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Quem é, de onde vem?
Carioca da zona norte do Rio de Janeiro, nascida em uma família de origem nordestina e mineira, praticamente toda composta por profissionais da saúde. Filha de mãe e pai jovens, criada por sua mãe adolescente na casa dos avós maternos. Vivenciando a rotina de um avô obstetra e tios acadêmicos de medicina, uma avó enfermeira que cuidava do puerpério de suas filhas e noras, bem como de pacientes do marido. Corredores de maternidades e cuidados de mães e bebês sempre fizeram parte de sua rotina. O gestar, nascer e nutrir sempre trouxeram encanto em sua vida.
No que ela acredita?
A maternidade é uma desconstrução de toda idealização romântica que se tem na mídia, é a experiência mais visceral na vida de uma mulher. A sociedade nos cobra, condena e acorrenta a um perfeccionismo inatingível. Para se reconstruir e se redescobrir, a mãe merece ser cuidada física e emocionalmente para viver de maneira plena a maternidade real e ser a mãe que seu filho de fato precisa.
Como ela chegou aqui?
Uma infância alegre e divertida nos quintais da casa dos avós no subúrbio carioca, comendo fruta do pé, cuidando dos animais e se divertindo com colegas. Por ser a primeira neta da família, viu nascer os demais 15 netos da família e participou ativamente dos cuidados de praticamente todos os primos e suas irmãs.
No início da adolescência, sua paixão era acompanhar o tio obstetra nos plantões da maternidade do SUS (Sistema Único de Saúde) onde trabalhava, assistiu a inúmeros partos, mulheres em situação de abortamentos, cirurgias e primeiros cuidados com o recém-nascido. Apesar do encantamento que cada nascimento trazia consigo, sempre se questionou sobre intervenções que ocorriam em quase todos os atendimentos, bem como as atrocidades verbais que eram direcionadas àquelas mulheres num momento tão sublime de suas vidas, bem diferente do tratamento recebido por sua mãe, tias e demais parentes. Por volta dos 13 anos, foi o primeiro momento em que reconheceu seus privilégios e passou a questionar essa conduta, que era discriminava mulheres negras de brancas, gordas de magras, jovens, solo, etc. Neste momento, sua postura mudou, deixou de ser expectadora para se tornar ativista e cuidadora. Escolhia mulheres que estavam sendo hostilizadas e as acompanhava durante o trabalho de parto, sem nenhuma técnica ou aparatos, passou a se aproximar dessas mulheres sozinhas, apavoradas e com dor e passou a conversar, acariciar e acalentar até que seus bebês nascessem. Era notável que essas poucas mulheres que foram confortadas passaram a ser mais respeitadas pelos profissionais e tiveram desfechos bem diferentes do que a tendência usual.
O tempo se passou, o tio mudou de estado e as visitas à maternidade ficaram de lado, o sonho de se formar em medicina só crescia em seu coração, até receber a devastadora notícia do falecimento repentino do seu tão querido avô que a fez desistir da área da saúde. Em seu luto, escolheu estudar Economia na UERJ, onde se formou sem sentir paixão pelo que fazia, foi um curso triste, cansativo, no mesmo momento acontecia a aceitação de uma vida de adulta séria e responsável. Sua válvula de escape era o ativismo da humanização do parto no “finado” Orkut.
Se formou, se casou com seu parceiro de um longo relacionamento e após alguns anos, passou a frequentar as reuniões do grupo de apoio ao parto chamado Ishtar, bem como manifestações e protestos em defesa das mulheres e lutando pela assistência humanizada ao parto para todas.
Estudando o cenário obstétrico da cidade, sentiu-se segura para ser mãe, sua filha Morgana teve a melhor assistência ao nascimento que foi possível, mas com quase 37 semanas de sua gestação, ficou pélvica e mesmo com duas tentativas de realização da manobra de VCE (Versão Cefálica Externa), ela não alterou sua posição. Seu nascimento ocorreu às 40 semanas e 5 dias, após um trabalho de parto de cerca de 30 hs, destas foram 25 hs de bolsa rota. Apesar da dilatação total e uma perninha para fora no expulsivo, seu maior medo na gestação, que era precisar recorrer a uma cirurgia cesariana, acabou sendo o desfecho de seu parto.
No puerpério se dedicou à amamentar em livre demanda e não se privar de nada, com a cria no sling, não parava em casa, vivia passeando com amigas também puérperas, shopping, cinema, restaurantes, viagens. Ao retornar ao trabalho após sua licença-maternidade, passou a sofrer assédio moral e perseguição até por ordenhar seu leite para sua filha e para doação ao banco de leite, mesmo com a empresa disponibilizando um departamento para isso. Algum tempo depois, foi desligada da empresa e decidiu mudar de profissão.
Escolheu fazer o que sempre amou, cuidar das mulheres. Se formou doula, consultora em amamentação e se aventurou em um estágio supervisionado em uma maternidade do SUS que atende aos bairros com pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da cidade. Desta vez, mais madura, com formação técnica, munida de um rebozo e um frasco de óleo, acolheu e protegeu algumas mulheres de violência obstétrica, outras apenas pôde amenizar a experiência de parto frente a um cenário hostil. Foram meses de muita dedicação e emoção, muitas vezes tinha sensação de impotência por não ser capaz proteger todas as mulheres ao mesmo tempo, mas fazia o que era possível. Terminado o curso, já atuando ativamente como consultora em amamentação, passou a atuar profissionalmente como doula.
Fundou com uma amiga de gestação e puerpério, psicóloga com um consultório que passou a ser um espaço de acolhida e suporte perinatal, o Colo pra Mãe. Hoje o Colo pra Mãe atende gestantes e puérperas através de workshops, cursos e consultorias nas áreas de aleitamento, desmame, conforto físico e emocional, para que a recém mãe possa se sentir acolhida dentro das suas angustias e dores, sendo capaz de se reencontrar no caos que a maternidade traz e reconstruir-se como um novo ser, forte, segura e amada.
Onde ela está? O que ela faz? Como trabalha? Com quem trabalha?
Começou sua jornada profissional através de voluntariado institucional em uma maternidade pública e hoje assiste mulheres tanto na rede privada, como no SUS. Faz atendimentos particulares e em grupo no Espaço Colo pra Mãe, ou e em domicílio. Também participa de reuniões em grupos de apoio ao parto particulares e em clínicas da família do SUS. Atualmente é moderadora do grupo virtual “Parto Natural”, onde são acolhidas dúvidas e experiências de mulheres de vários lugares e são disponibilizadas informações baseadas em evidências científicas. Também é membro da comissão de ética da associação de doulas do estado do RJ.
Durante a gestação ajuda com informações de qualidade para que a mulher faça suas escolhas informadas para sua assistência ao parto e à recepção do recém-nascido, cuidados físicos e emocionais, amamentação, puerpério. Oferece serviços de belly mapping, um mapeamento da posição do bebê, que é registrado através de pintura na barriga da mãe, chá de bênçãos e relaxamento com rebozo.
No atendimento ao parto, utiliza métodos não farmacológicos para alívio da dor, com rebozo, bola, óleos, palavras de conforto e acolhimento, além de técnicas de Spinning babies para ajudar o bebê a ter mais espaço e se posicionar melhor. Está presente onde quer que o parto ocorra (domicílio, casa de parto, maternidade pública ou privada) cuidando do campo da mulher, com ambientação adequada para a atuação dos hormônios do trabalho de parto.
No Espaço Colo pra Mãe, promove consultas coletivas com um time de doulas parceiras e suas clientes, o Colo Coletivo. Com sua sócia, fazem um workshop mensal de desmame gentil, o Colo para o Desmame e um encontro quinzenal de puérperas, o Colo pra quem dá Colo. Realizam eventos diversos como ginecologia natural, Shantala, yoga para gestantes e mamãe e bebê. Agora estamos com novidades como preparo para o parto, Spinning Babies, Colo de Doula, Colo pra Doula e ambulatório de aleitamento.
De onde ela tirou essa idéia?
Sobre o suporte contínuo durante o parto:
http://www.cochrane.org/CD003766/PREG_continuous-support-women-during-childbirth
Comparação de partos com assistência tradicional, com a assistência adicional de uma doula:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4463913/
Redução de cirurgias cesarianas em partos com o suporte de uma doula:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1595013/
Naoli Vinaver, parteira mexicana com atuação holística na assistência à mulher na gestação, parto e puerpério:
https://www.amanascer.com/author/naoli/
Método Spinning Babies, utilizado para disponibilizar espaço para o feto se posicionar melhor para nascer:
https://spinningbabies.com/
Minha breve participação no documentário da Fiocruz, “Parir é Natural”, ainda gestando minha filha Morgana:
https://www.youtube.com/watch?v=lcYDxl2vLSs
Como posso acompanhar essa doula?
https://www.instagram.com/suzannemirandadoula/
https://www.facebook.com/suzannedoula/
https://www.facebook.com/colopramae/
https://www.facebook.com/groups/partonatural1/
http://www.doulasrj.com.br/
http://ishtar-rio.blogspot.com.br/