Quando o assunto é parto normal, muita gente se confunde com esses nomes. Afinal, qual é a diferença entre parto normal, parto natural e parto humanizado? Precisa ser em casa? Pode usar anestesia? Como escolher o tipo de parto que eu quero pra mim????
Vou abordar essas e outras dúvidas no post de hoje, vem comigo!
Nesse post você vai encontrar
Parto normal é simplesmente aquele parto no qual o bebê sai pela vagina da mãe. Ou seja, sempre que o bebê tiver nascido de forma não cirúrgica, se diz que o nascimento ocorreu por meio de um parto normal (também chamado de parto vaginal).
O parto normal pode ocorrer de forma natural, sem o uso de instrumentos e medicamentos, ou não. A mulher pode necessitar induzir o trabalho de parto, ou solicitar o uso de anestesia, por exemplo, dentre diversas outras intervenções possíveis.
A questão é que o parto normal, em grande parte das vezes, de normal não tem nada!
Muitas vezes, durante o trabalho de parto, a mulher acaba sendo submetida a diversas intervenções, sem que tenham sido respeitados seus direitos e desejos. Por exemplo, gritar com a parturiente, forçá-la a parir amarrada na maca, realizar o famoso ”cortinho” no períneo (episiotomia), empurrar a barriga (manobra de kristeller)… Todas essas intervenções são formas de violência obstétrica e, muito embora não tenham qualquer respaldo científico, infelizmente ocorrem aos montes em partos ”normais” pelo Brasil afora.
O parto natural, também chamado de parto fisiológico, é o parto normal que respeita os processos naturais da mãe e do bebê. Nesse caso, a mulher opta por não ter intervenções médicas. O trabalho de parto inicia somente quando o bebê estiver pronto para nascer, a mulher tem liberdade para se movimentar, se alimentar e escolher a melhor posição para parir¹.
Vou falar sobre algumas das posições mais comuns em um trabalho de parto daqui a pouquinho, nesse mesmo post ?
Parto humanizado, por vezes também chamado de parto respeitoso, é o nome que damos quando as condutas são baseadas em evidências científicas e os desejos e direitos da mulher e do bebê são respeitados. É importante também que a gestante esteja munida de informações de qualidade para poder tomar suas decisões de forma consciente. Por exemplo, não é honesto com a mulher omitir os malefícios de determinada intervenção, apenas para que ela consinta com essa prática, não é mesmo? Para isso é importante que a assistência como um todo seja humanizada, e não somente o parto.
Recentemente circulou pela rede a notícia de uma famosa que disse ”não fazer a linha do parto humanizado”. Ora, mas se ter um parto humanizado significa que as escolhas da mulher serão respeitadas, o que ela deseja é ser desrespeitada no seu parto? Sendo que se ela for desrespeitada, automaticamente o desejo dela terá se concretizado, então não estaria ela sendo respeitada, mesmo sem querer (o que na realidade foi o que ela disse que queria)? Confuso, né…
O parto humanizado pode ser planejado para ocorrer em casa, mas isso não é obrigatório! Também é possível que a mulher tenha um parto humanizado em casas de parto, ou até mesmo em hospitais, por que não? Basta que os recursos médicos sejam utilizados somente quando forem necessários ou a pedido da mulher, e não como um procedimento de rotina da instituição ou do médico. Salvo restrições, no caso de gestações que apresentem algum fator de risco adicional, o local ideal para que a mulher tenha seu parto é aquele local onde ela se sente mais segura e confortável.
Fora esses três nomes mais comuns que falei acima, você também já pode ter ouvido algumas outras expressões como parto de cócoras, parto na água… A seguir vou fazer um breve comentário sobre mais alguns desses ”tipos” de parto:
Parto deitada: A posição deitada com a barriga pra cima (também chamada de litotomia, posição supina, posição ginecológica ou decúbito dorsal) é a mais vista em filmes e novelas, mas está longe de ser a posição ideal para se ter um bebê.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso rotineiro dessa posição durante o trabalho de parto é uma conduta claramente prejudicial ou ineficaz, que deveria ser eliminada. Isso acontece por que essa posição pode interferir no progresso do trabalho de parto, causar mais dor à mulher e até mesmo aumentar a incidência de alterações nos batimentos cardíacos do bebê².
Mas atenção: isso também não quer dizer que a mulher não possa se deitar nunca ao longo do trabalho de parto! Ela pode, e deve, se essa for a vontade dela, se ela quiser descansar, ou se tiver algum motivo clínico para tal. O grande problema é a imposição dessa posição à mulher por longos períodos.
Parto vertical e parto de cócoras: As posições verticais apresentam benefícios, tanto na fase da dilatação³ quanto no expulsivo⁴. Entre os benefícios já estudados estão: menor duração do trabalho de parto, menos dor, menor uso de peridural, menores taxas de episiotomia, menos partos instrumentais e menor chance de que o bebê precise ir para a UTI.
Por que isso ocorre? Conforme explicado no livro Parto Ativo⁵, quando a mulher assume uma posição vertical, seu útero trabalha a favor da gravidade, e não contra ela, por isso as contrações acabam sendo mais efetivas. A gravidade também favorece o posicionamento da cabeça do bebê sobre o colo do útero, o que contribui para o avanço da dilatação.
Além disso, ao assumir essa posição, as articulações da pelve ficam livres para se movimentarem, aumentando o espaço interno em cerca de 30% (ou ainda mais, se a mulher estiver de cócoras). Já quando a mulher relaxa sentada ou semi-sentada, o peso se concentra no cóccix, restringindo parcialmente a mobilidade das articulações.
Parto na banqueta: A banqueta de parto nada mais é do que um utensílio para auxiliar a mulher a se manter na posição de cócoras. Ela pode ser interessante para que a gestante tenha o conforto de saber que poderá contar com esse auxílio, caso deseje manter a posição de cócoras durante o parto. Contudo, vale lembrar que ao sentar relaxada sobre o cóccix, as articulações não ficarão tão livres. Nesse caso, especialmente para o expulsivo, é interessante inclinar o tronco, a fim de aliviar a pressão no cóccix.
Parto na água: Quando o local escolhido para o parto tem uma banheira disponível, a imersão em água morna é uma das escolhas mais comuns entre as gestantes.
As principais vantagens apontadas para o parto na água são redução de dor e maiores chances de preservação do períneo⁶.
Contudo, embora a maioria dos estudos relate que a imersão em água morna não aumenta os riscos ou a duração do trabalho de parto, algumas mulheres relatam diminuição da progressão, ou até mesmo alteração nos batimentos cardíacos do bebê⁷. Isso quer dizer que o parto na água é perigoso? NÃOOOO, de forma alguma!! Porém é importante ter em mente que a imersão é um recurso poderoso, que deve ser utilizado com parcimônia, e sempre sob supervisão da equipe.
Aqui vem a pegadinha desse post ?
Não tenho como te ajudar a escolher um tipo de parto. O principal não é dar um rótulo ao parto que você quer ter, mas sim se informar e entender como você espera que o seu parto ocorra. Fora que essas decisões também podem mudar a qualquer momento, inclusive durante o próprio parto! Você não é obrigada a mantê-las até o final! Seu corpo, suas regras.
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Coisa linda de texto! Informativo, sucinto e divertido! Amei!
Texto ótimo! MTA informaçao de forma leve e divertida! Adorei!
Amei seu texto!!! Muito objetivo e informativo!! Vou compartilhar ?
Muito divertido, Bia!
Leitura leve e agradável sobre um assunto tão polêmico em tempos de retomada do protagonismo da mulher na cena do parto.
Lindo trabalho. <3