A maioria das mulheres experimenta algum tipo de ansiedade ao engravidar e ao se imaginar dando à luz, especialmente pela primeira vez. Desde a infância, crescemos com a mensagem de que as experiências de gravidez e parto são desagradáveis e dolorosas pelas quais ou a mulher tem que passar como forma de um castigo bíblico ou se livrar logo via cesárea.
Me diga você, se por acaso, a partir do momento em que anunciou sua gravidez, não apareceram histórias de horror sobre como o trabalho de parto é longo e doloroso?
Junte-se a isso o fato de que a educação perinatal no pré-natal ainda é bem ineficiente no Brasil e você pode achar difícil se concentrar em planejar de forma positiva um parto respeitoso para você e seu bebê, quando você não sabe o que esperar desse processo e não faz ideia das nuances da gestação e do que seja um parto normal. É comum bater aquela angústia ou tristeza…
Infelizmente, para algumas mulheres essa ansiedade gerada pelo medo de se imaginar grávida ou parindo se torna algo patológico. Isso pode ocorrer antes mesmo de você engravidar e pode dificultar o processo de gestar e parir. É uma condição conhecida como tocofobia.
Nesse post você vai encontrar
A palavra vem de dois termos gregos “tocòs = parto” e “fobos = medo”. As fobias são um tipo de transtorno de ansiedade, que é um medo irracional de um objeto ou de uma situação difícil que na realidade traz pouco ou nenhum perigo para a pessoa.
A tocofobia é, portanto, um tipo de fobia ou medo irracional do parto. É mais característico das nulíparas (que nunca teve filhos), mas também pode afetar a mulher nos partos seguintes ao primeiro. O termo ganhou status na literatura científica a partir de um artigo de 2000 no British Journal of Psychiatry .
Há duas tocofobias distintas:
Mulheres que sofrem de tocofobia primária muitas vezes têm uma história de abuso sexual / trauma, estupro, alguma experiência traumática de dor ou experiências negativas em relação à hospitais. O medo pode advir também da exposição à mídia ou à histórias de gravidez e parto aterrorizantes e intensamente dolorosas ou que terminaram com um desfecho de morte ou lesão permanente.
Já a tocofobia secundária geralmente ocorre em mulheres que tiveram experiências prévias de gravidez ou parto traumáticas. Esse trauma pode estar relacionado à violência obstétrica, uma experiência negativa com a equipe do hospital, a um aborto espontâneo, um aborto tardio ou até mesmo à hiperemese gravídica (sim, já ouvi relatos de mulheres que tiveram essa complicação na gestação e que não desejam engravidar nunca mais na vida!).
Estima-se que 14% das mulheres em todo o mundo sofrem de tocofobia. Os sintomas físicos e psicológicos da tocofobia variam, mas podem incluir os seguintes sintomas ao se imaginar grávida, ao ver vídeos de parto ou ao imaginar o próprio parto:
As mulheres cuja fobia está relacionada com a gravidez podem acabar optando por não engravidar e, para isso, muitas vezes, acabam utilizando diferentes formas de contracepção ao mesmo tempo.
As mulheres que desejam desesperadamente um filho podem até engravidar, mas sua ansiedade e traumas devido à tocofobia podem se tornar tão intensos que podem levá-las à interromper a gravidez. Já outras, desconhecem a sua fobia até estarem perto do final da gestação.
A formação de uma consciência positiva sobre a gestação e o nascimento é crucial para eliminar a ansiedade das mulheres sobre o parto. Uma das maiores influências para disseminação do medo extremo do parto é a velha mídia. Nas novelas e programas de tv em geral o parto é quase sempre uma emergência dramática atrelada à uma assistência antiquada e recheada de violência obstétrica. Ou seja, à exposição à desinformação pode não ser a razão da tocofobia, mas contribui claramente em seu reforço.
Ser informada de forma positiva sobre o parto – seja por meio de um bom pré-natal ou através de cursos sobre parto e pela ampla oferta do acompanhamento por uma doula, incluindo no SUS, é uma das formas mais importantes de prevenir o medo extremo do parto. Estudos científicos já provaram que as mulheres que recebem apoio contínuo de doulas durante o trabalho de parto tem maior probabilidade de ter um parto vaginal espontâneo e menos probabilidade de relatar sentimentos negativos sobre a experiência de parto.
É necessário também que mais cuidados focalizados na mulher sejam oferecidos, com modelos que prestam cuidados obstétricos não somente atualizados na medicina baseada em evidências, mas também com um olhar generoso e amplo sobre a saúde física e psicológica da mulher e da gestante, porque isso tem o enorme potencial de garantir que o processo de maternidade não seja a causa da criação de traumas relacionados ao nascimento que levem à fobia.
As mulheres que já sofrem de tocofobia podem também se submeter à terapia comportamental cognitiva, hipnoterapia (inclusive durante o parto…fontes dizem Kate Middleton, Duquesa de Cambridge, usou o hynopbirthing em todos os seus três partos) e outras terapias que possam ajudá-las a superar tal fobofia.
Vale ressaltar que a tocofobia é freqüentemente mencionada em conexão com o debate sobre o direito das mulheres de decidir sobre seu próprio corpo (ter ou não filhos) e sobre como ela prefere parir (de forma natural, com anestesia peridural ou com uma cesariana eletiva).
Independente dessas possíveis conexões, o acolhimento da mulher que apresenta sinais de medo extremo do parto, mas que deseja prosseguir com sua gestação e parir, deve ser feito e eu, como doula e educadora perinatal, me faço ferramenta de apoio para você!
Você que sente um pouquinho de medo do parto ou você que se encontra totalmente apavorada com a ideia de gestar ou de parir, posso trabalhar junto com você levantando informações sobre a fisiologia da gestação e do parto, os métodos de alívio da dor não farmacológicos – e os farmacológicos também, afinal, se o medo da dor for algo impossível de você superar tá aí a analgesia pra te ajudar – a gente pode conseguir ir esvaziando essas fobias e substituindo-as pelo seu próprio empoderamento!
Para contratar uma consulta de educação perinatal, física ou virtual, basta me enviar um e-mail: gabriella_santoro@hotmail.com
Um beijo,
Gabriella Santoro
Artigo de 2000 no British Journal of Psychiatry – https://www.cambridge.org/core/journals/the-british-journal-of-psychiatry/article/tokophobia-an-unreasoning-dread-of-childbirth/492B8EB19D16A2BD455E6BE7539564C9
Suporte contínuo para mulheres durante o parto – https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003766.pub6/full
Sobre HipnoBirth – http://hypnobirthingnobrasil.com.br/hypno/
Hiperêmese gravídica – https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-na-gesta%C3%A7%C3%A3o/hiper%C3%AAmese-grav%C3%ADdica
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