O trabalho de parto está avançando, chegamos agora na fase ativa. Se você não leu o texto anterior sobre a fase latente do trabalho de parto (a primeira fase), recomendo que leia antes (leia aqui) para compreender melhor todo o processo pelo qual você irá passar.
Agora é de certeza, o trabalho de parto engrenou de vez e o bebê vai nascer em algumas horas! Senta, toma um chazinho e vamos juntas conhecer essa fase que é tão aguardada por todas as gestantes. ?
Nesse post você vai encontrar
O que é a fase ativa no trabalho de parto? Como acontece?
O nome já diz: fase ativa. É o momento de não ficar parada durante as contrações e sim se movimentar.
As contrações agora são efetivas, intensas e constantes, tem ritmo e regularidade, costumam durar mais de 1 minuto e vem em um intervalo de 3 minutos ou menos, isso acontece porque nesse período a mulher tem picos de ocitocina (hormônio do amor, o mesmo hormônio que liberamos quando temos um orgasmo, comemos um alimento que gostamos muito ou abraçamos quem amamos).
Você já tinha certa dilatação (mais ou menos 5 cm), o bebê na fase ativa costuma descer mais através da pelve, fazendo mais pressão sobre o colo do útero, costuma ser a parte mais dolorida do trabalho de parto, mas também é nessa fase que a dilatação se completa.
Na fase ativa é esperado que as mulheres fiquem introspectivas, falem pouco, fiquem a maior parte do tempo de olhos fechados. Isso acontece por que para o trabalho de parto fluir é necessário que o neocórtex (parte do cérebro responsável pelo nosso entendimento, razão, memória, linguagem e percepção) esteja “desligado” (é por esse motivo que as mulheres depois do parto não se lembram direito quantas horas passaram em trabalho de parto, o que falaram ou lhes foi dito naquele momento, os acontecimentos ficam muito vagos na lembrança da mulher).
Para o neocórtex se desligar é necessário criar um ambiente propício a isso. Então cabe a mim como Doula, ao acompanhante, família e equipe cuidarem disso para você, veja abaixo como:
- Pouca luminosidade;
- Mínimo possível de conversas e barulho; Silêncio é ouro nesse momento!
- Temperatura no ambiente agradável;
- Liberdade para se expressar, movimentar e vocalizar;
- Ambiente onde você se sinta segura e protegida.
O parto e nascimento são momentos primitivos, desligue o racional e se entregue aos seus instintos sem medo ou vergonha, neste momento o mais importante é você ouvir seu corpo pois ele sabe o que fazer.
As ondas (contrações) agora serão intensas, mas a parte boa é que mais forte que isso não irão ficar, e tente não pensar na dor como algo ruim que você vai sofrer, pense na dor como algo que ajudará você a parir seu bebê, a trazer seu bebê para os seus braços.
Você entrará na famosa “partolândia” é um estado alterado de consciência, um mergulho interior e muito íntimo vivido por todas as parturientes, é você voltada para dentro de você, é desse mergulho que você irá emergir com seu bebê nos braços.
O que posso sentir nessa fase?
- Dores mais fortes na lombar ou ainda no baixo ventre;
- Vontade de fazer côco, náusea e vômito (são bons sinais, o corpo está trabalhando e “se limpando” para o parto);
- Sensibilidade a barulhos e conversas (lembre-se que o corpo pede silêncio);
- Vontade de vocalizar (além de ajudar a aliviar a dor, faz com que a vagina relaxe).
Uma dica bem bacana é você ou seu(sua) acompanhante baixar um aplicativo no celular de contar contrações, esses aplicativos contam o tempo de uma contração, o intervalo entre elas, e a média de intervalo em um certo período, assim vocês terão uma ideia de como está evoluindo o trabalho de parto e o momento mais adequado para ir ao hospital.
Siiiiiiiiimmm, é na fase ativa o momento de ir ao hospital! De agora em diante é muito difícil que o trabalho de parto “trave”, então a troca de ambiente (sair de casa e ir ao hospital) dificilmente irá atrapalhar a evolução do se trabalho de parto.
Para ter certeza, o acompanhante pode durante uma hora contar as contrações, se nessa uma hora você tiver 3 contrações a cada 10 minutos ou se elas estiverem com intervalo de 3 minutos ou menos, com duração de 1 minuto ou mais, é hora de ir, pois a partir desse momento no trabalho de parto, você e seu bebê precisam começar a ser monitorados.
Não precisa sair correndo, com calma, se arrumem, peguem as malas, os documentos e exames do pré natal e sigam para o local do parto.
Lembrando sempre de ficar atentos aos sinais de alerta: você deve observar os movimentos do bebê (ele não deve ficar mais de 1 hora sem se mexer), se sair muito sangue (como se fosse uma hemorragia), vá ao hospital o quanto antes!
Como lidar com a fase ativa do trabalho de parto?
É comum eu ouvir das mulheres durante a fase ativa que “elas não irão conseguir”, que “não vão aguentar” e a minha resposta é sempre a mesma:
Claro que você vai, você já chegou até aqui!
Uma frase simples, mas que dita em um momento de fragilidade como esse pode significar muito. Apoio seria a primeira dica, é muito importante ser apoiada e respeitada em todo o processo. Se cercar de pessoas e profissionais que apoiam o parto é fundamental.
Respire: Quando nos concentramos em respirar lenta e profundamente, nosso corpo tende a relaxar, faça o teste, vá treinando (puxe o ar profundamente e solte devagar com a boca relaxada). No trabalho de parto, quando você sentir a contração vindo, respire, vive uma contração de cada vez;
Receba massagens: Durante as contrações massagem em movimentos circulares com a mão na lombar costumam aliviar muuuito a dor da contração, no intervalo entre elas, uma massagem nos ombros pode te ajudar a relaxar e não tensionar essa região;
Banho quente, compressa ou banheira: a água quentinha relaxa o corpo e em quase todas as mulheres sempre gera alívio das contrações, use e abuse dela;
Assuma posições verticais, rebole, agache;
Os hospitais mais atualizados nas evidências científicas costumam ter disponível para as parturientes bola suíça (bola de pilates), cavalinho, banqueta de parto. São ferramentas que auxiliam na evolução da dilatação, ajudam a descansar entre as contrações e também podem aliviam as contrações.
Tudo que falei acima são possibilidades que você tem a disposição no trabalho de parto, a única forma de saber o que realmente vai te ajudar de fato, é ir testando cada ferramenta durante as contrações, até mesmo o que te ajudar em um determinado momento pode não mais fazer efeito em outro, conforme o trabalho de parto for evoluindo. Mas fique tranquila, pois é função da Doula e do(da) acompanhante te auxiliar a encontrar o melhor caminho.
Dilatei 10 cm, e agora?
Agora falta apenas uma única fase do trabalho de parto para você estar definitivamente no parto, é a fase de transição. No próximo texto da série os caminhos do trabalho de parto, vou compartilhar com você informações a respeito dessa fase que costuma ser a fase mais confusa do trabalho de parto e também a que te deixa mais próxima do seu bebê.
Restou alguma dúvida quanto a fase ativa? Preenche o formulário abaixo e a gente troca informações! <3
Abraço, Julia Agnes.
Referências:
GUIMARÃES, Alberto. Parto sem medo. São Paulo: Editora Mulheres que decidem, 2016.
Guia da gestação ao puerpério: http://jessicascipioni.s3.amazonaws.com/Guia+da+gestação+ao+Puerpério+-+como+viver+cada+fase+com+mais+leveza.pdf
BALASKAS, Janet. Parto ativo: guia prático para o parto natural (a história e a filosofia de uma revolução). Tradução: Adailton Salvatore. São Paulo: Editora Aquariana Ltda, 2015.
BIO, Eliane. O corpo no trabalho de parto: o resgate do processo natural do nascimento. São Paulo: Summus editorial, 2015.
Influência da mobilidade materna na duração da fase ativa do trabalho de parto: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v28n11/a07v2811.pdf
2 respostas para “Os caminhos do trabalho de parto: Fase ativa”