Sou Elisângela, tenho 45 anos de idade e uma filha de 15, a Cecília. Vivi quase toda minha vida profissional cercada de números, adolescentes e crianças. Formada em Engenharia Elétrica, atuei como professora de Física e Robótica por muitos anos. E como a engenheira/professora virou doula?
Nesse post você vai encontrar
Planejando e executando gravidez (pelo menos tentando)
No final dos anos 90, meus planos para engravidar foram colocados em prática. O A gravidez não veio no tempo desejado. Muitos exames depois, iniciei um processo de indução de ovulação. Aquela situação me deixou preocupada e eu me senti com medo e sozinha.
Finalmente grávida
No terceiro mês de tratamento, engravidei. A gestação não veio a termo, sofri um aborto espontâneo na décima semana. Além das dores físicas, meu coração estava dilacerado. Naquele momento eu não queria ouvir que era forte, eu queria licença para ser fraca.
Uma doença adiando a próxima gestação
Logo após o aborto me descobri portadora de Tireoidite de Hashimoto. Durante o tratamento e enquanto os hormônios não estivessem dentro da normalidade não seria seguro engravidar novamente. Missão abortada (literalmente).
Gravidez (quase surpresa)
No ano de 2002, com a liberação do endocrinologista, não usei mais contraceptivos e no ano de 2003, duas semanas antes de embarcar para a Espanha numa viagem de estudos, me descobri grávida de 11 semanas. Uma passagem, duas passageiras.
Como a falta de informação me levou para uma cesárea (de Natal)
Durante toda a gestação eu deixei clara minha intenção em parto normal, mas nunca houve uma conversa detalhada sobre isso com o obstetra. Perto do final da gestação, em dezembro de 2003, nas consultas semanais, depois de uma tococardiografia com algumas alterações (provavelmente decorrente de pródromos) eu aceitei uma cesárea eletiva.
Uma cesárea e uma certeza
Depois do nascimento da minha filha todo o meu ser sentia que aquela via de nascimento não era natural. Então eu desenvolvi um mecanismo secreto de auto acolhimento: eu passei a ler, assistir e acompanhar tudo o que estava relacionado a parto normal. E me inscrevi na fila de espera de um curso de doulas.
Nasce a doula
Completei o curso de doulas em março de 2017, na sequência muitas oportunidades surgiram, tanto de acompanhamentos quanto de especializações, como medicina placentária, yoga para o parto, outros cursos de doula. Estou trabalhando ativamente com encontros, rodas de conversa, workshops, yoga para o parto e doulagens. Eu procuro ser para quem precisa a mulher que eu precisei ao meu lado em vários momentos do passado: aquela que serve, aquela que entende, aquela que está ali, a mão que dá a certeza de que a caminhada não é feita só.
Referências:
Indução da Ovulação http://www.leticiaurdapilleta.com.ar/Documentos/Publicaciones/14-IdeO.pdf
Tireóide e gravidez http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0004-27302008000700004&script=sci_arttext
Cesarianas desnecessárias: Causas, conseqüências e estratégias para sua redução http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_assunto/PesqCtroColab20062008_Cesarianas_desnecessarias.pdf
Evidências qualitativas sobre o acompanhamento por doulas no trabalho de parto e no parto https://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232012001000026