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Parto Domiciliar: O que saber sobre Parto em Casa

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Se você deseja um parto domiciliar, vem entender o que você precisa saber sobre o parto em casa. Essa preparação começa com o desmistificar o parir em casa como algo perigoso e termina ao apresenta-lo como seguro e possível. Para ter um parto domiciliar é necessário tomar uma bela dose de informação de qualidade.

Confere abaixo algumas informações sobre o parto domiciliar:

1. “Parto em casa é seguro”

Ter um parto em casa é seguro desde que você siga os pré-requisitos de segurança: ser uma gestante de risco habitual, estar com uma equipe

Bruna Pedrosa, em seu Parto Domiciliar.

qualificada pra assistir ao parto normal e a possíveis intercorrências, e ter um plano B para o caso de transferência para maternidade.

Entenda os três pontos de forma prática: se a sua gestação é de alto risco e você vai para um parto em casa, o parto domiciliar se torna arriscado. Ter um parto normal ainda é possível, mas é recomendado que aconteça em uma maternidade. Se você tem a gestação de risco habitual, mas não tem profissionais pra estar contigo em casa, seu parto domiciliar se torna arriscado. Ter os profissionais ali não é para você se sentir capaz, mas para que -se houver uma necessidade- eles possam cuidar da tua saúde e da do teu bebê. Se você tem os dois, mas não tem uma maternidade de referência para seguir em caso de necessidade, seu parto domiciliar se torna arriscado (apesar de que, sabemos que a realidade é diferente em cidades afastadas de maternidades com equipe especializada).

2. “Parto em casa é um parto sozinha”

O nome disso é parto desassistido. Como dito antes, é importante ter profissionais qualificados pra assistir ao parto domiciliar. É essencial ter profissionais para monitorar o bem estar de mãe e filho – e intervir, se necessário. Por exemplo, em caso de hemorragia pós-parto, mesmo que a equipe não possa fazer todo atendimento ali, ela pode dar os primeiros socorros e encaminhar ao hospital. Em caso de laceração, a equipe pode fazer a assistência ali mesmo, na casa da família. Se o bebê tiver alguma questão ao nascer, a equipe saberá como socorrer.

3. “Parto humanizado é parto domiciliar”

O parto humanizado é um parto onde a assistência respeita o protagonismo da mulher, presta assistência baseada em evidências científicas e é prestada por uma equipe multiprofissional. Independente do local onde ele acontece. Seja em uma maternidade, casa de parto ou na casa da família. Um parto pode ser humanizado no hospital e não ser humanizado numa casa. Tudo depende dessa assistência.

Leia também TOP 15: Verdades e Mentiras sobre o Parto Normal

Foto: @mallubarletta

4. ” A equipe mínima para um parto domiciliar é composta por duas pessoas qualificadas”

Verdade. Para um parto domiciliar, é necessário uma equipe mínima. Essa equipe é composta por 2 profissionais qualificados para assistência ao parto normal e preparados para intervir em casos de intercorrências de saúde. São reconhecidos como profissionais capazes de dar assistência ao parto normal médica obstetra, enfermeira obstetra e parteira.

5. “Parto Domiciliar é caro”

Isso depende do teu parâmetro e teu contexto. Por exemplo: existem pessoas que não podem pagar, pois não tem o dinheiro para cobrir o parto em casa – mesmo que facilitem a forma de pagamento- e existem pessoas que podem pagar, mas não querem investir seu dinheiro nisso. O valor de um parto em casa varia com a região onde você mora, a equipe e pacote oferecido. Por exemplo, em Recife, a assistência de um parto domiciliar com equipe mínima de 2 profissionais, com consultas pré-natais e pós-parto está entre 3 mil e 6 mil reais.

6. “E se precisar de cesárea?!”

Se precisar de cesárea, receberá uma cesárea – e ela será feita em uma maternidade! Durante o parto em casa, a mulher e o bebê são monitorados.  Percebida alguma alteração no bem estar de um ou outro, a família é transferida para a maternidade de referência e a assistência ao parto continua lá. A maioria dos bebês transferidos para maternidade segue em um parto normal hospitalar.

Segundo as Diretrizes de Assistência ao Parto Normal, do Ministério da Saúde, é importante assegurar que todas as mulheres que optarem pelo planejamento do parto fora do hospital tenham acesso em tempo hábil e oportuno a uma maternidade, se houver necessidade de transferência.

Ou seja, não necessariamente uma cesárea, mas qualquer sinal de que é preciso dar mais atenção à mulher ou ao bebê, é preciso ter uma maternidade de referência.

Leia também: TOP 15: Verdades e Mentiras sobre a Cesárea

7. “Doula faz Parto Domiciliar”

Não, nunca, jamais. Doula não ocupa o lugar de profissional capacitado pra assistência ao parto normal, como parteira, enfermeira obstetra, obstetriz ou médico obstetra. Não existe hoje uma legislação nacional que regulamente a atuação da doula (apesar de estarmos no Código Brasileiro de Ocupações), porém a maioria das legislações municipais e estaduais da profissão apontam que a doula não pode fazer procedimentos clínicos e médicos, como aferir pressão, medir temperatura, medir dilatação e auscultar batimentos fetais. Ou seja, mesmo que a doula seja enfermeira obstetra, ela não pode prestar o suporte ao parto no papel de responsável por essa assistência. Ou uma coisa, ou outra.

8. “Depois de um Parto Domiciliar, não precisa ir à maternidade”

Verdade verdadeira! Após um parto em casa, só é necessário ir à maternidade em caso de alteração no bem estar da mãe ou do bebê que necessitem de suporte que a equipe de parto domiciliar não pode oferecer plenamente em casa. Em caso de laceração, por exemplo, os graus mais comuns (I e II) são atendidos na casa mesmo enquanto as lacerações mais elevada (e menos comuns de acontecer) são atendidas em maternidade.

9. “Pagar equipe de parto domiciliar não garante parto em casa”

É isso mesmo: pagar uma equipe não te garante o parto em casa. Ninguém pode garantir um parto normal, muito menos o local do parto! Toda assistência ao parto, quando bem prestada, considera o bem estar da mulher e do bebê como guia para a condução do nascimento. Se há alguma alteração que indique necessidade de assistência que não pode ser prestada em casa, a transferência é recomendada. Como dito antes, a maioria dos partos domiciliares que segue para o hospital termina em um parto normal hospitalar (e não numa cesárea).

10. “Parto em casa vale o investimento”

É subjetivo, mas sim: parto domiciliar é um investimento inteligente. O nascimento de um filho é um momento que fica marcado pro resto da vida, não só física, mas emocional e afetivamente. Entre as motivações que levam mulheres a buscarem pelo parto domiciliar, está o medo de passar por violência obstétrica (condutas desnecessárias e/ou violentas). Investir em um parto domiciliar é investir numa experiência mais positiva de nascimento.

Nana Andrade em seu parto domiciliar. Foto: @mallubarletta

Se seu desejo é ter um parto em casa, procure se informar sobre o contexto da sua região.  Uma boa opção é frequentar rodas de conversa para grávidas, em especial as guiadas pelas equipes de parto domiciliar ou por doulas. É importante considerar que a prática do parto domiciliar não é bem vista por alguns profissionais e nem todos são embasados em informações científicas em seus argumentos.

 

Referência:

Parto domiciliar: direito reprodutivo e evidências, de Melânia Amorim (Clique aqui)

Parto domiciliar planejado: resultados maternos  e neonatais, de Priscila Colacioppo et al. (Clique aqui)

Diretrizes de Assistência ao Parto Normal, do Ministério da Saúde (Clique aqui)

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Doula Malu Moraes (Recife - PE)

Sempre fui encantada pelo parto normal e amamentação. Quando tive meu primeiro filho eu queria viver isso plenamente, mas tive um parto roubado sem esforço e daí começou a inquietação que trago comigo até hoje. Estudei, conheci, vi as possibilidades do nascer humanizado. Meu caçula chegou de uma forma diferente: um vbac domiciliar planejado. Com a chegada dele transformei a inquietação em energia para ser suporte para outras pessoas que desejam e acreditam, como eu, num gestar e parir com respeito, amor e acolhimento.

Em 2017, comecei minha jornada profissional e hoje sou doula, educadora perinatal, apoiadora em aleitamento. Meu objetivo é levar informação de qualidade numa linguagem simples e clara para as pessaos que desejam experiências positivas na chegada de seus filhos. Você pode conferir no instagram Malu Doula um pouco mais desse trabalho.

Também integro a Rede Koru, coletivo de doulas que trabalha com rodas de conversa abertas ao público e também com doulagem coletiva, uma modalidade especial do acompanhamento.

Gostasse? Clica aqui que te falo como trabalho presencial e virtualmente.

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