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Criado no século XVI por Peter Chamberlen, o fórceps passou a ser utilizado em partos com dificuldade de descida do bebê e em natimortos. Inicialmente o fórceps era introduzido no canal da mãe com a finalidade de puxar o bebê desde a saída do útero até o completo nascimento, daí surgiu a expressão bebês nascidos a ferro.
O fórceps criado pelo Chamberlen consistia em um tipo de par de colheres de metal reto e alongado o suficiente para percorrer todo o canal vaginal até o útero da gestante.
No final desse mesmo século, o obstetra William Smillie realiza algumas modificações no forceps, separando as hastes, possibilitando assim um melhor posicionamento para a retirada do bebê, mas ainda mantinha a técnica de introduzir o instrumento até o útero.
De la pra cá o fórceps, sofreu algumas alterações em relação ao tamanho e curvatura e juntamente com a alteração física do fórceps, também ocorreu alterações na técnica aplicada.
Evidências científicas recentes, mostram que a necessidade de um parto instrumental é baixa, menos de 4% dos partos irão precisar de instrumentação e esse índice vem diminuindo cada vez mais com a prática das novas diretrizes e recomendações da Organização Mundial da Saúde.
O uso de instrumentos no parto se aplica em casos de complicações na evolução do trabalho de parto no período expulsivo, como:
A técnica aplicada hoje é conhecida como “fórceps de alívio”, visa apenas auxiliar o melhor posicionamento da cabeça do bebê que já está no canal de parto. O fórceps fará alguns ajustes ou pouca tração para a descida adequada da cabeça do bebê.
Riscos a mãe/bebê: Por se tratar de um instrumento de metal, o fórceps pode causar lesões na parede do canal vaginal, dor perineal no pós parto, incontinência urinária e de flatos, lesões e hematomas no rosto ou cabeça do bebê, em casos raros pode danificar temporariamente o nervo facial do bebê.
Hoje em dia, temos outras opções de auxílio (quando necessário), além do fórceps, como é o caso do Vácuo extrator e do dispositivo de Odón.
O Vácuo extrator ou ventosa: consiste em um aparelho com o formato de um semicírculo de silicone ligada a uma bomba a vácuo que vai ser acoplada nas fontanelas e “sugar” a cabeça do bebê, assim que estiver com a devida pressão negativa, o obstetra faz a tração para a saída da cabeça. A grosso modo, o vácuo extrator lembra um desentupidor
Riscos a mãe/bebê: Por ser menos invasivo o vácuo extrator, não causa lesões na parede do canal vaginal, mas não evita que ocorra lacerações do períneo no momento do nascimento, causa hematoma temporário na cabeça do bebê por conta da pressão negativa, céfalo-hematoma, em casos raros abrasões e lacerações do escalpe fetal, hemorragia sub-galeal
Veja a seguir o medico obstetra Braulio Zorzella, usando o vácuo extrator.
Video retirado do Instagram @brauliozorzella_obstetra
O dispositivo de Odón device, ainda está em estudo e está sendo testado na argentina e na áfrica do sul, por equipe de estudos da OMS. Esse instrumento, foi criado por um mecânico, inspirado por uma brincadeira de um colega ao tirar uma rolha de dentro de uma garrafa sem precisar quebrar a garrafa. Ao ver a maneira de como foi retirada a rolha, com uma sacola plástica, Jorge Odon, pensou em como um método semelhante poderia ser utilizado para auxiliar no nascimentos de bebês com alguma complicação no parto, sem ser tão traumático como o uso do fórceps.
Riscos a mãe/bebê: Ainda em estudo.
A escolha do instrumento depende muito dos recursos da instituição, familiaridade/habilidade do profissional, do posicionamento e altura em que o bebê se encontra e da avaliação individual de cada caso.
Recentemente o Governo publicou novas diretrizes para humanizar o nascimento através do Ministério da saúde, dentre as diretrizes e recomendações , o uso do fórceps está como um procedimento que deve ser evitado rotineiramente. Mas a alguns anos atrás, o seu uso era feito de forma indiscriminada, por comodidade médica a fim de apressar o nascimento do bebê e tal procedimento vinha acompanhado do combo: parto na horizontal, mulher deitada com pernas amarradas, manobra de Kristeller, realização de episiotomia(sem consentimento) para introdução do fórceps.
Não se engane se você pensa que o fórceps é utilizado apenas para abreviar o nascimento do bebê em partos vaginais. O uso do fórceps é bastante comum em cesarianas, sendo até mais utilizado do que no parto normal.
Um bom profissional atualizado, saberá respeitar a fisiologia do parto e intervir quando necessário.
Por essa razão, é importante a gestante buscar referências do possível obstetra escolhido, discutir essa questão com o médico nas consultas pré natal e elaborar um plano de parto.
Ter o conhecimento de um procedimento e saber os seus direitos, te dá o poder de escolha de uma forma consciente.
“Fórceps e vácuo podem não ser naturais ou românticos, mas quando bem indicados são salvadores. Fica a dica!” Melania Amorim – MD, PhD
Médica Ginecologista e Obstetra
Professora de Ginecologia e Obstetrícia da UFCG
Professora da Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil do IMIP
Pesquisadora – CNPq
Referências:
Diretrizes Nacionais da Assistência ao Parto Normal
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf
A História do Fórceps
https://www.academia.edu/10516611/Historia_del_f%C3%B3rceps_en_obstetricia
Vacuo extrator
http://www.scielo.mec.pt/pdf/am/v26n6/v26n6a04.pdf
http://estudamelania.blogspot.com/2015/03/parto-instrumental-forceps-e-vacuo.html
Dispositivo de Odon
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29526165
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Que esclarecedor Juh! Adorei ler , parabéns.
Obrigada querida. Que essa informação chegue ao maior número de mulheres, para que não precisem passar por essa intervenção sem necessidade.