A saúde da mulher tem sido um campo de grande preocupação e discussões ao longo de vários anos. A gestação é um período muito peculiar na vida de uma mulher e o nascimento do filho é uma experiência única, portanto, merecem ser tratados de forma singular e especial por profissionais qualificados: equipe multidisciplinar, governo e família.
Ações educacionais e informativas tem grande valor, já que nosso país possui uma alta taxa de cesáreas que chega a mais de 50%, atrás apenas da República Dominicana.
A mulher merece e deve ser tratada com seu devido respeito, atenção e dignidade, sendo informada de todas as alterações corporais, psicológicas, emocionais e todas as outras que virão. Essa é uma característica essencial a humanização do nascimento, onde cada mulher é única em suas necessidades, expectativas, anseios, dúvidas, etc.
Antigamente os nascimentos aconteciam em casa, sendo assistidos por parteiras e com zero intervenções. Com a medicalização do parto, esses nascimentos migraram para os hospitais e o olhar individual para cada mulher acabou se perdendo. Por conta disso, surgiram no Brasil e no mundo diversos movimentos de apoio a maternidade e ao parto, com caráter informativo e empoderador. São realizadas rodas de conversa, workshops, cursos, palestras, vivências e diversas outras atividades com intuito de preparar da melhor forma a mulher para sua nova realidade. Quando engravidei, participei de rodas de conversa e me empoderei de todas as formas possíveis. E foi em um desses grupos de apoio que conheci e me encantei por minha doula. Foi amor a primeira vista!
Nesse post você vai encontrar
Falando sobre a ótica da gestante e da minha experiência
Foi muito importante participar desses encontros, onde pude conhecer muitas famílias e a história de cada uma. Saber qual era o médico “mais humanizado” e aquele que eu deveria passar longe. Conhecer as doulas e as equipes e me empoderar para o parto. Decidir pelo parto domiciliar/hospitalar, plantonista/SUS/particular. Os grupos de WhatsApp são super legais, mas o presencial, o olho-a-olho, a energia gostosa, ahhh isso é imprescindível, é uma troca muito rica! A maternidade foi um divisor de águas em minha vida, um portal que se abriu e um encontro muito lindo e transformador com meu feminino. Por conta disso, decidi também me tornar doula e continuar a lutar pelo direito de outras mulheres, para que todas possam ter acesso a informação e poder de escolha.
Agora falando sob a ótica da doula
Não existe nada mais gratificante do que saber que ajudei (nem que seja um pouquinho) na busca por um parto respeitoso daquela mulher. Seja apresentando alguma evidência científica, acolhendo suas dúvidas e medos ou simplesmente “tamo junto, a sua luta é a minha luta!”
Atualmente, eu e mais 4 doulas parceiras, atuamos como ponte de informação para outras mulheres através do Coletivo de Doulas Rede de Apoio Materno, realizando rodas de conversa gratuitas e aberta ao público, presenciais e online.
Depoimento de algumas mulheres sobre a importância dos grupos de gestante:
“A minha primeira gestação há 5 anos atrás eu não sabia nada sobre humanização e confiava cegamente no médico. Não participei de grupo nenhum e achava que o que o médico me falava era informação suficiente. Resultado: tive uma cesária, claro. E no puerpério eu tinha impressão que só eu estava passando pelas dificuldades, porque com todas as mulheres já mães que eu conversava era sempre tudo lindo e maravilhoso. Essa situação me fez sentir frustração por várias vezes. Hoje, graças aos deuses, sou uma mulher totalmente diferente, é acha super importante essencial esse trabalho das rodas. A informação realmente é libertadora. E as redes de apoio tem a grande importância da partilha e de mostrar pra nós mães que não estamos sozinhas.”
“Sim, adoro as rodas de gestantes. Esse grupo de apoio tem sido essencial pra mim, todo dia aprendo uma coisa nova e conhecimento é importantíssimo, não só pra hora do parto, mas também pra passar adiante a quem eventualmente precisa. Eu já queria o parto normal, mas pensava que o humanizado era algo restrito, hoje sei que é algo que eu posso fazer e é o que será!”
“As rodas de conversa, tanto pra gestante quanto puérpera (e pro pai), são essenciais. Eu e meu marido só conseguimos ir em uma e achamos esclarecedor, além de nos fazer sentir que não estamos sozinhos.”
“O puerpério é um período onde tudo fica ao redor do bebê e muitas vezes a mãe se cala e chora sozinha. É importante ter união e perceber que não estamos só.”
“Gostei muito de participar das rodas de gestante e também adoro os grupos de apoio. Eu estaria praticamente sozinha (exceto pelo meu marido) na minha maternagem, se não fossem os grupos. E eu acho que as partilhas são muito ricas! Também fiz algumas amigas aqui que levo pra vida! Participar das rodas foi fundamental para o meu parto domiciliar planejado, porque foi onde eu encontrei informações de qualidade, depoimentos de famílias que haviam passado por essa e outras experiências. Eu tive doula e a presença dela foi fundamental no parto!”
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Com novas recomendações, OMS tenta frear explosão de cesáreas – O Estadão