Posição fetal é o posicionamento que o bebê assume dentro do útero materno. Quando nos referimos a este termo, podemos, na verdade, levantar informações sobre a situação (longitudinal, transversa, oblíqua), a apresentação (cefálica, pélvica, córmica) e a posição (esquerda, direita) em que o bebê se encontra.
O bebê pode assumir diversas posições dentro do útero, principalmente quando é pequeno e tem muito espaço. Mas com o avançar da gestação ele tende a assumir posições mais confortáveis conforme a limitação do espaço. Algumas delas podem facilitar o processo do parto.
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A apresentação fetal é a parte do corpo do bebê que se coloca abrindo caminho para o canal vaginal. Ela pode ser avaliada pela palpação abdominal da gestante, pela ausculta do bebê, pelo exame de toque e pelo ultrassom. É a variável mais utilizada para falar sobre a posição fetal e as principais apresentações são:
Cefálica – quando a cabeça do bebê está voltada para baixo e o restante do corpo para cima. É a mais comum para o nascimento, correspondendo a 96% dos casos. A maioria dos bebês adota essa posição até a 36ª semana de gestação, mas alguns demoram um pouco mais ou, às vezes, simplesmente não dão a tão esperada cambalhota.
Pélvica – mais conhecida como bebê sentado, é quando o bumbum do bebê está para baixo. Corresponde a 3,5% dos casos. Nessa condição é possível fazer exercícios e a VCE (Versão Cefálica Externa) para girar o bebê e reposicioná-lo na cefálica ou mesmo acontecer o parto, se o profissional ou equipe forem habilitados para esse tipo de assistência .
Córmica – condição mais rara, correspondendo a 0,5% dos casos. É quando o bebê está deitado, atravessado no útero. Quando isso acontece e o bebê não gira até o fim da gestação é possível tentar também a VCE, mas se não houver sucesso nessa manobra a cesárea torna-se obrigatória. É uma das indicações absolutas de cesariana.
Ao final da gestação é esperado que o bebê assuma a apresentação cefálica, também considerada como a posição ideal para o parto, por ser a mais segura. Partindo disso, é possível favorecer um melhor posicionamento fetal praticando exercícios, desde a gestação, para criar espaço para que o bebê gire.
“Mãos à obra para prevenir cesáreas, intervenções e traumas.” (Maíra Libertad)
É o que propõe a abordagem Spinning Babies! Focar na fisiologia do parto, favorecê-la, para que o bebê encontre um melhor posicionamento. A ideia é garantir que a mulher tenha mais conforto desde a gestação e um parto mais fácil.
Para esta abordagem não existe um posicionamento fetal ideal, ótimo. O bebê vai achar o melhor posicionamento para ele, conforme o espaço proporcionado e seu conforto. O que trabalhamos com ela é uma forma de estimular a flexibilidade da pelve da mulher e facilitar a rotação do bebê.
Se antes me bastava saber a situação, a apresentação e a posição do bebê durante a gestação e principalmente durante o trabalho de parto; agora eu tenho mais elementos para auxiliar na minha observação, no meu entendimento e na minha atuação como doula.
Variáveis como flexão/deflexão, sinclitismo/assinclitismo, rotação, plano da apresentação. Tudo isso me conta a história desse bebê, os obstáculos que ele pode ter encontrado dentro do útero. E ao invés de encarar como um problema, vejo uma oportunidade para ação; é um sinal de que esta dupla mãe-bebê precisa de uma ajuda diferente.
Tá. Mas peraí! Como a doula pode avaliar isso tudo?
É, essa avaliação não é papel da doula! Mas a gente aprende também a observar a equipe técnica na assistência ao parto. Vez ou outra eles soltam algumas informações, a gente percebe que durante a ausculta o aparelho precisa ser colocado do outro lado ou mais embaixo e quando estabelecemos um bom vínculo com a equipe, é possível até perguntar tudo isso.
Aprendi ainda que não basta fazer qualquer movimento para ajudar esta dupla, o que vai me guiar para sugerir o movimento é o plano da pelve em que o bebê se encontra. Se antes as opções eram caminhar, agachar, subir escadas; agora existe um refinamento dos movimentos baseado no plano da apresentação fetal.
“O bebê se desloca para se encaixar na pelve como uma peça de quebra-cabeça sendo colocada perfeitamente no lugar. Promova a abertura da pelve de acordo com a técnica e/ou posição da mãe que permita abrir o plano da pelve em que o bebê está. É provável que o bebê gire e desça – ou é mais provável que consiga descer mesmo sem conseguir girar – se as contrações estiverem fortes e regulares.” (Spinning Babies)
Isto posto, não é pra interferir em todos os partos, utilizando todos os exercícios e técnicas propostos pelo Spinning Babies. Aquela velha máxima “menos é mais” é sempre válida aqui! O convite para ação é para promover conforto (desde a gestação), os casos de mau posicionamento fetal, parada de progressão do trabalho de parto, parada de descida do bebê. No mais, respeite o tempo do parto/nascimento, lembre-se que o corpo feminino é perfeito e confie que a mulher é capaz de parir.
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