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Os caminhos do trabalho de parto: Fase ativa

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    Foto de Iluminar Partos – Clara Fernandes – @iluminarpartos

O trabalho de parto está avançando, chegamos agora na fase ativa. Se você não leu o texto anterior sobre a fase latente do trabalho de parto (a primeira fase), recomendo que leia antes (leia aqui) para compreender melhor todo o processo pelo qual você irá passar.

Fases do Trabalho de Parto

Agora é de certeza, o trabalho de parto engrenou de vez e o bebê vai nascer em algumas horas! Senta, toma um chazinho e vamos juntas conhecer essa fase que é tão aguardada por todas as gestantes. ?

O que é a fase ativa no trabalho de parto? Como acontece?

 O nome já diz: fase ativa. É o momento de não ficar parada durante as contrações e sim se movimentar.

Imagem Google

As contrações agora são efetivas, intensas e constantes, tem ritmo e regularidade, costumam durar mais de 1 minuto e vem em um intervalo de 3 minutos ou menos, isso acontece porque nesse período a mulher tem picos de ocitocina (hormônio do amor, o mesmo hormônio que liberamos quando temos um orgasmo, comemos um alimento que gostamos muito ou abraçamos quem amamos).

Você já tinha certa dilatação (mais ou menos 5 cm), o bebê na fase ativa costuma descer mais através da pelve, fazendo mais pressão sobre o colo do útero, costuma ser a parte mais dolorida do trabalho de parto, mas também é nessa fase que a dilatação se completa.

Na fase ativa é esperado que as mulheres fiquem introspectivas, falem pouco, fiquem a maior parte do tempo de olhos fechados. Isso acontece por que para o trabalho de parto fluir é necessário que o neocórtex (parte do cérebro responsável pelo nosso entendimento, razão, memória, linguagem e percepção) esteja “desligado” (é por esse motivo que as mulheres depois do parto não se lembram direito quantas horas passaram em trabalho de parto, o que falaram ou lhes foi dito naquele momento, os acontecimentos ficam muito vagos na lembrança da mulher).

Foto de Iluminar Partos – Clara Fernandes – @iluminarpartos

Para o neocórtex se desligar é necessário criar um ambiente propício a isso. Então cabe a mim como Doula, ao acompanhante, família e equipe cuidarem disso para você, veja abaixo como:

  • Pouca luminosidade;
  • Mínimo possível de conversas e barulho; Silêncio é ouro nesse momento!
  • Temperatura no ambiente agradável;
  • Liberdade para se expressar, movimentar e vocalizar;
  • Ambiente onde você se sinta segura e protegida.

O parto e nascimento são momentos primitivos, desligue o racional e se entregue aos seus instintos sem medo ou vergonha, neste momento o mais importante é você ouvir seu corpo pois ele sabe o que fazer.

Foto de Iluminar Partos – Clara Fernandes – @iluminarpartos

As ondas (contrações) agora serão intensas, mas a parte boa é que mais forte que isso não irão ficar, e tente não pensar na dor como algo ruim que você vai sofrer, pense na dor como algo que ajudará você a parir seu bebê, a trazer seu bebê para os seus braços.

Você entrará na famosa “partolândia” é um estado alterado de consciência, um mergulho interior e muito íntimo vivido por todas as parturientes, é você voltada para dentro de você, é desse mergulho que você irá emergir com seu bebê nos braços.

O que posso sentir nessa fase?

 

Foto de Iluminar Partos – Clara Fernandes – @iluminarpartos

 

  • Dores mais fortes na lombar ou ainda no baixo ventre;
  • Vontade de fazer côco, náusea e vômito (são bons sinais, o corpo está trabalhando e “se limpando” para o parto);
  • Sensibilidade a barulhos e conversas (lembre-se que o corpo pede silêncio);
  • Vontade de vocalizar (além de ajudar a aliviar a dor, faz com que a vagina relaxe).

 Uma dica bem bacana é você ou seu(sua) acompanhante baixar um aplicativo no celular de contar contrações, esses aplicativos contam o tempo de uma contração, o intervalo entre elas, e a média de intervalo em um certo período, assim vocês terão uma ideia de como está evoluindo o trabalho de parto e o momento mais adequado para ir ao hospital.

Siiiiiiiiimmm, é na fase ativa o momento de ir ao hospital! De agora em diante é muito difícil que o trabalho de parto “trave”, então a troca de ambiente (sair de casa e ir ao hospital) dificilmente irá atrapalhar a evolução do se trabalho de parto.

Para ter certeza, o acompanhante pode durante uma hora contar as contrações, se nessa uma hora você tiver 3 contrações a cada 10 minutos ou se elas estiverem com intervalo de 3 minutos ou menos, com duração de 1 minuto ou mais, é hora de ir, pois a partir desse momento no trabalho de parto, você e seu bebê precisam começar a ser monitorados.

Não precisa sair correndo, com calma, se arrumem, peguem as malas, os documentos e exames do pré natal e sigam para o local do parto.

Lembrando sempre de ficar atentos aos sinais de alerta: você deve observar os movimentos do bebê (ele não deve ficar mais de 1 hora sem se mexer), se sair muito sangue (como se fosse uma hemorragia), vá ao hospital o quanto antes! 

Como lidar com a fase ativa do trabalho de parto?

 

Foto de Cat Fancote via birthphotographyperth.com.au

É comum eu ouvir das mulheres durante a fase ativa que “elas não irão conseguir”, que “não vão aguentar” e a minha resposta é sempre a mesma:

Claro que você vai, você já chegou até aqui!

 Uma frase simples, mas que dita em um momento de fragilidade como esse pode significar muito. Apoio seria a primeira dica, é muito importante ser apoiada e respeitada em todo o processo. Se cercar de pessoas e profissionais que apoiam o parto é fundamental.

Respire: Quando nos concentramos em respirar lenta e profundamente, nosso corpo tende a relaxar, faça o teste, vá treinando (puxe o ar profundamente e solte devagar com a boca relaxada). No trabalho de parto, quando você sentir a contração vindo, respire, vive uma contração de cada vez;

Receba massagens: Durante as contrações massagem em movimentos circulares com a mão na lombar costumam aliviar muuuito a dor da contração, no intervalo entre elas, uma massagem nos ombros pode te ajudar a relaxar e não tensionar essa região;

Foto de Cat Fancote via birthphotographyperth.com.au

Banho quente, compressa ou banheira: a água quentinha relaxa o corpo e em quase todas as mulheres sempre gera alívio das contrações, use e abuse dela;

Assuma posições verticais, rebole, agache;

Os hospitais mais atualizados nas evidências científicas costumam ter disponível para as parturientes bola suíça (bola de pilates), cavalinho, banqueta de parto. São ferramentas que auxiliam na evolução da dilatação, ajudam a descansar entre as contrações e também podem aliviam as contrações.

Tudo que falei acima são possibilidades que você tem a disposição no trabalho de parto, a única forma de saber o que realmente vai te ajudar de fato, é ir testando cada ferramenta durante as contrações, até mesmo o que te ajudar em um determinado momento pode não mais fazer efeito em outro, conforme o trabalho de parto for evoluindo. Mas fique tranquila, pois é função da Doula e do(da) acompanhante te auxiliar a encontrar o melhor caminho.

Dilatei 10 cm, e agora?

Qual o próximo passo?

Agora falta apenas uma única fase do trabalho de parto para você estar definitivamente no parto, é a fase de transição. No próximo texto da série os caminhos do trabalho de parto, vou compartilhar com você informações a respeito dessa fase que costuma ser a fase mais confusa do trabalho de parto e também a que te deixa mais próxima do seu bebê.

Restou alguma dúvida quanto a fase ativa? Preenche o formulário abaixo e a gente troca informações! <3

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScbAAswBUDhKFpX3YfPPpkiCpQqpfZwZ2EmObOU2VGmw-_9fg/viewform?usp=sf_link

Abraço, Julia Agnes.

 

Referências:

GUIMARÃES, Alberto. Parto sem medo. São Paulo: Editora Mulheres que decidem, 2016. 

Guia da gestação ao puerpério: http://jessicascipioni.s3.amazonaws.com/Guia+da+gestação+ao+Puerpério+-+como+viver+cada+fase+com+mais+leveza.pdf

BALASKAS, Janet. Parto ativo: guia prático para o parto natural (a história e a filosofia de uma revolução). Tradução: Adailton Salvatore. São Paulo: Editora Aquariana Ltda, 2015.

BIO, Eliane. O corpo no trabalho de parto: o resgate do processo natural do nascimento. São Paulo: Summus editorial, 2015.

Influência da mobilidade materna na duração da fase ativa do trabalho de parto: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v28n11/a07v2811.pdf

 

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Doula Julia Agnes (Grande Florianópolis e Itajaí - SC)

Sou natural de Florianópolis e aqui me tornei Doula em 2017. Presto auxílio na gestação, parto e pós parto e sou facilitadora do aleitamento materno. Sou fundadora e artesã da By Dinda Enxovais e cofundadora do Grupo Grão do Ventre.

Mulher em construção e desde criança nutro muita curiosidade no processo de gestar e parir. Sou apaixonada por nascimentos e milito pelo direito das mulheres de terem seus desejos respeitados e que seus filhos(as) possam nascer de uma forma amorosa e suave.

Atuo na Grande Florianópolis e região de Itajaí/SC.

Telefone: (48) 99805-7430

E-mail:  juliaagnesdoula@gmail.com

Instagram: @doulajuliaagnes

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