Você chega ao tão esperado fim da gestação. Está a termo, é assim que se chama quando você passa das 37 semanas. Seu obstetra recomenda uma ultrassonografia e você recebe um diagnóstico de “pouco líquido”. Infelizmente muitos profissionais ainda indicam logo que se faça uma cesárea, mas os estudos mais recentes já comprovaram que não há motivo para interrupção da gestação se a pouca quantidade de líquido for um fator isolado e eu vou explicar tudo direitinho nesse texto, vem comigo!
Nesse post você vai encontrar
O líquido amniótico é o um líquido que envolve o bebê e preenche a bolsa amniótica. A bolsa amniótica se forma na segunda semana de gravidez e quando está pronta enche-se de líquido inicialmente proveniente da mãe. O líquido amniótico é um importante componente intra-uterino e é formado por um conjunto de mecanismos entre bebê, placenta e o organismo da gestante. Ele é composto por água (98%) e elementos sólidos orgânicos e inorgânicos (2%).
O líquido amniótico é um dos componentes que auxiliam o desenvolvimento do bebê, protege o mesmo contra choques mecânicos e de possíveis infecções. No início da gravidez impede a aderência entre o embrião e a membrana da bolsa amniótica, ajuda a controlar a temperatura corporal do feto, permite que ele se movimente livremente na barriga da mãe, ajuda também na prevenção da compressão do cordão umbilical. É, deu pra ver que ele tem muitas funções importantes na manutenção da gestação, não é mesmo?
A partir do final do primeiro trimestre, a principal forma de produção do líquido é através da diurese fetal, ou seja, através do xixi do bebê! E aí ele é reabsorvido através da deglutição fetal, pois é, bebendo o próprio “xixi”. Mas não se preocupem, o bebê está em ambiente estéril e esse sistema é que auxilia no seu desenvolvimento.
O líquido amniótico pode ser medido através da ultrassonografia por meio do índice do líquido amniótico (ILA), que consiste na soma das medidas ecográficas dos diâmetros verticais dos maiores bolsões do líquido, dividindo-se o útero em quatro quadrantes e tomando-se, como centro, a cicatriz umbilical (umbigo!). Outra forma de avaliar o volume do líquido amniótico é a utilização da técnica de medida do maior bolsão vertical (MBV), que consiste na mensuração dos diâmetros verticais máximos dos bolsões de líquido amniótico existentes, registrando-se apenas a maior medida encontrada. Uma meta-análise recente concluiu que a técnica do MBV parece ser uma escolha melhor para avaliação do volume do líquido amniótico
O oligoidrâmnio ou pouco líquido é diagnosticado pelo ILA quando o somatório dos diâmetros verticais dos maiores bolsões é inferior a 5,0 cm ou ao percentil 5 para a idade gestacional ou pela técnica do MBV, com o maior bolsão vertical medindo menos que 2,0 cm.
Clinicamente pode-se suspeitar de pouco líquido quando a altura uterina aferida é menor do que a esperada para a idade gestacional.
Devido à frequente associação do oligoidrâmnio com fatores de risco gestacional, é necessário descartar, a partir do seu diagnóstico, se não houve ruptura de bolsa amniótica, doenças maternas (síndromes hipertensivas, doenças autoimunes, diabetes com vasculopatia, entre outras), restrição de crescimento intrauterino, malformações e infecções fetais, além de confirmar a idade gestacional. Eliminada a existência de comorbidades materna e/ou fetal ou de rompimento de bolsa e reavaliada a idade gestacional, confirma-se o diagnóstico de oligodrâmnio ou pouco líquido no termo da gestação.
Segundo essa revisão sistemática não há indicação de interrupção rotineira da gravidez. Todo caso deve ser individualizado e descartado todos os fatores de risco a gestação pode ser mantida com controle clínico.
Quando a conduta conservadora é adotada, uma das estratégias para aumentar o índice do líquido amniótico é a hidratação oral materna com pelo menos 2L de água.
Outra estratégia proposta para aumentar o volume do líquido amniótico é a imersão subtotal da paciente em água, à temperatura de 34 ºC, por período de tempo variável. Vários estudos destacaram a validade do banho de imersão por tempo de 30 a 60 minutos, havendo incremento do ILA de 50 a 60%.
Caso haja persistência do quadro de pouco líquido, a interrupção da gravidez deve ser considerada através de uma indução de parto.
Então se você estiver no final da gravidez e receber o diagnóstico de pouco líquido, certifique-se que é um fator isolado. Se algum obstetra e/ou ultrassonografista vier te assustar com essa falsa indicação de cesárea, corra. Procure uma segunda opinião, discuta as condutas, e lembre-se: o parto normal, mesmo que seja necessária a indução, é mais saudável para você e o seu bebê e não coloca vocês em riscos desnecessários.
Até a próxima,
REFERÊNCIAS:
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Olá Laís! Adorei seu blog. Também sou dentista. Você está fazendo um trabalho lindo. Continue!! ;D
Oi Sidneia! Muito obrigada pelo comentário! Esse estímulo é importantíssimo pra gente seguir em frente! Obrigada, de coração! <3
Que trabalho maravilhoso!!!!! Parabéns