A palavra Doula vem do grego e significa a mulher que serve, se você ainda se apresenta dessa forma é hora de rever seus conceitos. Vamos pensar juntas no contexto e nas consequências de continuar alimentando essa definição?
A mulher da Grécia antiga não era considerada cidadã e ocupavam uma posição de inferioridade social em relação aos homens. Durante toda a vida permaneciam sob tutela de terceiros, eram eles seus pais, maridos e filhos.
Pronúncia correta é “dúla“, tem sua origem no termo grego clássico δούλη (“dúle“), que significa “escrava”. Sendo assim, nas famílias com maior poder aquisitivo existiam as Doulas e Doulos, que eram apenas escravos domésticos.
A servidão do termo tem raízes socioculturais tão fortes que mesmo após 1970 quando o termo Doula passou a ser destinado à profissionais que ofereciam suporte à mulheres durante a gestação, parto e pós parto (termo popularizado pela antropóloga Dana Raphael) houveram fortes reações negativas na Grécia e uma tentativa infrutífera de substituir Doula por outros termos, como “paramana” (aquela próxima à mulher) e a tentativa de abolir o uso do termo, o que já era impossível.
A busca e o uso do significado original para explicar a função e descrever o significado moderno da Doula acaba fortalecendo a desvalorização profissional e uma construção equivocada sobre o papel social que se aplica hoje.
Nesse post você vai encontrar
Dentro da realidade de cada país a figura emblemática da Doula desenvolve de diferentes formas a assistência e suporte contínuo a mulher.
Dentro do Brasil, são responsáveis muitas vezes pela democratização do conhecimento, levando informações sobre o processo de gestação, parto e pós parto de forma acessível para mulheres em todos os lugares e atendimento individualizado.
Desenvolvem também papel político dentro das comunidades onde difundem e apoiam a autonomia da mulher e suas escolhas, tomadas conscientemente através de informações baseadas em evidências científicas atualizadas.
A Doula moderna é um agente ativo na desconstrução da imagem servil e frágil da mulher, sendo peça essencial na fomentação de movimentos em busca de assistência digna, desenvolvimento de leis que garantam boa assistência clínica.
Quando você se libertar do papel romantizado que a servidão no doular traz enraizada perceberá a fluidez do trabalho chegar de mãos dadas com a valorização de cada um dos seus papéis. Tanto para você quanto para as mulheres que irão contratar seus serviços.
A doula, que não é serva, se sente digna de ser devidamente remunerada, cuida da sua saúde física e mental, conhece suas limitações pessoais e profissionais e consegue se ver como uma empreendedora, profissional autônoma cheia de desafios pela frente mas com prazer enorme de executar seu trabalho.
Ainda temos um longo caminho pela frente, muita desconstrução e muito debate!
Conte com a Casa da Doula nesse trajeto conecte-se com outros profissionais de nascimento que estão iniciando e expandindo seus negócios também no Facebook no grupo [Quem Doula a Doula?] .
The term “Doula” in modern Greece, International Doula Journal, Vol. 21, Issue 1, 2013
Greek Doula Association Background
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