Falar em parto ativo é assumir que a mulher tem capacidade fisiológica para parir por si só. O parto ativo pode ser compreendido em três níveis: O nível muscular, que corresponde ao que é físico, às posições possíveis para parir, como os benefícios da força da gravidade que podem tornar o parto menos dolorido e aumentar a passagem para o bebê; o nível que se aprofunda no processo fisiológico e nos permite entender o parto como um processo mental, quando entendemos que para a mulher parir ativamente ela precisa evocar seus hormônios naturais, o que se torna possível quando o ambiente colabora para isso; e por último, o que eu gostaria de dar uma atenção especial aqui neste texto, o nível social.
Nós mulheres fomos ensinadas a aceitarmos um papel passivo sobre os nossos corpos, aprendemos a acatar aos saberes médicos sem entender a sua aplicação em nosso caso e muito menos sem questioná-los. Aceitamos os médicos agirem sobre os nossos corpos, nos nossos partos, acreditando que receber essa atenção de forma paciente é a nossa escolha mais segura. Com isso, perdemos a nossa autonomia, nosso poder de escolha, fragilizamos o potencial de sentir o nosso próprio corpo.
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Parto ativo é muito mais do que movimentar o corpo, é uma forma de propagar que a mulher tem capacidade e tem direito de estar no domínio de suas escolhas. Pensar o parto ativo é resgatar a conexão mente, corpo e natureza, respeitando o parto como processo fisiológico que de fato é. É entender a importância do protagonismo da mulher.
A educadora perinatal Janet Balaskas escreveu no livro “Parto Ativo” que quando a mulher escolher por esse tipo de parto ela estará resgatando o seu poder como parturiente, como mãe e como mulher. Assim entendemos que essa escolha pode trazer consequências positivas que vão além do momento do parto. Tais benefícios podem ser no âmbito físico, emocional e na relação mãe-bebê.
Para que isso seja possível a primeira coisa a ser feita é se munir de conhecimento, afinal de contas você só conseguirá se movimentar conforme o melhor para você quando descobrir o que de fato é o melhor para você.
Você precisa buscar informações baseadas em evidências para saber distinguir entre o que de fato procede e o que precisa ser desmistificado, assim quando seu médico te indicar algo sob a justificativa de ser algo benéfico para você ou o seu bebê você saberá se isso é realmente verdade. Entender a fisiologia do parto, sabendo reconhecer os acontecimentos que são comuns, o que te ajudará a encarar esse momento com mais segurança.
Chegar ao momento do parto insegura, cheia de medos pelo desconhecido, pode inibir os hormônios que atuam no trabalho de parto aumentando as chances de intervenções. Além disso, pode te deixar passiva perante as condutas indesejadas. Por isso, estude, se prepare e prepare também a pessoa que te acompanhará nesse momento, afinal, ela poderá ser o seu porta voz; mas entenda bem, esse acompanhante é porta voz dos seus desejos, nenhuma vontade pessoal dele deve sobressair ao que você planejou para o momento do seu parto.
O parto tem potencial para ser instrumento de resgate da conexão com o seu corpo, tem potencial para te revelar todo o seu poder, te mostrar que você pode ir muito além dos limites que imagina. Movimentar o corpo e nesse movimento encontrar novos alcances, de onde você entenda que no seu parto você pode ter voz ativa.
Se você quiser dançar durante o seu trabalho de parto ou quiser permanecer bem quietinha, concentrada em você e no seu bebê, você pode! Se quiser ficar em posição de cócoras, de quatro apoios, sentada, em pé ou de joelhos durante o expulsivo, você pode! Você saberá que pode se entregar ao momento em toda a sua intensidade, porque seu corpo é fisiologicamente preparado para isso, você se preparou emocionalmente para isso e você tem esse direito!
Referências:
Representações sociais e decisões das gestantes sobre a parturição: protagonismo das mulheres http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902011000300005&lang=pt
Parto ativo, de Janet Balaskas. Editora Ground, 3° edição.
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