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COMO A GENTE RECEBE O BEBÊ
Muito se fala sobre os protocolos de recepção ao recém-nascido imediatamente após o nascimento. Na assistência convencional, na qual não há protagonismo da mulher no parto, o bebê nasce e já começa uma verdadeira linha de produção com todas as intervenções que sofrem em sua chegada.
A assistência envolve intervenções desde o primeiro minuto de vida até a alta da internação hospitalar, deixando a nova mãe com um estranho desconhecido, cheio de demandas caindo de paraquedas no seu colo.
Ao redor, uma enorme rede de críticas e cobranças, pois todos esperam que ela esteja inserida na linha de produção, se sinta plena, feliz, realizada, seu bebê mame e durma bem, mas isso tudo NUM TÁ CONTESSENDU!!
Será que tem alguma coisa errada?
O BEBÊ NASCEU!! Ouvir seu chorinho, cortam o cordão, aspiraram e estabilizaram o bebê num bercinho bem quentinho que apita e tem um termostato ajustável, toma algumas injeções, um bom banho e volta cheirosinho, com os olhinhos fechados, manchadinhos e recusa o peito, será que foi alimentado no berçário?!
“Eita bebê preguiçoso!
Não abre os olhos, não quer mamar, só dorme!
Vai ser calminho, ufa!”
CHEGADA EM CASA
É só chegar em casa, que tudo desanda, o peito duro, cheio de leite, mas ele empurra e berra, recusando o seio. Os olhinhos começaram a soltar uma secreção esquisita, será que foi o colírio? Quando troca a fralda, lembra que tem aquele cotoco com um grampo no umbigo, o cocô é uma gosma preta e grudenta, parece piche. Chora de novo, peito doendo, mãe quer fazer xixi, bebê chora de novo, ela faminta, bebê chora mais, não sabe mais o que fazer pra acalmar ele e cuidar de si!
Mas o mundo diz que ela precisa se sentir plena, feliz, realizada, afinal, teve um bebê lindo e saudável, tá ali no berço. Mas não sabe o que fazer com ele, pois só chora. A única saída parece ser dar uma mamadeira de leite artificial que indicaram na saída do hospital com SOS, afinal ele não pode morrer de fome e ele aparenta não estar gostando do leite dela. Na sequência oferecer a chupeta, pois parece ser o momento certo para isso. Pronto, resolvido!
TUDO SOB CONTROLE
Agora tudo parece controlado, equilibrado, adequado. Bebê dorme por 3 horas, dá pra cuidar da casa, comer, descansar, fazer maratona de séries enquanto ele dorme quietinho em seu bercinho… Mas algo soa esquisito, pois não está vindo a sensação de plenitude que falam para ter…
CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA, CULPA…
O QUE SENTE O BEBÊ
Tudo isso soa muito culpabilizador dessa mulher, uma obrigatoriedade de acertar em tudo, de ter controle sob tudo. Mas, a maternidade envolve justamente perder o controle, se permitir, experimentar algo novo, mesmo que tenha outros filhos, cada nascimento é uma AVENTURA única e padronizar só gera insatisfação, frustrações e culpa.
O nascimento é uma enorme maratona, tanto para a mãe, quanto para o bebê. A assistência convencional interfere diretamente no protagonismo da mulher na chegada de seu filho. Em geral, o processo que envolve a recepção do bebê fica todo concentrado nos profissionais da saúde e a mãe fica numa posição de mera expectadora. Essa posição de passividade gera um imprinting tão intenso nessa mulher, que isso se perpetua na maneira que ela vai agir com seu bebê. A criança fora do contato com sua mãe, experimenta sensações de terror extremo e isso causa marcas perpétuas em sua vida.
PARA MUDAR A FORMA DE NASCER
Para mudarmos essa relação automática e invasiva na recepção do recém-nascido, precisamos começar direcionando atenção à essa mulher, devolvendo seu protagonismo no nascimento e permitirmos uma atmosfera segura, acolhedora e confortável para ela parir.
Interações entre mãe e bebê são extremamente complexas e instintivas, não se aprendem, mas demandam uma PAUSA para que ambos estejam prontos para este primeiro contato. Permitir e respeitar a pausa dessa dupla, envolve contato pele a pele, calma e atenção expectante. O profissional de saúde deve direcionar sua atenção sem intervenção para não atrapalhar o vínculo.
Independente da via de nascimento, quanto menos se invade esse campo, melhor será a absorção da magnitude do que acabou de acontecer com ambos. Essa dupla se vincula e se conforta mutuamente de forma espontânea. O bebê calmo e estabilizado de todas as sensações intensas que passou a experimentar com a vida fora do útero, busca se alimentar naturalmente, sem necessidade de manejo. Isto ocorre quando deixamos essa dupla em contato direto com seus fluidos, suas texturas, toques, aromas, sem intermediários como roupas, mãos, injeções, sabonetes e outros protocolos que nos acostumamos a aceitar.
REPARAÇÃO
Claro que após um trauma, há possibilidade de reparação e recuperação do vínculo. Muitas vezes há intercorrências e patologias que demandam assistência e intervenções imediatas que impedem que esse momento seja preservado, mas poderá ser reparado tão logo o cenário se normalize.
Em toda nossa saga de vida, nada se compara ao conforto único que o colo da mãe proporciona. Cadeirinhas vibratórias, incubadoras e bercinhos tecnológicos com luzes e apitos, berços decorados com móbiles e kits de almofadas personalizadas, nada disso é mais esplêndido que o colo de quem te acolhe, te cuida, te conforta, MAMÃE.
De onde ela tirou essas informações?
A hora de ouro:
http://mybabysheartbeatbear.com/blog/the-golden-hour-after-birth/
Ferramentas simples para as mães (por Karen Strange):
https://static1.squarespace.com/static/57766acbff7c5070b30f351b/t/58771c55cd0f68c6587b3032/1484201045711/SimpleTools_for_Mothers.1.17.pdf
Traduzindo recém-nascidos (por Sonia Shan):
https://static1.squarespace.com/static/57766acbff7c5070b30f351b/t/587ef3c5bf629aa34c8314b1/1484714949527/TranslatingNewborn+%282%29.pdf
Bebês se lembram do nascimento:
https://static1.squarespace.com/static/57766acbff7c5070b30f351b/t/587ea00ed482e9a27b0975f7/1484693535110/babies-remember-birth.pdf
Vitamina K:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72802009000500003
Como posso acompanhar essa doula?
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Uma resposta para “A Recepção do Recém Nascido”