Rede de apoio o que é isso? Para que serve? Como posso fazer parte de uma??
Passou a gestação, o bebê nasceu e agora? Qual a importância da rede de apoio à mulher que acabou de se tornar mãe? Como realmente ser útil e transformar essa nova etapa da vida da mulher em algo mais leve e menos doloroso?
Nesse post você vai encontrar
A notícia da gestação na grande maioria das vezes causa grande comoção nas famílias e amigos da gestante ou casal. A chegada do bebê é planejada com encontros. Amigos se reúnem para mimar esta gestante.
E durante toda a gravidez esta mulher se torna o centro das atenções, é alvo de todos toques e carinhos. É um tal de titia ama para cá, titia cuida para lá.
É tanto cuidado que no final da gestação a ansiedade acaba tomando conta de todos que muitas vezes inconscientemente começam as cobranças para cima da gestante sobre quando o bebê irá nascer.
A mulher acaba se sentindo acuada e percebe que não recebe apoio na sua escolha de parto, ninguém realmente buscou entender seus desejos e vontades quanto a chegada de seu bebê.
Chega o grande dia e o bebê nasce, o hospital enche, todos querem conhecer o novo bebê, a chuva de palpites começam e a mulher nem sabe por onde começar.
Todos rodeiam o bebê e a mulher fica ali sem reação, sem atenção, ninguém pergunta o que ela está sentindo, o que ela precisa ou somente alguém que a escute e diga que está tudo bem.
Mãe e bebê recebem alta e começam então sua realidade mais sombria, o desespero bate e agora o que fazer? Para onde ir? Como vai ser?
Neste momento somente o pedido de socorro silencioso habita o pensamento desta mulher e isso independe de quantos filhos já tem ou não, se é seu primeiro filho o desespero de como irá ser a amamentação. Se é o segundo, terceiro, quarto, quinto, enfim, os questionamentos também existem, e agora será que vou amar?? Como vou fazer as coisas com mais de um em casa?? Será que vão se amar??
Uma grande maioria de mulheres acabam se agoniando com a ida para casa e o medo da nova rotina toma conta de cada molécula daquela mulher.
A mãe chega em casa e se vê ali parada em meio à uma nova realidade. Nada será como antes, o cansaço será um companheiro fiel, assim como o cheiro de leite, as camisetas manchadas e os coques no cabelo.
A maternidade cheia já não faz parte dessa rotina, a titia que ama muitas vezes some na primeira negativa daquela mãe de sair.
A titia cuida nunca mais aparece depois que resolveu passar uma tarde com a mãe e perceber que aquele bebê chora demais pelas cólicas que tem.
Ninguém imagina que o bebê cala o que a mãe sente. Que muitos dos problemas desses primeiros dias se resolveriam sendo um bom ouvinte àquela mãe.
As visitas chegam e vão, na grande maioria das vezes deixam o coração mais angustiado do que antes.
Julgam que a mãe não tem leite suficiente, que não segura o bebê direito, julgam que ela ainda não deu o remedinho para o bebê para de chorar.
Julgam, julgam, julgam. Ninguém pergunta se ela precisa tomar um banho, se quer tirar um cochilo, ninguém pergunta o quanto ela quer amamentar o bebê, ninguém procura entender que o bebê não chora só por fome assim como ele não procura o peito só por fome.
E ela sente ali perdida, incapaz e cheia de dedos apontados para suas atitudes que são tomadas baseadas em todo amor que cabe ali dentro, em todos estudos e leituras que ela fez.
A rede de apoio é formada por um grupo de pessoas, na maioria mulheres, que acolhem, respeitam, auxiliam a mulher seja como ouvinte, como apoiador de suas escolhas sem julgamento, sem palpites, apenas com muito amor no coração.
Nos dias atuais a rede de apoio tem sido formada em grupo de WhatsApp onde mulheres se auxiliam mutuamente e acaba sendo o único momento que esta mãe tem para desabafar e notar que não está sozinha.
A rede de apoio física é de uma importância sem fim, torna os dias tumultuados mais leves e prazerosos. Tá, mas o que posso fazer para ser uma rede de apoio? A resposta é mais simples do que imagina.
Sabe aquela hora que vai visitar o bebê recém-nascido? Aproveite e ofereça à mulher que ela tome um banho sem pressa enquanto tu olhas o bebê. Diga para deitar e descansar um pouco com o bebê enquanto tu lavas a louça da pia, varre o chão, coloque as roupas na máquina.
Se tiver mais criança na casa se ofereça para levar ela no parquinho, se ofereça para fazer o mercado, te ofereça para buscar o filho mais velho na escola, quando estiver fazendo tua comida faça a mais e leve para aquela mulher.
São coisas simples que aquecem o coração e deixam a rotina mais leve, coisas que acolhem e fazem a mulher se sentir realmente amada.
Mas não esqueça SEMPRE RESPEITANDO o posicionamento desta mãe em relação à criação dos filhos, se ela optou por não dar doces para os filhos não dê escondido, se ela optou por não amamentar não faça comentários maldosos, se ela optou por livre demanda e amamentação exclusiva não lhe diga que seu leite é fraco. Se ela optou por cama compartilhada não conte histórias de terror, se o bebê ficará no próprio quarto não julgue
Rede de apoio é amor, acolhimento, respeito, é oferecer auxílio e ombro, é conhecer as escolhas desta mãe e apoiar. O mantra materno nos traz o conforto de que TUDO PASSA, mas com acolhimento e respeito passa mais rápido e mais leve.
Referências
O pré-natal psicológico como programa de prevenção à depressão pós-parto https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0104-12902014000100251&script=sci_arttext&tlng=pt
Alterações na rede social de apoio durante a gestação e o nascimento de filhos https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=rede+de+apoio+pós+parto&btnG=#d=gs_qabs&u=%23p%3DeG2f2BGO9p8J
Tecendo as redes de apoio na prematuridade http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413-03942006000300011&script=sci_abstract&tlng=en
Relação entre depressão pós-parto e disponibilidade emocional materna https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S0102-311X2010000400016&script=sci_arttext
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