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O destino e suas surpresas!
Hoje eu entendo o porquê de tantas mudanças em minha vida. Sou natural de Curitiba-PR, bem do leitE quentE! Eu jamais acertaria se me perguntassem “como eu estaria daqui 10 anos, o que eu estaria fazendo, trabalhando”. Eu iria errar feio! Na minha cabeça de menina/mulher, na faculdade estudando Ciências Biológicas, sendo bolsista de iniciação científica e trabalhando muito, tendo como objetivo viver da biologia, mais especificadamente trabalhando com baleias (meus eternos amores!), eu não arriscaria dizer que estaria trabalhando com mulheres, apoiando gestantes e vendo bebes nascerem. Apenas acertaria que já seria mãe! Isso eu sempre quis!
Aqui na região Sul de Santa Catarina trabalhar com baleias é bem possível, mas quando se tem disponibilidade para viajar, ir e vir quando precisar. E essa disponibilidade já não era mais o meu caso, aos 22 anos (ano de 2012), engravidei e mergulhei na maternidade! Estava estressada com tantas atividades na faculdade que decidi junto ao meu marido que iria parar os estudos ao fim daquele semestre, mas temporariamente.
A teimosia de resistir ás informações corretas.
Então, me dediquei á gestação, eu busquei informações sobre tudo, fui á grupo de gestantes e ouvi muito sobre o parto normal, sobre as suas vantagens em relação a saúde do bebe e a nossa recuperação, sobre a fisiologia…mas uma coisa muito maior me bloqueava. Eu não me imaginava passando por dores “terríveis” das contrações, a possibilidade da episiotomia ou a laceração e a reputação do hospital da minha cidade me dava arrepios. E assim, um casal cheios de medos comprou o parto do filho, para poupar-me de todas as atrocidades que eu escutava e tinha medo. Então, mesmo eu indo ao curso, ouvindo todas as informações, nada me tirava da cabeça que eu faria uma cesariana “linda”, sem dor, que meu bebe estaria pronto as 38 semanas e já poderia nascer tranquilamente. Chegamos no hospital, particular, e fiz a terrível pergunta: “Qual médio faz mais partos (me referindo a cirurgia)? Qual trabalha a mais tempo com isso?” Me deram seu nome e eu disse: “pode agendar a primeira consulta, por favor!”
Uma cesariana nada romântica.
A DPP (data provável do parto) era 20 de janeiro. Até que, perto do Natal eu tive dores e contrações (eram pródromos), corri para o hospital e pedi para não sentir dor! Pedi que dessem um jeito naquela dor! Para completar o combo do desespero, eu estava com muita lubrificação vaginal (normal para esta época gestacional), então esta lubrificação se tornou num “simsalabim” do terrorismo médico: “Perda de liquido amniótico, vamos internar, amadurecer o pulmão do bebe esperar entrar pelo menos nas 37 semanas”. Assim foi. Eu e minha família só dizíamos amém ao médico. Internação, repouso, remédio para dor, bolsas de glicose e soro para reposição do tal liquido, e eu inchei muito nestes dias, foi desnecessário, hoje eu sei.
Dia 1 de janeiro! Eu estava num desconforto grande, final de gestação, verão em plena SC, litros de soro na veia e medicamentos para “deusolivre” não sentir dores. Corri novamente para o médico: “Dr., tõ com dor, não dá pra nascer hoje?”, “Hoje não, É FERIADO, não tem pediatra e nem anestesista…Amanhã dá!” Passei a noite no hospital, ansiosa para o nascimento do nosso Leonardo. Recebi medicações sem nem saber os nomes e necessidades, mas teve um em especial que me fez delirar, eu VI um prego que estava na parede, der-re-ter! Passamos a noite…E dia seguinte ele nasceu.
Dia 2 de janeiro, numa cesariana nada romântica, com direito a papo furado entre os profissionais ali presentes, tive a barriga empurrada (soquinhos seguidos) pelo anestesista no fundo da minha barriga para “ajudar” o bebe que não estava saindo (conforme me recordo das palavras do médico na hora). Meu marido assistiu toda a cirurgia, de um ângulo bem corajoso, sugerido pela equipe mesmo… dos meus pés! Ou seja, a lembrança dele não é tão linda e ele chocado nem tirou do bolso a máquina fotográfica.
RN com Infecção bacteriana.
Após a alta hospitalar, já em casa o bebe apresentou febre e se recusava a mamar. Fomos ao hospital infantil, ele passou por procedimentos dolorosos, punção lombar para descartar meningite, exames de sangue, urina. Um bebe de 03 dias de vida. E eu, recém operada, mal conseguia colocar os pés no chão e o peitos enormes porque o bebe não estava mamando. Foi alí que eu me tornei mãe verdadeiramente, ali que meu instinto nasceu e eu rugí! Esse foi meu primeiro portal. E dalí para frente eu dei o meu melhor pra ele. O diagnóstico foi infeção bacteriana no sangue. Sem saber de onde veio esta contaminação exatamente, porque nós não tivemos forças para abrir mais sobre o assunto e ir fundo, sabemos que a probabilidade seja de que a bactéria foi contraída no hospital. Ver o bebe passar por tantos procedimentos, foi traumatizante.
Enfim, eu me culpo por isso. Depois de um tempo, já planejávamos outro filho.
Decisão unanime: Meu próximo parto será o mais natural possível!
E alí eu sabia que iria ser diferente, valeria a dor, a laceração, o que fosse! Gestação confirmada as 06 semanas, aborto espontâneo as 11 semanas. Curetagem. Este eu considero meu segundo portal. Recuperação de 06 meses, nova gestação!
Houve um sangramento e os exames apontaram descolamento de placenta. Recebi instruções de repouso absoluto, mudança radical na minha vida e na de meus familiares, recebi muito apoio e cuidados. Ao passar da gestação, diagnóstico de placenta prévia, a qual fui saber depois, que é maior a probabilidade de ocorrer esta situação devido a cesária anterior, ao aborto e curetagem também e a cicatriz do corte no útero, dificulta a aderência da placenta no local.
Com o passar das semanas, a placenta “andou”. Saiu de cima do colo do útero, mas ficou marginal. Eu planejava um parto domiciliar, porém uma das enfermeiras obstétricas da equipe me avisou sobre um protocolo de atendimento que citava que na minha situação de ter a placenta marginal, a indicação era estar em local que disponibilizasse atendimento cirúrgico de emergência. Então eu chorei, amargurei demais não poder realizar o parto domiciliar, mas, em contato de uma Doula maravilhosa, visualizei um parto hospitalar humanizado e aceitei a mudança de planos necessária.
Depois que ganhei alta do repouso, frequentei outro curso de gestante! Mãe e pai de segunda viagem em curso novamente! Sabem porque? Porque cada viagem é única! E com aquele grupo de apoio (Inanna Apoio Materno), eu me vi segura e totalmente encorajada e inabalável pelo medo de dor!
As 40s6dias, beirando uma indução, com alguns familiares nos questionando por termos passado das 40 semanas, o Vicente resolveu vir ao mundo, e eu SORRI quando senti a primeira contração, a primeira dor, e eu falei em voz alta: “Pode vir, pode vir que eu aguento!” . (Hahahahahah!)
Mas assim foi! Elas vieram intensamente, sessaram por um período e no inicio da noite retornaram com força total e então engrenou o trabalho de parto! Fomos para o hospital cedo, pois tínhamos o alerta sobre o risco (mesmo que pequeno) de hemorragia, devido a placenta ser marginal. Foi um TP longo (lua minguante pessoal!) mas eu não desisti.
Com apoio do meu marido, super preparado e participativo, com a Doula anja que me inspirou a ser doula também, conseguimos. Um parto natural, sem intervenção médica até o momento em que foi “solicitado” que eu mudasse a posição, saísse da cama da sala de pré-parto e fosse para a posição de litotomia (posição ginecológica), a Dra. insistia no puxo dirigido “peito no queixo e faz força, querida”, neste momento eu lembro perfeitamente de ouvir a média lááá atrás da minha barriga, mas quem estava olhando nos meus olhos e respirando devagar e corretamente comigo, era a minha doula. Depois que a cabecinha dele já tinha saído da vagina, a médica deu aaaaaquela “giradinha e puxadinha” no bebe, manualmente. E eu senti aquele quentinho inesquecível!
Primeiro momento do nascimento, o bebe ficou comigo, veio para o peito, reconheceu minha voz, a do pai, deu aquela choradinha gostosa, mais parecendo miado de gato e mamou (estimulo da doula), depois foi levado para procedimentos de rotina acompanhado pelo pai a todo momento.
Resultado final, laceração (03 pontos), mas mãe e bebe saudáveis, todo mundo cansado, mas saudáveis e juntinhos! Esse foi meu terceiro portal!
Meu parto serviu de estímulo para me tornar doula.
Após um puerpério profundo, ajudei amigas durante a gestação, fui tipo doula sem saber! Até que bateu forte o propósito de vida, a minha alma lavada quis lavar as outras também. Apesar de ter os últimos minutos do parto com intervenções, sei que poderia ter sido pior se eu não estivesse com meu plano de parto feito, com a doula e meu marido alí falando por mim quando já não me saia voz! E hoje é o que eu acredito que todas as mulheres devem ter acesso, somos merecedoras do respeito a nossas escolhas, ao nosso corpo e do nosso bebe. Acredito que informação é o melhor remédio! Esse momento não pode ser automatizado, ele tem que ser é personalizado…Seja no SUS, no particular…onde for.
Hoje atuo em toda região Sul de Santa Catarina, na gestação, preparação ao parto, acompanhamento de parto e pós parto. Facilito junto a mais profissionais da área, encontros de gestantes/casais para troca de informações, conhecimentos e experiencias. Honrando o sagrado feminino, confiando na fisiologia do corpo e acreditando plenamente que “mães sabem parir, bebes sabem nascer!”.
Referencias:
Placenta prévia – classificação e orientação terapêutica http://www.fspog.com/fotos/editor2/2013-2-artigo_de_revisao_5.pdf
Placenta prévia (sobre protocolo seguido pela equipe de PD) http://www.me.ufrj.br/images/pdfs/protocolos/obstetricia/placenta_previa.pdf
O vínculo mãe bebê: primeiros contatos e a importância do holding https://tede2.pucsp.br/handle/handle/15744
Pseudociência, preconceito e a falácia do “parto animalizado” http://estudamelania.blogspot.com/2016/01/pseudociencia-preconceito-e-falacia-do.html?q=doula
Um orgulho tao grande de você amiga! Pela mãe, amiga e profissional que és. Se tem uma ansiedade de ter uma nova gestação é só por te ter como minha doula Rê. Que Deus continue te abençoando e que seus propósitos sejam cumpridos na sua Vida
May querida! Este orgulho é recíproco! Temos tanto em comum e te agradeço por todo apoio nesta caminhada, me faz continuar e querer melhorar sempreee! Amém amiga! que assim seja, q eu possa estar do teu lado no “próximo momento mais feliz da vida” de vcs! hehehehe!
Linda.Uma história de amor.É uma exelente Doula pois a escolha foi por amor à vida de maneira mais natural possível.Parabéns Renata muito sucesso no seu trabalho.
Gratidão!!! Como o apoio e reconhecimento de vcs me inspiram mais e mais!!!!
Que lindo Rê, você, tua história, sabe o quanto me identifico com ela. Orgulho ver vc por aqui também, e seguimos juntas nessa caminhada de levar conhecimento, acolhimento, amor pra essas mulheres, para que elas também tenham lindas histórias pra contar.
Muito sucesso no teu caminho. Bjs ❤️
Vá!! Muito obrigada! Eu adoro ter vc junto nesta caminhada, mesmo que distante, sempre nos apoiando desde o iniciozinho! Te desejo o melhor nesta trajetória! Conte comigo! 😘
Tenho muito orgulho da esposa e mãe que se tornou com a experiência que passamos juntos. A informação e apoio que recebemos no caminho destes “portais” fizeram toda a diferença. Nesta historia nasceram dois filhos, um pai, uma mãe e uma doula. Beijo, amamos você! Fer, Léo e Vicente.
meu amor! Renascemos juntos!
Lindo e real relato. Como irmã vivenciei cada etapa e confesso que me surpreendi com a enorme evolução da menina para mulher …. e me orgulho da minha irmã/filha pelo caminho a seguir escolhido por ela.
Sucesso e que muitas mamães possam seguir suas orientações e cuidados 💖
Ai que delicia ler isso! Gratidão minha “irmãe” heheheh! Amo vc, esse reconhecimento é muito importante para mim!
Lindo seu depoimento e um grande exemplo pra futuras mamães! Trabalho mais lindo e de amor o seu! Parabéns!