilão da perereca. A resposta contra a perereca frouxa não é uma cesárea mas sim uma boa assistência ao parto.

Ponto do Marido

O Ponto do marido, no linguajar médico, significa um ponto que é dado durante a episiorrafia (costura da episiotomia) para ‘apertar’ a abertura da vagina um pouco mais do que estava antes de fazer o corte. É assim chamado, pois se baseia na crença, sem qualquer fundamentação científica, que a vagina se alargaria com a gestação e o parto e que, deixando-a mais apertada com este ponto, a vida sexual seria mais satisfatória para os homens. A prática ainda é bem comum nos hospitais.

O ‘ponto do marido’ é uma visão machista e preconceituosa. Como se o corpo da mulher não fosse capaz de se reconstituir necessitando de uma ajuda externa para aumentar a satisfação sexual do homem. Muitas mulheres relatam dores na relação ao receberem esse dito ponto o que pode arruinar a sua vida sexual.

Em contrapartida mulheres com vivências fortalecedoras do parto podem ter maior satisfação depois do nascimento de seus filhos. K.M quem tive o privilégio de acompanhar tinha vaginite. Em seu trabalho de parto, sem toques, sem episiotomia, ela pariu naturalmente A. Depois da experiência do parto ela passou a sentir mais prazer nas relações.

Quem dilata?

Segundo explicação da Obstetra Cátia Chuba, o que dilata é o colo do útero, a parte mais inferior do útero e que fica geralmente fechada. Não é osso, é tecido mole. Ela se abre na época fértil, na menstruação e no parto. O colo do útero fica fechado e “selado” com o tampão mucoso. O osso já tem uma abertura (preenchida com tendões, músculos). Ou seja, é o tecido mole que cede com a passagem do bebê. Na gravidez existe um hormônio que afrouxa as articulações e permite um maior “molejo” dessa parte óssea para a saída do bebê.

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Voltando ao colo do útero, durante a gestação ele está fechado e longo. Com as contrações ele começa a dilatar e afinar (diminuir de comprimento). São as contrações que fazem essa dilatação acontecer, trabalho muscular mesmo.

Os 10 cm em questão é o quanto ele dilata ou abre, abrindo o útero para a saída do bebê. Os 10 cm correspondem a dilatação total. Em prímiparas (primeira gestação), o esvaecimento/apagamento do colo do útero tende a acontecer antes da dilatação. Ou seja, o colo primeiro se afina e depois dilata. Em multíparas (em caso de mais gestações), o processo de esvaecimento e dilatação tende a acontecer ao mesmo tempo.

Dilatação e Laceração

A dilatação não tem haver com o períneo. O períneo é uma musculatura externa que deve relaxar para que passe a cabeça e ombro de preferência sem lacerar. A laceração varia muito de mulher para mulher. O exercício de Kegel ajuda a preparar essa região e também massagens no fim da gestação parece que tem um bom resultado. A força e a velocidade com que passam a cabecinha ou o ombrinho também pode influenciar na laceração também.

Podem acontecer laceração em caso de saída muito rápida do bebê , cicatrizes de episiotomias anteriores, já que é uma região de fibrose e fragilidade dos tecidos, com potencial maior para rupturas.

Aí você pode se perguntar: não seria melhor fazer uma episiotomia para evitar laceração?

A episiotomia é um procedimento realizado em geral sem o consentimento da mulher e com muitas discussões a respeito da sua eficácia e necessidade. Quando não há episio no Parto Normal existe a possibilidade de acontecer as lacerações espontâneas de primeiro grau (lesão de pele e mucosa) e mais dificilmente as de segundo grau, (lesão de músculos). As estatística apontam que as lacerações de segundo grau ( semelhantes as episios) tem uma melhor cicatrização e menos dor do que as episios. O procedimento facilita mais as “intervenções médicas” do que auxiliam o nascimento do bebê.

O que é melhor? talvez a possibilidade de que o curso natural aconteça e você talvez tenha 60% de chance de não ter laceração nenhuma e que seu períneo fique íntegro. Ou, se houver lacerações, elas podem cicatrizar melhor do que uma episio.

E a tal perereca frouxa?

A perereca pode ficar mais alargada, a musculatura mais frouxa e até se precisar fazer uma cirurgia de períneo. Mas não por conta do parto. Devido basicamente do peso que o neném exerce no assoalho pélvico, de constituição física e de hábitos que a mulher tenha. “Porque se fosse tudo culpa do parto, freiras não fariam cirurgia de períneo, cesareadas não fariam cirurgia de períneo”.

O canal vaginal é como uma bexiga o começo é mais apertado e lá no meio é mais amplo. Os músculos da parede do canal vaginal podem ficar meio fracos logo após o parto, mas depois voltam ao normal . É normal ter incontinência urinária transitória nos primeiros dias pós-parto, além de uma sensação de como estivesse tudo solto. A acomodação natural dos tecidos e exercícios perineais geralmente resolvem em pouco tempo.

Referências

https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3037/3/402-410.pdf

 

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