A respiração no parto feita de forma adequada pode aliviar a sensação de dor e equilibrar a doação de energia
Quem já não viu em filmes e novelas mulheres, ao estarem em trabalho de parto, serem orientadas a fazerem respiração cachorrinho, com a justificativa de que aliviaria a dor? Aquela, rápida e superficial, feita em poucos segundos….(ff ff ff) pois é, essa mesma.
Quem já praticou essa respiração no parto, ou em qualquer momento de dor e tensão, já pôde perceber que o resultado é formigamento e tontura. Resultado da hiperventilação.
“Com a respiração curta, superficial, estamos utilizando somente a musculatura intercostal. Apenas quando respiramos profundamente o diafragma se move ritmicamente para cima e para baixo, permitindo que a cavidade torácica se amplie de uma maneira global.”
“A hiperventilação é definida como um ritmo e uma profundidade de respiração exagerada para as necessidades do corpo em um momento específico.”
Então como deveria ser a respiração no parto?
A respiração no parto, diferente do que a grande maioria recomenda, deve ser profunda na inspiração (pelo nariz, de forma natural) e lenta na soltura (pela boca, com mandíbula relaxada). Para facilitar, você pode contar mentalmente, inspiração e expiração.
Exemplo: conte até 4 segundos na inspiração, ou peça que alguém conte para você. Ao soltar, conte 8 segundo, o dobro da inspiração.
Mas é importante que você se prepare para receber a contração e escolha uma posição que lhe favoreça. O preparo físico e emocional são importantes na hora de fazer esse exercício de respiração no parto.
O controle na soltura do ar é totalmente racionalizado. O uso do racional neste momento tem o objetivo de fazer com que sua atenção se volte para o corpo, e não para a dor. Quando focamos em algo, o restante deixa de ter importância e diminui de “tamanho”. Então, o olhar para a respiração no parto faz com que o corpo relaxe aos poucos, e a dor fique em segundo plano.
“Na hora do parto consegui me manter firme o tempo todo graças à combinação das posições verticais e mantive contato com meu eu interior com o auxílio das respirações, entrando em sintonia com meus ritmos corporais. Sem isto, certamente a experiência não teria sido tão gratificante.”
Nesse post você vai encontrar
Quando o foco é na dor o corpo reage de forma a se proteger: músculos contraídos, dentes trincados, diminuição do fluxo respiratório, língua contra o céu da boca, testa franzida, olhos espremidos, e por aí vai. Corpo contraído retém a dor.
“(…) estacar, cerrar os dentes, bloquear a respiração, toldar o olhar. Não deixar nada passar para fora, nada que seja vivo. Os animais se fingem de mortos quando acuados. O homem também. Nem um rito, nem um olhar, nem uma respiração. Nem uma palavra. O corpo está a toda, o coração dispara no peito, os punhos se apertam.”
Imagine a dor como a água que rega uma planta no vaso. Ela vem por cima e o excesso sai por baixo , seguindo o fluxo natural. A dor é assim: ela segue um fluxo, natural.
Quando o corpo é contraído, a dor é retina e não encontra saída. Ela presa ali, no foco da atenção, fica a sensação muito maior que a realidade. Como se você quisesse fugir de alguma situação, e o corpo não se mexe. Bate o desespero, o medo, a angustia e tudo isso junto torna a dor insuportável.
Uma guerra que não há vencedor!
Em primeiro lugar é entender que a dor passar. Mas quando ela vem, antes, avisa sua chegada. Nos pródromos e fase latente são 30 segundo de contração. Na fase ativa pode chegar a 1min e no expulsivo pouco mais que isso.
Sendo assim, é importante que mente e corpo se preparem para receber a amiga contração. Ela, que prepara o corpo, que aguça a mente e que movimenta tantas energias no mundo de uma gestação. A respiração conduz tudo o restante.
“Gerar uma criança torna o corpo muito alerta – um universo fechado em si mesmo, mas que não perde a noção do mundo exterior. Em nenhum outro momento é tão necessário habitá-lo com conforto: maxilares relaxados, respiração fluida, coração sereno, músculos flexíveis da cabeça até a ponta dos pés.”
Se puder focar numa parte do seu corpo, foque na boca. A atenção estará na respiração e na boca.
Inspire, atentamente, alimentando seu corpo de força, luz e esperança. E ao expirar, solte a mandíbula, a língua e deixe que o ar flua ao sair. Esse ar expelido leva para fora tudo o que seu corpo não precisa mais. Se sentir necessidade, deixe que voz embale este momento. Inspire! E na expiração, vocalize. Gema. Balbucie. Grite, se quiser. Dê vida a essa respiração. Você vai perceber que ao focar na boca, na respiração, todo o seu corpo relaxará. É possível até cochilar, com tanto relaxamento.
Esse mesmo processo se dará no expulsivo, momento em o corpo expele o bebê. Momento em que o corpo perde e doa; é a força de empurrar, é a consciência corporal; doação e economia de energia, intermitentes. E sempre, sempre a respiração. Mas este assunto pede uma abordagem mais detalhada e específica, o que farei no próximo post.
Respiração profunda na gestação é importante. Respiração no parto é fundamental.
Ah! uma dica: Uma boa maneira de tomar contato com exercícios respiratório, é fazendo aulas yoga na gestação. Essa arte, além de estimular uma boa respiração no parto, também auxilia na meditação, no autoconhecimento, relaxamento, calma, confiança e tantos outros benefícios para o parto.
Continuamos no próximo post….
Referências:
(http://pospsicopatologia.com.br/paula/Paula_A_fisiologia_da_hiperventilacao.pdf)
Janete Balaskas – Parto Ativo
Marie Bertherat, Thérese Bertherat e Paule Brung – Quando o Corpo Consente
www.wikihow.com/Breathe-During-Labor
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