Parece tão simples fazer a escolha por um parto natural, afinal trata-se de um evento fisiológico que na maioria das vezes não demanda muita coisa para acontecer. Mas o que faz tantas mulheres frustradas por não terem conquistado um parto maravilhoso?
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Senso comum
Todos esperam que uma gestação tenha data marcada para terminar e que ao menor sinal de dor ou desconforto, a mulher seja internada imediatamente no hospital para que tudo ocorra com segurança. Ao mesmo tempo, todos esperam que esta internação traga um bebê o quanto antes, afinal estão todos ansiosos para saber como o bebê está, com quem se parece e se a mãe está bem.
Experiência de terceiros
Desfechos negativos ficam marcados na memória das pessoas, que insistem em compartilhar com as gestantes os desfechos negativos de outras pessoas, sem sequer terem ideia da qualidade da assistência destas em seus partos. Culturalmente há uma necessidade da população em geral de tutelar as gestações alheias e com isso transmitem insegurança e medo às mulheres que deveriam estar recebendo motivação e acolhimento.
A imensa maioria das gestações e nascimentos que ocorrem no Brasil são muito mal assistidas, principalmente no campo emocional. Por termos um modelo de pré-natal instituído na figura do médico. Há um excesso de foco no patológico e pouca atenção às questões holísticas e emocionais que carrega essa mulher que gesta um mundo de questões físicas e emocionais.
Zona de conforto
Com o modelo de assistência tradicional, tendemos a ser completamente passivas à figura médica. Entregamos completamente ao profissional de confiança a condução e desfecho do nascimento do bebê.
A questão financeira costuma pesar bastante também, pois investimos bastante num plano de saúde para termos uma assistência de qualidade e certamente queremos usufruir plenamente quando finalmente há um momento para isso.
Há também quem está sendo assistida pelo SUS e num ambiente extremamente burocrático, há pouco espaço para protagonismo ou debate sobre assuntos individuais.
Soa bastante desconfortável ouvir alguém dizer que seu parto maravilhoso não acontece na sua zona de conforto.
Quem conquistou
Observando relatos das mulheres que tiveram partos maravilhosos, emocionantes e repletos de intensidade, o ponto que fica mais marcante é seu protagonismo. Elas que questionaram as falácias do sistema tradicional instituído e deixaram sua zono de conforto, abrindo mão de alguma coisa para sua conquista.
No modelo tradicional, tem-se cerca 90% de possibilidades de um parto repleto de intervenções, violento, ou uma cirurgia sem real indicação. Ou seja, na zona de conforto se abre mão de um parto respeitoso, mas garante hotelaria da maternidade particular sem custo adicional.
Pelo SUS, abre-se mão da hotelaria, mas aumenta as chances de um parto respeitoso, sem custo adicional.
Alternativamente, é possível utilizar a hotelaria da maternidade privada, contratando à parte uma equipe que atue segundo a medicina baseada em evidências científicas, para ter um parto respeitoso, porém terá que investir certa quantia em dinheiro para a equipe médica.
Qualquer que seja a escolha da mulher, uma doula poderá auxiliar no processo de busca e decisão do modelo de assistência e local do parto, promover troca de experiências com outras gestantes, ou mulheres que já tiveram seus bebês com rodas e grupos de apoio ao parto. O mais importante é o processo de educação perinatal, que permite a mulher ter informações de qualidade e acolhimento para que faça suas próprias escolhas informadas, sendo protagonista de sua história, sua potência e seu parto, assumindo os riscos junto à sua equipe e sendo responsável por suas decisões.
Plano B
Há situações nas quais o plano original deixa de ser uma opção e há real necessidade de uma alternativa diferente da idealizada. Seja por um parto domiciliar que deixou de ser risco habitual e houve necessidade de transferência para o ambiente hospitalar. Ou um parto natural que precisou de um desfecho cirúrgico.
A frustração está diretamente ligada ao excesso de expectativas no parto idealizado, mas é importante entender que mesmo com todo preparo, cuidado, informação, há maneiras de se estudar cenários alternativos para um desfecho menos frustrante numa situação adversa.
Planejar cenários diferentes para algumas intercorrências previsíveis, preparar um plano de parto consistente e ter o acompanhamento de uma doula, são boas maneiras de se minimizar os impactos de um cenário de parto diferente e ter um parto maravilhoso, mesmo sem ser sua opção original.
No caso de um parto domiciliar, escolher um hospital com boas referências de pronto atendimento em obstetrícia, que tenha uma postura respeitável e alinhada às suas escolhas, uma vez que a maioria das transferências ocorrem por pedido de analgesia.
No parto hospitalar, pode não haver vagas no hospital escolhido, ou o profissional de escolha não estar disponível no local. Antever estas situações e ter um segundo local de referência, facilita que a decisão seja tomada num momento de sentimentos intensos.
No plano de parto é possível listar suas preferências para o ambiente de nascimento, intervenções no seu corpo e a recepção do seu bebê no momento do nascimento. PARA LER MAIS SOBRE A RECEPÇÃO DO RECÉM NASCIDO, CLIQUE AQUI.
A doula é a profissional que zela pelo campo da mulher onde quer que seu parto ocorra e em qualquer desfecho que venha a ter, amenizando interferências externas e melhorando o ambiente para confortar e permitir atuação hormonal. Com o vínculo estabelecido durante a gestação, o conhecimento do que é esperado no parto, ou do que é atípico, tem uma posição de ponte entre quem está vivenciando um momento único e a equipe técnica. Aquela pessoa cujo olhar familiar vai transmitir segurança e conforto à mulher e seu acompanhante.
Ou seja…
Para conquistar um parto maravilhoso, nenhuma mulher é obrigada a sair de sua zona de conforto, contratar equipe particular, parir no SUS, ou contratar uma doula. Mas é importante ter consciência que ela é responsável por suas escolhas, ou conveniências e que as consequências são suas e ocorreram em seu corpo e no de seu bebê. Muitas destas são previsíveis e há muitas maneiras de se resguardar destas, assumindo controle das decisões que estão ao seu alcance, questionando e recusando procedimentos que te causem desconforto, ou não tenham indicação real. Ter ao seu lado pessoas que compartilhem e respeitem de fato suas escolhas e não crie expectativas fora do comum.
O parto é um processo intenso, doloroso, escatológico, mas não precisa ser um momento de dor, submissão e medo. Um momento único na vida de uma mulher, no qual seu corpo experimenta sentimentos físicos e emocionais muito intensos, deveria ocorrer sempre em ambiente acolhedor e seguro para que ela pudesse desfrutar das sensações com intensidade e jamais deveria ser um momento para pavor, insegurança e desrespeito.
De onde ela tirou essas informações?
Nascer no Brasil – Excesso de cesarianas
https://portal.fiocruz.br/noticia/nascer-no-brasil-pesquisa-revela-numero-excessivo-de-cesarianas
A decisão pela via de parto no Brasil: Temas e tendências na produção da saúde coletiva
http://www.scielo.br/pdf/tce/v25n1/0104-0707-tce-25-01-3570014.pdf
Violência Obstétrica
https://annelbrito.jusbrasil.com.br/artigos/115355541/violencia-obstetrica-o-que-e-isso
Ministério da Saúde – Violência Obstétrica
ftp://balcao.saude.ms.gov.br/horde/telessaude/apresentacao/2014/Violencia%20Obstetrica.pdf
Como posso acompanhar essa doula?
https://www.instagram.com/suzannemirandadoula/
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